Estudo Bíblico

Feiticeiros são perseguidos pela desgraça familiar

Feiticeiros são perseguidos pela desgraça familiar

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 6 Minutos

Agora, pois, ouve isto, tu que és dada a prazeres, que habitas tão segura, que dizes no teu coração: Eu o sou, e fora de mim não há outra; não ficarei viúva, nem conhecerei a perda de filhos. Porém ambas estas coisas virão sobre ti num momento, no mesmo dia, perda de filhos e viuvez; em toda a sua plenitude virão sobre ti, por causa da multidão das tuas feitiçarias, e da grande abundância dos teus muitos encantamentos.” (Is 47:8-9).

Todo pecador carrega consigo uma maldição (Provérbios 3:33), porém, o texto em destaque mostra que além dessa maldição os feiticeiros/feiticeiras (hebr. “kashaph”) são perseguidos por uma maldição especial que tem como alvo a destruição de sua família. Além da previsão desse mal sobre os feiticeiros também será aclarada a comparação do pecado da rebeldia ao pecado da feitiçaria presente na palavra de Deus, o que aparentemente são situações distintas, contudo ambas são espécies de insubordinação à vontade divina.

Pois bem. Vendo a Babilônia ensoberbecida por sua grandeza imperial – “Eu o sou, e fora de mim não há outra; não ficarei viúva, nem conhecerei a perda de filhos” - e buscando somente prazer, principalmente de natureza sexual (hebr. “adiyn”), riqueza e poder, o Senhor Deus a comparou a uma mulher feiticeira que tinha família com marido e filhos, mas que os perderiam abruptamente por haver deixado de confiar em Deus para confiar na maldade e na abundância de seus encantamentos (hebr. “cheber”) e feitiçarias (hebr. “kesheph”).

Nos tempos antigos a mulher viúva e sem filhos (hebr. “shekowl”) era símbolo de grande tragédia pessoal pelo desamparo, falta de proteção e vida miserável. Pelo juízo divino essa mulher rica (a Babilônia), honrada e respeitada se tornaria desprotegida e miserável, igualmente quando uma rainha é reduzida à condição de escrava, circunstância que vira sua vida de cabeça para baixo, indo em pouco tempo do luxo ao lixo. Isso ocorreu com a Babilônia porque os caldeus era um povo sem Deus, adoradores de falsos deuses, vivendo pelos prazeres sexuais, terrenos e confiantes nos encantamentos e feitiçarias da sua impiedade (Daniel 2:2:7), modelo de sociedade idólatra, injusta e que usava de grande maldade com os inimigos porque se nutria de doutrina de demônios (Is 47:10-12). Cumpre, ainda, observar que o filme da destruição voltará à exibição com a Babilônia do fim dos tempos, que também se vangloriará de ser rica e não ser viúva, porém será destruída igualmente por causa de suas feitiçarias (Apocalipse 18:7-8).

A mensagem dada à mulher feiticeira é que ela perderia sua família. Eis aí uma maldição que não se resume à Babilônia personificada do texto bíblico, pelo contrário a palavra de Deus é eterna e continua valendo para todos aqueles ou aquelas que ainda hoje persistem em tais práticas. Quem faz um pacto com demônios para receber poderes espirituais pode até usufruir do que queria, porém todo pacto demoníaco envolve limitada proteção ao feiticeiro ou bruxo, não englobando a proteção de sua família e nessa condição seus filhos e cônjuge tornam-se alvos de ataques malignos porque o diabo jamais faria algo para usar de bondade com alguém.

Fica bastante claro que os feiticeiros, bruxos e encantadores são perseguidos por maldição que atinge suas bases familiares. O diabo nunca fará uma aliança para dar felicidade a alguém, pois sua intenção maligna oculta foi revelada por Jesus, quando disse que o diabo veio “senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.” (João 10:10).

