
Paulo expulsa demônio de adivinhação de uma jovem em Filipos
“E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu
ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual,
adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a
Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o
caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. E isto fez ela
por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em
nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu.” (Atos 16:16-18).
Nem sempre
quando um espírito fala de Deus significa que ele seja realmente o Espírito do
Senhor – “Amados, não creiais a
todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos
falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de
Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus;” (I
João 4:1-2).
Filipos foi a primeira igreja cristã fundada por Paulo em
solo europeu e na época era uma cidade muito próspera que ligava Roma a
Constantinopla, vista como o portão de entrada do oriente na Europa.
O espírito
de adivinhação (greg. “puthon”) que
possuía a jovem escrava (greg. “paidiske”)
aparentemente estava ajudando Paulo e os outros irmãos dizendo que eles
anunciavam a salvação e eram servos do Deus Altíssimo (hebr. “El Elyon”), nome geralmente usado pelos
gentios e pagãos ao falarem do Deus Supremo ou do Deus dos deuses referindo-se
ao Senhor Deus. Melquisedeque abençoou Abrão em nome do Deus
Altíssimo (Gênesis 14:18-20, 22, Deuteronômio 26:19, Salmos 78:35).
Paulo notou
algo de errado quando ela repetiu a mesma conduta por muitos dias, pois ele
sabia que onde está o Espírito de Deus há liberdade (II Co 3:17) e se ela estava
agindo de forma robotizada era porque o que estava nela não tinha procedência
no Espírito Santo. O demônio que a dominava estava lhe humilhando, tirando sua
vontade e capacidade de agir livremente com o ato de fazer adivinhação. Estava
duplamente escravizada: física e espiritualmente. O que ela fazia era de
procedência maligna porque estava possuída por um espírito de adivinhação
maligno, o que era abominação ao Senhor (Levítico 19:26, Deuteronômio 18:10-14).
Observa-se
que ao ser expulso o demônio a deixou sem se manifestar. Saiu em silêncio
quando o apóstolo disse-lhe: “Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na
mesma hora saiu”. A maioria das expulsões
de demônios são silenciosas, eles não resistem ao poder do Espírito Santo que
opera nos servos de Deus quando lhes ordena a saírem das pessoas oprimidas ou
possuídas – “Filhinhos,
sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o
que está no mundo.” (I João 4:4).
E, como o
homem espiritual a tudo compreende e discerne porque tem a mente de Cristo (I
Co 2:16), Paulo também percebeu a astúcia do diabo que, ao elogiá-los perante
os moradores de Filipos, na verdade pretendia atiçar no coração deles a soberba
para que se vissem como “homens especiais”
e merecedores de pagamento pelas obras que faziam – violando a ordem de Jesus:
“de graça recebestes, de graça dai.”
(Mateus 10:8) -, o que contribuiria para que caíssem em ruína espiritual.
Interessante
notar que Paulo não se via mais como pertencente à velha aliança nem se
importava com o cumprimento da lei, pois se a lei ainda estivesse no seu
coração ele teria ao menos cogitado que aquela jovem adivinha teria que ser
apedrejada conforme mandamento da lei mosaica aos praticavam a necromancia e a
adivinhação (Levítico 20:27). A feiticeira ou necromante de En-Dor consultada por
Saul sabia que se fosse descoberta sua pena era a morte (I Sm 28:8-9).
Essa consulta ao poder das trevas foi um dos pecados estabelecido como uma das causas da morte de Saul diante dos filisteus (I Cr 10:13). Consultar espírito de adivinhação é um pecado contra a confiança no poder de Deus e também uma autoentrega voluntária da própria alma às forças das trevas para ser destruída pelo diabo. A renúncia explícita ao poder de Deus a quem busca essas adivinhações de espíritos demoníacos deixa esse tipo de pecador sem bloqueio do mal no dia da calamidade, acelerando o fim da sua vida.
Como a
adivinhação que ela fazia dava grande lucro, certamente esse lucro iria
aumentar pelo fato dela estar anunciando pelas ruas que Paulo e seus
companheiros eram servos de Deus. A intenção do demônio era ganhar mais
dinheiro fazendo propaganda com a obra do apóstolo Paulo, disfarçando a
procedência maligna das suas adivinhações nas obras santas desses dois servos
de Deus, porém foi tudo destruído pelo poder do Espírito Santo que operava na
vida de Paulo.
Esta lição sobre o engano dos adivinhadores continua muito importante em nossos dias, pois vemos uma geração incrédula buscando essas mesmas adivinhações para se “guiarem” neste mundo, sem se darem conta, muitos por desconhecimento dos poderes malignos que os enganam por meio de promessas vãs e mentiras sutis, que caminham em direção ao abismo eterno.
Fujam dessa
prática enquanto há tempo, buscando auxílio e ajuda no poder que só está na
bondosa mão de Deus, pois esses espíritos imundos lhes trarão muito sofrimento
que lhes farão pedirem até a própria morte. Isso é escuridão, trevas
espirituais, diferentemente da luz e vida abundante que há em Cristo – “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não
andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (João 8:12).