
Feiticeiros são perseguidos pela desgraça familiar
“Agora, pois, ouve isto, tu que és dada a prazeres,
que habitas tão segura, que dizes no teu coração: Eu o sou, e fora de mim não
há outra; não ficarei viúva, nem conhecerei a perda de filhos. Porém ambas
estas coisas virão sobre ti num momento, no mesmo dia, perda de filhos e viuvez;
em toda a sua plenitude virão sobre ti, por causa da multidão das tuas feitiçarias,
e da grande abundância dos teus muitos encantamentos.” (Is
47:8-9).
Todo pecador carrega consigo
uma maldição (Provérbios 3:33), porém, o texto em destaque mostra que além dessa
maldição os feiticeiros/feiticeiras (hebr. “kashaph”)
são perseguidos por uma maldição especial que tem como alvo a destruição de sua
família. Além da previsão desse mal sobre os feiticeiros também será aclarada a
comparação do pecado da rebeldia ao pecado da feitiçaria presente na palavra de
Deus, o que aparentemente são situações distintas, contudo ambas são espécies de
insubordinação à vontade divina.
Pois bem. Vendo a Babilônia
ensoberbecida por sua grandeza imperial – “Eu o sou, e fora de mim não há outra; não ficarei
viúva, nem conhecerei a perda de filhos”
- e buscando somente prazer, principalmente de natureza sexual (hebr. “adiyn”), riqueza e poder, o Senhor Deus
a comparou a uma mulher feiticeira que tinha família com marido e filhos, mas
que os perderiam abruptamente por haver deixado de confiar em Deus para confiar
na maldade e na abundância de seus encantamentos (hebr. “cheber”) e feitiçarias (hebr. “kesheph”).
Nos tempos antigos a mulher
viúva e sem filhos (hebr. “shekowl”)
era símbolo de grande tragédia pessoal pelo desamparo, falta de proteção e vida
miserável. Pelo juízo divino essa mulher rica (a Babilônia), honrada e
respeitada se tornaria desprotegida e miserável, igualmente quando uma rainha é
reduzida à condição de escrava, circunstância que vira sua vida de cabeça para
baixo, indo em pouco tempo do luxo ao lixo. Isso ocorreu com a Babilônia porque
os caldeus era um povo sem Deus, adoradores de falsos deuses, vivendo pelos
prazeres sexuais, terrenos e confiantes nos encantamentos e feitiçarias da sua
impiedade (Daniel 2:2:7), modelo de sociedade idólatra, injusta e que usava de
grande maldade com os inimigos porque se nutria de doutrina de demônios (Is
47:10-12).
A mensagem dada à mulher
feiticeira é que ela perderia sua família. Eis aí uma maldição que não se
resume à Babilônia personificada do texto bíblico, pelo contrário a palavra de
Deus é eterna e continua valendo para todos aqueles ou aquelas que ainda hoje
persistem em tais práticas. Quem faz um pacto com demônios para receber poderes
espirituais pode até usufruir do que queria, porém todo pacto demoníaco envolve
limitada proteção ao feiticeiro ou bruxo, não englobando a proteção de sua
família e nessa condição seus filhos e cônjuge tornam-se alvos de ataques
malignos porque o diabo jamais faria algo para usar de bondade com alguém.
Fica bastante claro que os
feiticeiros, bruxos e encantadores são perseguidos por maldição que atinge suas
bases familiares. O diabo nunca fará uma aliança para dar felicidade a alguém,
pois sua intenção maligna oculta foi revelada por Jesus, quando disse que o
diabo veio “senão
a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com
abundância.” (João 10:10).
Esta
maldição fala diretamente aos feiticeiros e feiticeiras (hebr. “kashaph”), pessoas que fazem feitiços e
trabalhos espirituais invocando poderes sobrenaturais ocultos e malignos. Na
velha aliança os feiticeiros que se levantavam no meio da nação de Israel eram
mortos (Êxodo 22:18, Levítico 20:27, I Sm 28:9). Tal se dava porque a pureza da religião
judaica dependia de fidelidade e confiança na palavra de Deus, porém o risco de
contaminação era constante porque todas as nações vizinhas de Israel praticavam
a feitiçaria, encantamento ou artes mágicas.
Não estamos a tratar de conjecturas, são fatos demonstrados em textos bíblicos. Jezabel, esposa do rei Acabe, era uma mulher de “muitas feitiçarias” (II Rs 9:22), o que atraiu para sua família a maldição e a desgraça destrutiva que persegue todo feiticeiro. Acabe, seu marido, foi morto em batalha (I Rs 22:29-37), mesmo destino que teve seus filhos Acazias (II Rs 1:2-8, 17-18), Jorão (II Rs 9:22-24), Atalia (II Rs 11:13-16, II Cr 23:12-15) e os demais setenta filhos de Acabe (I Rs 10:1-11). Não sobrou ninguém vivo da família de Acabe, pois referida maldição alcançou a todos.
