
Vem, vem, vem! É hospital, não é tribunal
“E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga:
Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da
vida.” (Apocalipse 22:17).
Jesus
encerra as revelações do livro de Apocalipse (Apocalipse 22:10-21) falando do poder, do
cumprimento e da integridade das suas palavras, bem como diz que o chamado à
salvação e à vida eterna neste tempo é uma obra executada pelo Espírito Santo,
pela Igreja (Esposa) e por todos os cristãos. Aqui está a obra tríplice da
evangelização que opera no mundo para resgatar as almas do pecado. Portanto,
quem atrapalha, engana ou afasta alguém do caminho da fé está se opondo ao
trabalho do Espírito Santo, pois é ele que convence o homem do pecado, do
juízo, da justiça e o traz para dentro da igreja.
O
apóstolo Paulo ensina a Igreja que jamais devemos deixar de congregar ou reunir
como irmãos, pois este é um princípio imutável da lei divina aplicado ao povo
de Deus desde a antiguidade e essencialmente necessário aos que buscam a
salvação eterna: “Não deixando nossa mútua congregação, como é costume de
alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se
vai aproximando aquele dia.” (Hebreus 10:25).
Na
expressão “não deixando nossa mútua congregação”, o
termo “mútua congregação” (greg. “episunagoge”) significa reunião,
encontro ou assembleia de cristãos, sendo aplicada na Bíblia exclusivamente para se referir ao encontro de Jesus
com seus santos, seja na igreja ou quando ele voltar novamente para levar seus
santos (II Ts 2:1 e Hebreus 10:25). É quando os irmãos se reúnem na igreja que há
oportunidade para a prática do amor e das boas obras, onde tudo é feito com
reverência, ordem e espírito voluntário, visando o crescimento individual ou
coletivo da irmandade.
Adotar posição de isolamento na vida cristã enfraquece
a convicção pessoal e coletiva da fé – “Assim nós, que somos muitos, somos um só
corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.” (Rm
12:5 e I Co 12:12) -, posto que a
comunhão entre os santos estimula, treina e capacita os irmãos no amor, na
oração e nas boas obras. Nunca se sai
da igreja do mesmo jeito que chegou, pois ali é removido o peso ou a sobrecarga
que o mundo e a carne colocam sobre nossa alma – “o meu
fardo é leve” – e algo da pregação, do louvor, da adoração ou todo o culto
será proveitoso ao espírito porque ali está a presença do Senhor por meio do
Espírito Santo (Mateus 18:20).
É dentro da igreja que se realiza o ato que
melhor representa a comunhão dos irmãos entre si e com Cristo: A ceia do
Senhor. A palavra assim testifica: “Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a
comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do
corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo,
porque todos participamos do mesmo pão.” (I Co
10:16-17).
Trata-se de maravilhosa lição que transcende o sensorial
da vida terrena por encorajar a igreja e seus crentes a se alegrarem com a vida
eterna manifestada em Cristo, pois vivemos dias de tristeza doentia, desânimo,
abatimento e fraqueza espiritual, com a depressão e outras neuroses
psicológicas entrando com força nas almas fragilizadas, aproveitando-se da
indecisão de muitos em se entregarem de corpo e alma à vontade de Deus, o que
significa colocar Deus e as coisas do seu reino em primeiro lugar (Mateus 6:33).
Quem frequenta uma igreja ungida com o Espírito Santo possui o fruto do
Espírito chamado alegria (Gálatas 5:22), bênção poderosa que anula todo poder do mal
que tem como alvo de ataques a mente e a alma humana.
O perigo de quem não se dispõe
a ouvir a palavra da verdade é entregar-se a fazer somente coisas que atendem os
desejos e interesses da carne. A convivência em reunião ou culto serve para
cada irmão ser estimulado
ao amor e às boas obras. O testemunho é uma forma de se ver
Deus operar no meio de seu povo e de como Ele cuida de cada interesse
particular. Muitos testemunhos não são contados para a congregação, mas apenas
para algumas pessoas, o que também honra a Deus. É por isso que não se
aconselha afastar-se dos que congregam em nome de Jesus: “busca satisfazer seu próprio desejo aquele
que se isola; ele se insurge contra toda sabedoria” (Provérbios 18:1).
Todavia,
a religiosidade – não todas, mas aquela que é falsa, hipócrita ou doentia, como
era o desamor no coração do irmão do filho pródigo quando ele retornou para
casa do pai (Lucas 15:25-32) - tem ferido muitos irmãos de coração sincero, dos
quais alguns vão ao ponto de negar a fé em Cristo por causa do comportamento
indesejado daqueles “irmãos” que lhe
ofenderam. Igreja é um hospital, não um tribunal; é local de acolhimento, não
arena de lutas. Não é bom que isso permaneça e nem que seja assim. O crente
verdadeiro santifica o nome do Senhor em tudo e em todos. E, se por ventura
pecar contra irmão de fé precisa imediatamente pedir perdão para não fazer
tropeçar ou escandalizar aquele irmão por quem Cristo morreu (Romanos 14:13).
A
perda é muito grande quando a fé do irmão é apagada por conflitos dentro da
própria igreja, visto que “o irmão
ofendido é mais difícil de conquistar do que uma cidade forte; e as contendas
são como os ferrolhos de um palácio” (Provérbios 18:19). Na velha aliança, os
israelitas foram ensinados que “se algum
mal nos sobrevier, espada, juízo, peste, ou fome, nós nos apresentaremos diante
desta casa e diante de ti, pois teu nome está nesta casa, e clamaremos a ti na
nossa angústia, e tu nos ouvirás e livrarás.” (II Cr 20:9). Fica claro por
este texto bíblico que a igreja tem a natureza de uma casa de saúde espiritual
ou hospital de pedido de socorro a Deus, local onde muitos acorrem quando
envolvidos em angústia e tempestades porque sabem que lá encontrarão
misericórdia e o amor de Deus, de graça (gratuito) e pela graça do evangelho de
Cristo.
Rogamos
a Ti Deus que nossos corações recebam mais da sua misericórdia para não
ofendermos nem tirarmos da sua presença irmãos que juntamente conosco congregam
reunidos em teu grandioso nome. Que permaneçamos olhando para Ti, para os altos
céus, sempre atentos para o soar da trombeta do arcanjo. Amém.