Esta maldição fala diretamente aos feiticeiros e feiticeiras (hebr. “kashaph”), pessoas que fazem feitiços e trabalhos espirituais invocando poderes sobrenaturais ocultos e malignos. Na velha aliança os feiticeiros que se levantavam no meio da nação de Israel eram mortos (Êxodo 22:18, Levítico 20:27, I Sm 28:9). Tal se dava porque a pureza da religião judaica dependia de fidelidade e confiança na palavra de Deus, porém o risco de contaminação era constante porque todas as nações vizinhas de Israel praticavam a feitiçaria, encantamento ou artes mágicas.

Não estamos a tratar de conjecturas, são fatos demonstrados em textos bíblicos. Jezabel, esposa do rei Acabe, era uma mulher de “muitas feitiçarias” (II Rs 9:22), o que atraiu para sua família a maldição e a desgraça destrutiva que persegue todo feiticeiro. Acabe, seu marido, foi morto em batalha (I Rs 22:29-37), mesmo destino que teve seus filhos Acazias (II Rs 1:2-8, 17-18), Jorão (II Rs 9:22-24), Atalia (II Rs 11:13-16, II Cr 23:12-15) e os demais setenta filhos de Acabe (I Rs 10:1-11). Não sobrou ninguém vivo da família de Acabe, pois referida maldição alcançou a todos.

No tempo do profeta Jeremias (627 a. C.), o reino de Judá estava fortemente envolvida com a idolatria, porquanto os israelitas abandonaram Deus e se tornaram-se idólatras porque a confusão devorou o trabalho de nossos pais desde a nossa mocidade; as suas ovelhas e o seu gado, os seus filhos e as suas filhas.” (Jeremias 3:24). Aqui se confessa que a confusão espiritual na qual se mergulharam acarretou-lhes a perda da vida de filhos e filhas desses idólatras, bem como a perda de bens materiais, miséria física e espiritual que se tornou motivo para se arrependerem e voltarem aos caminhos do Senhor, pois o erro em não ouvir a voz de Deus em suas famílias trouxe-lhes vergonha e sofrimento insuportável desde a mocidade.

O mesmo ensino e proibição acerca da feitiçaria do velho testamento (Deuteronômio 18:10) são repetidos aos cristãos, aconselhando-os a evitarem a feitiçaria por ser uma prática que coloca o homem em contato com os demônios no mundo espiritual, onde é enganado por Satanás por meio de culto e adoração de imagens e estátuas idólatras – “Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios.” (I Co 10:20).

O novo testamento diz que a feitiçaria (greg. “mageia”) é uma das obras da carne, pois quem recorre à mesma o faz por vontade própria (Gl 5:20). Aqui a referência à feitiçaria (greg. “pharmakeia”) é às pessoas que procuram contatos com espíritos maus invocados por feiticeiros (greg. “pharmakeus”), às quais não se aplica a maldição especial dos feiticeiros por causa do silêncio do texto bíblico, embora tal obra da carne, por si só configura pecado contra Deus.

A base da feitiçaria é uma aliança do homem/mulher com demônios buscando o poder de espíritos malignos para alterar a seu favor a realidade física conforme uma vontade particular, feita por um descrente ou por quem não confiou em Deus para esperar o atendimento de suas orações nem esperou descer dos céus as providências divinas que atendesse suas necessidades nesta terra. É uma rebeldia contra o agir soberano de Deus no modo e tempo que melhor lhe aprouver. O rebelde é alguém desobediente a pais ou a Deus motivado por orgulho pessoal, que se desvia do conselho certo para tentar solucionar algo conforme ponto de vista que entende mais rápido e melhor.

