Mensagem Bíblica

Paulo expulsa demônio de adivinhação de uma jovem em Filipos

Paulo expulsa demônio de adivinhação de uma jovem em Filipos

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 6 Minutos

E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu.” (Atos 16:16-18).

Nem sempre quando um espírito fala de Deus significa que ele seja realmente o Espírito do Senhor – “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus;” (I João 4:1-2).

Filipos foi a primeira igreja cristã fundada por Paulo em solo europeu e na época era uma cidade muito próspera que ligava Roma a Constantinopla, vista como o portão de entrada do oriente na Europa.

O espírito de adivinhação (greg. “puthon”) que possuía a jovem escrava (greg. “paidiske”) aparentemente estava ajudando Paulo e os outros irmãos dizendo que eles anunciavam a salvação e eram servos do Deus Altíssimo (hebr. “El Elyon”), nome geralmente usado pelos gentios e pagãos ao falarem do Deus Supremo ou do Deus dos deuses referindo-se ao Senhor Deus. Melquisedeque abençoou Abrão em nome do Deus Altíssimo (Gênesis 14:18-20, 22, Deuteronômio 26:19, Salmos 78:35).

Paulo notou algo de errado quando ela repetiu a mesma conduta por muitos dias, pois ele sabia que onde está o Espírito de Deus há liberdade (II Co 3:17) e se ela estava agindo de forma robotizada era porque o que estava nela não tinha procedência no Espírito Santo. O demônio que a dominava estava lhe humilhando, tirando sua vontade e capacidade de agir livremente com o ato de fazer adivinhação. Estava duplamente escravizada: física e espiritualmente. O que ela fazia era de procedência maligna porque estava possuída por um espírito de adivinhação maligno, o que era abominação ao Senhor (Levítico 19:26, Deuteronômio 18:10-14).

Observa-se que ao ser expulso o demônio a deixou sem se manifestar. Saiu em silêncio quando o apóstolo disse-lhe: “Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu”. A maioria das expulsões de demônios são silenciosas, eles não resistem ao poder do Espírito Santo que opera nos servos de Deus quando lhes ordena a saírem das pessoas oprimidas ou possuídas – “Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo.” (I João 4:4).

E, como o homem espiritual a tudo compreende e discerne porque tem a mente de Cristo (I Co 2:16), Paulo também percebeu a astúcia do diabo que, ao elogiá-los perante os moradores de Filipos, na verdade pretendia atiçar no coração deles a soberba para que se vissem como “homens especiais” e merecedores de pagamento pelas obras que faziam – violando a ordem de Jesus: “de graça recebestes, de graça dai.” (Mateus 10:8) -, o que contribuiria para que caíssem em ruína espiritual.

Interessante notar que Paulo não se via mais como pertencente à velha aliança nem se importava com o cumprimento da lei, pois se a lei ainda estivesse no seu coração ele teria ao menos cogitado que aquela jovem adivinha teria que ser apedrejada conforme mandamento da lei mosaica aos praticavam a necromancia e a adivinhação (Levítico 20:27). A feiticeira ou necromante de En-Dor consultada por Saul sabia que se fosse descoberta sua pena era a morte (I Sm 28:8-9).

Essa consulta ao poder das trevas foi um dos pecados estabelecido como uma das causas da morte de Saul diante dos filisteus (I Cr 10:13). Consultar espírito de adivinhação é um pecado contra a confiança no poder de Deus e também uma autoentrega voluntária da própria alma às forças das trevas para ser destruída pelo diabo. A renúncia explícita ao poder de Deus a quem busca essas adivinhações de espíritos demoníacos deixa esse tipo de pecador sem bloqueio do mal no dia da calamidade, acelerando o fim da sua vida.

Como a adivinhação que ela fazia dava grande lucro, certamente esse lucro iria aumentar pelo fato dela estar anunciando pelas ruas que Paulo e seus companheiros eram servos de Deus. A intenção do demônio era ganhar mais dinheiro fazendo propaganda com a obra do apóstolo Paulo, disfarçando a procedência maligna das suas adivinhações nas obras santas desses dois servos de Deus, porém foi tudo destruído pelo poder do Espírito Santo que operava na vida de Paulo.

Esta lição sobre o engano dos adivinhadores continua muito importante em nossos dias, pois vemos uma geração incrédula buscando essas mesmas adivinhações para se “guiarem” neste mundo, sem se darem conta, muitos por desconhecimento dos poderes malignos que os enganam por meio de promessas vãs e mentiras sutis, que caminham em direção ao abismo eterno.

Fujam dessa prática enquanto há tempo, buscando auxílio e ajuda no poder que só está na bondosa mão de Deus, pois esses espíritos imundos lhes trarão muito sofrimento que lhes farão pedirem até a própria morte. Isso é escuridão, trevas espirituais, diferentemente da luz e vida abundante que há em Cristo – “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (João 8:12).

*© Texto bíblico: ACF – SBTB