Mensagem Bíblica

Vem, vem, vem! É hospital, não é tribunal

Vem, vem, vem! É hospital, não é tribunal

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 6 Minutos

E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.” (Apocalipse 22:17).

Jesus encerra as revelações do livro de Apocalipse (Apocalipse 22:10-21) falando do poder, do cumprimento e da integridade das suas palavras, bem como diz que o chamado à salvação e à vida eterna neste tempo é uma obra executada pelo Espírito Santo, pela Igreja (Esposa) e por todos os cristãos. Aqui está a obra tríplice da evangelização que opera no mundo para resgatar as almas do pecado. Portanto, quem atrapalha, engana ou afasta alguém do caminho da fé está se opondo ao trabalho do Espírito Santo, pois é ele que convence o homem do pecado, do juízo, da justiça e o traz para dentro da igreja.

O apóstolo Paulo ensina a Igreja que jamais devemos deixar de congregar ou reunir como irmãos, pois este é um princípio imutável da lei divina aplicado ao povo de Deus desde a antiguidade e essencialmente necessário aos que buscam a salvação eterna: “Não deixando nossa mútua congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” (Hebreus 10:25).

Na expressão “não deixando nossa mútua congregação”, o termo “mútua congregação” (greg. “episunagoge”) significa reunião, encontro ou assembleia de cristãos, sendo aplicada na Bíblia exclusivamente para se referir ao encontro de Jesus com seus santos, seja na igreja ou quando ele voltar novamente para levar seus santos (II Ts 2:1 e Hebreus 10:25). É quando os irmãos se reúnem na igreja que há oportunidade para a prática do amor e das boas obras, onde tudo é feito com reverência, ordem e espírito voluntário, visando o crescimento individual ou coletivo da irmandade.

Adotar posição de isolamento na vida cristã enfraquece a convicção pessoal e coletiva da fé – “Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.” (Rm 12:5 e I Co 12:12) -, posto que a comunhão entre os santos estimula, treina e capacita os irmãos no amor, na oração e nas boas obras. Nunca se sai da igreja do mesmo jeito que chegou, pois ali é removido o peso ou a sobrecarga que o mundo e a carne colocam sobre nossa alma – “o meu fardo é leve” – e algo da pregação, do louvor, da adoração ou todo o culto será proveitoso ao espírito porque ali está a presença do Senhor por meio do Espírito Santo (Mateus 18:20).

É dentro da igreja que se realiza o ato que melhor representa a comunhão dos irmãos entre si e com Cristo: A ceia do Senhor. A palavra assim testifica: “Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão.” (I Co 10:16-17).

Trata-se de maravilhosa lição que transcende o sensorial da vida terrena por encorajar a igreja e seus crentes a se alegrarem com a vida eterna manifestada em Cristo, pois vivemos dias de tristeza doentia, desânimo, abatimento e fraqueza espiritual, com a depressão e outras neuroses psicológicas entrando com força nas almas fragilizadas, aproveitando-se da indecisão de muitos em se entregarem de corpo e alma à vontade de Deus, o que significa colocar Deus e as coisas do seu reino em primeiro lugar (Mateus 6:33). Quem frequenta uma igreja ungida com o Espírito Santo possui o fruto do Espírito chamado alegria (Gálatas 5:22), bênção poderosa que anula todo poder do mal que tem como alvo de ataques a mente e a alma humana.

O perigo de quem não se dispõe a ouvir a palavra da verdade é entregar-se a fazer somente coisas que atendem os desejos e interesses da carne. A convivência em reunião ou culto serve para cada irmão ser estimulado ao amor e às boas obras. O testemunho é uma forma de se ver Deus operar no meio de seu povo e de como Ele cuida de cada interesse particular. Muitos testemunhos não são contados para a congregação, mas apenas para algumas pessoas, o que também honra a Deus. É por isso que não se aconselha afastar-se dos que congregam em nome de Jesus: “busca satisfazer seu próprio desejo aquele que se isola; ele se insurge contra toda sabedoria” (Provérbios 18:1).

Todavia, a religiosidade – não todas, mas aquela que é falsa, hipócrita ou doentia, como era o desamor no coração do irmão do filho pródigo quando ele retornou para casa do pai (Lucas 15:25-32) - tem ferido muitos irmãos de coração sincero, dos quais alguns vão ao ponto de negar a fé em Cristo por causa do comportamento indesejado daqueles “irmãos” que lhe ofenderam. Igreja é um hospital, não um tribunal; é local de acolhimento, não arena de lutas. Não é bom que isso permaneça e nem que seja assim. O crente verdadeiro santifica o nome do Senhor em tudo e em todos. E, se por ventura pecar contra irmão de fé precisa imediatamente pedir perdão para não fazer tropeçar ou escandalizar aquele irmão por quem Cristo morreu (Romanos 14:13).

A perda é muito grande quando a fé do irmão é apagada por conflitos dentro da própria igreja, visto que “o irmão ofendido é mais difícil de conquistar do que uma cidade forte; e as contendas são como os ferrolhos de um palácio” (Provérbios 18:19). Na velha aliança, os israelitas foram ensinados que “se algum mal nos sobrevier, espada, juízo, peste, ou fome, nós nos apresentaremos diante desta casa e diante de ti, pois teu nome está nesta casa, e clamaremos a ti na nossa angústia, e tu nos ouvirás e livrarás.” (II Cr 20:9). Fica claro por este texto bíblico que a igreja tem a natureza de uma casa de saúde espiritual ou hospital de pedido de socorro a Deus, local onde muitos acorrem quando envolvidos em angústia e tempestades porque sabem que lá encontrarão misericórdia e o amor de Deus, de graça (gratuito) e pela graça do evangelho de Cristo.

Rogamos a Ti Deus que nossos corações recebam mais da sua misericórdia para não ofendermos nem tirarmos da sua presença irmãos que juntamente conosco congregam reunidos em teu grandioso nome. Que permaneçamos olhando para Ti, para os altos céus, sempre atentos para o soar da trombeta do arcanjo. Amém.

*© Texto bíblico: ACF – SBTB