Quando a palavra da verdade diz que a rebeldia espiritual é sinônimo de feitiçaria baseia-se no fato que ambas procuram um atalho sem Deus para obterem o que desejam, de modo que todo rebelde faz exatamente o que faz aquele que usa da feitiçaria ao rejeitar a fé no poder da palavra de Cristo como a única fonte de poder sobrenatural procedente de Deus. Tal ensino foi dado quando Saul não quis esperar o profeta Samuel para fazer um sacrifício e agiu com rebeldia contra Deus – “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.” (I Sm 15:23). Tal como faz um rebelde, quem quiser encurtar caminho ou fazer coisas sem esperar em Deus recorrerá à feitiçaria – buscando o auxílio de adivinhos, feiticeiros, magos ou necromantes -, porém muitas vezes faz aliança desconhecendo o preço total a ser pago por essa atitude apressada e irrefletida.

É consabido que a manipulação do mundo espiritual pelos demônios nunca será feita para algo bom ou altruísta, mas somente para causar o mal – Prometem uma coisa e tiram duas ou mais dos que lhes procuram ou como diz o ditado popular “dão com uma mão e tiram com duas”. Eles causam doenças (Lucas 13:11-16), tomam em possessão almas para se manifestarem por meio delas, para depois destruí-las (Mateus 8:28-32) e pedem a morte dos filhos/crianças de seus adoradores (II Rs 21:6, II Cr 33:6). Logo, esse acesso aos demônios nas trevas para atender um pedido envolve muitos riscos e perigos espirituais desconhecidos da maioria dos que a eles recorrem.

Os demônios que agiam nas nações antigas continuam em atividade neste tempo presente, enganando todo aquele que imagina estar em contato com parentes mortos ou que será sempre ajudado por eles, como ocorre com os que buscam a feitiçaria pelo desejo de riqueza e são enganados pelo demônio chamado “Mamom” (Mt 6:24). A Igreja, tal como os filhos de Israel, está proibida de recorrer a adivinhadores, feiticeiros ou bruxos, vez que neles se manifesta o conhecimento maligno de entidades demoníacas.

Em nossos dias a feitiçaria tem várias faces, algumas aparentemente inofensivas, porém abrem as portas do mundo inferior a espíritos maus que esperam sedentos a chegada de almas incautas. Teólogos experientes reforçam esta advertência: “Tornou-se aparente, no moderno renascimento do ocultismo, que a mágica  e a feitiçaria, incluindo os horóscopos, tábuas de Ouija e diversos jogos de cartas, não são sempre superstições ou truques, mas têm uma realidade demoníaca por trás de si. Se alguém tiver contato com estas forças, deverá combatê-las e renunciar a elas superando-as por meio do poder de Deus em nome de Jesus Cristo, aplicando a eficácia purificadora e protetora do sangue do Cordeiro de Deus (Apocalipse 12:11).” (Dicionário Bíblico Wycliffe).

Atenção: Só podemos entrar em batalha no mundo espiritual invocando o nome de Jesus Cristo, em Espírito e santidade. Só nele há revestimento para sujeitar os espíritos maus. As trevas e Satanás dominam a vontade dos que rejeitam a Cristo, pois sabem que eles têm ausência do poder do Espírito Santo e assim o sofrimento e as tragédias tornam-se questão de tempo para fazer parte das suas vidas. Foi assim com Judas quando Cristo o honrou na ceia dando-lhe o bocado molhado, mas invés de retribuir com gratidão saiu para trair o Senhor por algumas moedas, perfídia que o levou à morte (Jo 13:26-27).

A perda dos que se enveredam no engano de espíritos malignos, como em toda espécie do espiritismo do erro (I João 4:6) ou doutrinas de demônios (I Tm 4:1), não se resume em coisas espirituais, indo além disso, porquanto uma vida sem bênçãos divinas também leva à ruína material e financeira. Os feiticeiros e seus adeptos estão mortos espiritualmente, com isso vão morrendo outras áreas das suas vidas. Por isso não é incomum ver pessoas se aprofundando mais e mais em doutrinas demoníacas, fazendo oferendas e trabalhos espirituais de alto custo, atendendo pedido fraudulento com a promessa de curas, fim da crise financeira ou restauração de relacionamentos, contudo normalmente a aflição piora cada vez mais, pois à ruína espiritual soma-se também a perda de patrimônio material, da saúde física e mental. Muitos são levados ao suicídio como aconteceu com Judas.

O ensino da palavra pelo apóstolo Paulo em Éfeso fez com que “muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata.” (Atos 19:19). As artes mágicas é uma espécie de feitiçaria, onde seus praticantes, usando de palavras repetidas (I Rs 18:26) influenciam forças demoníacas para agirem sobre homens e situações conforme suas vontades. A pregação do evangelho do reino de Deus entre os efésios fez eles renunciarem a invocação de espíritos maus para viverem à luz da palavra da verdade. O mago (greg. “magos”) ou quem pratica a magia ou feitiçaria naturalmente se opõe à vida dos que vivem ou desejam viver pela fé em Deus (Atos 13:6-8), pois sua crença está nas “ciências ocultas” ou nas “coisas profundas de Satanás” como é dito aos crentes da igreja de Tiatira em relação ao ensinamento ministrado pela profetisa Jezabel (Apocalipse 2:24 – ARA).

No fim dos tempos os homens darão ouvidos a espíritos enganadores e serão instruídos por doutrinas demoníacas (I Tm 4:1). No Apocalipse também é dito que nos últimos tempos a Grande Babilônia, cidade escolhida como símbolo do poder demoníaco na terra, enganará todas as nações com suas feitiçarias (Apocalipse 18:23) e quem não se arrepender de haver recorrido à feitiçaria será morto por uma praga (Apocalipse 9:21). Somente quem pertence ao povo de Deus está livre do poder maligno da feitiçaria, encantamento ou dos efeitos destrutivos resultados dos pactos demoníacos –Pois contra Jacó não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel; neste tempo se dirá de Jacó e de Israel: Que coisas Deus tem realizado!” (Números 23:23).

No último livro da velha aliança vemos uma palavra profética do Senhor reforçando o juízo de condenação aos feiticeiros – “E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros” (Malaquias 3:5), o que apontava para a perda da vida eterna dos feiticeiros neste tempo da graça, pois o Novo Testamento diz que os feiticeiros (greg. “pharmakeus”) não entrarão na nova Jerusalém, a cidade celestial, bem como que “a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.” (Apocalipse 21:8:15), onde estará o diabo e seus demônios.

A fé que sustenta a vida cristã aperfeiçoa-se em experiências espirituais que dia após dia nos fazem confiar mais no Deus vivo, pois sabemos que ele ouve e atende nossas orações, com o que afastamos qualquer outra possibilidade que se apresenta como auxílio ou alternativa para substituir nossa confiança em Deus e na sua palavra – “Toda a Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele.” (Provérbios 30:5).

Ouçam homens e mulheres que praticam a feitiçaria!! Não esperem mais, não se culpem nem tenham medo, este é o momento de pedir socorro espiritual para si e para suas famílias, a fim de se livrarem dessas maldições - “Ora, para aquele que está entre os vivos há esperança (porque melhor é o cão vivo do que o leão morto).” (Eclesiastes 9:4). Em Cristo há perdão para todo pecado, em Cristo há libertação para todo tipo de prisão e de prisioneiros.

Contra o poder destrutivo de uma maldição só existe um remédio: Jesus Cristo. Nenhum outro poder tem força para anular uma maldição a não ser o nome poderoso do Senhor, pois, ao morrer na cruz, ele se fez maldição por nós – “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;” (Gálatas 3:13).

Irmãos e irmãs, oremos pela libertação das almas aprisionadas pela feitiçaria que vivem sob engano e humilhação de demônios para que pelo poder do sangue de Cristo Jesus sejam quebrados todos os laços e correntes que as prendem, bem como que caem de seus olhos as escamas da cegueira espiritual e venham prostrar-se diante do altar do Senhor, único lugar de refúgio seguro, onde encontrarão paz para suas vidas e salvação para suas almas.

*© Texto bíblico: ACF – SBTB