No tempo do profeta Jeremias
(627 a. C.), o reino de Judá estava fortemente envolvida com a idolatria,
porquanto os israelitas abandonaram Deus e se tornaram-se idólatras “porque a confusão devorou o trabalho de
nossos pais desde a nossa mocidade; as suas ovelhas e o seu gado, os seus
filhos e as suas filhas.” (Jeremias 3:24). Aqui se confessa que a confusão
espiritual na qual se mergulharam acarretou-lhes a perda da vida de filhos e
filhas desses idólatras, bem como a perda de bens materiais, miséria física e
espiritual que se tornou motivo para se arrependerem e voltarem aos caminhos do
Senhor, pois o erro em não ouvir a voz de Deus em suas famílias trouxe-lhes
vergonha e sofrimento insuportável desde a mocidade.
O
mesmo ensino e proibição acerca da feitiçaria do velho testamento (Deuteronômio 18:10) são
repetidos aos cristãos, aconselhando-os a evitarem a feitiçaria por ser uma
prática que coloca o homem em contato com os demônios no mundo espiritual, onde
é enganado por Satanás por meio de culto e adoração de imagens e estátuas
idólatras – “Antes digo que as coisas que
os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero
que sejais participantes com os demônios.” (I Co 10:20).
O novo testamento diz que a feitiçaria (greg. “mageia”) é uma das obras da carne, pois quem recorre à mesma o faz por vontade própria (Gl 5:20). Aqui a referência à feitiçaria (greg. “pharmakeia”) é às pessoas que procuram contatos com espíritos maus invocados por feiticeiros (greg. “pharmakeus”), às quais não se aplica a maldição especial dos feiticeiros por causa do silêncio do texto bíblico, embora tal obra da carne, por si só configura pecado contra Deus.
A base da feitiçaria é uma
aliança do homem/mulher com demônios buscando o poder de espíritos malignos
para alterar a seu favor a realidade física conforme uma vontade particular,
feita por um descrente ou por quem não confiou em Deus para esperar o
atendimento de suas orações nem esperou descer dos céus as providências divinas
que atendesse suas necessidades nesta terra. É uma rebeldia contra o agir
soberano de Deus no modo e tempo que melhor lhe aprouver. O rebelde é alguém
desobediente a pais ou a Deus motivado por orgulho pessoal, que se desvia do
conselho certo para tentar solucionar algo conforme ponto de vista que entende
mais rápido e melhor.
Quando a palavra da verdade
diz que a rebeldia espiritual é sinônimo de feitiçaria baseia-se no fato que
ambas procuram um atalho sem Deus para obterem o que desejam, de modo que todo rebelde
faz exatamente o que faz aquele que usa da feitiçaria ao rejeitar a fé no poder
da palavra de Cristo como a única fonte de poder sobrenatural procedente de
Deus. Tal ensino foi dado quando Saul não quis esperar o profeta Samuel para
fazer um sacrifício e agiu com rebeldia contra Deus – “Porque a rebelião é como o pecado de
feitiçaria, e a obstinação é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu
rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas
rei.”
(I Sm 15:23). Tal como faz um rebelde, quem quiser encurtar caminho ou fazer
coisas sem esperar em Deus recorrerá à feitiçaria – buscando o auxílio de
adivinhos, feiticeiros, magos ou necromantes -, porém muitas vezes faz aliança desconhecendo
o preço total a ser pago por essa atitude apressada e irrefletida.
É
consabido que a manipulação do mundo espiritual pelos demônios nunca será feita
para algo bom ou altruísta, mas somente para causar o mal – Prometem uma coisa
e tiram duas ou mais dos que lhes procuram ou como diz o ditado popular “dão com uma mão e tiram com duas”. Eles
causam doenças (Lucas 13:11-16), tomam em possessão almas para se manifestarem por
meio delas, para depois destruí-las (Mateus 8:28-32) e pedem a morte dos filhos/crianças
de seus adoradores (II Rs 21:6, II Cr 33:6). Logo, esse acesso aos demônios nas
trevas para atender um pedido envolve muitos riscos e perigos espirituais
desconhecidos da maioria dos que a eles recorrem.
Os demônios que agiam nas nações antigas
continuam em atividade neste tempo presente, enganando todo aquele que imagina
estar em contato com parentes mortos ou que será sempre ajudado por eles, como
ocorre com os que buscam a feitiçaria pelo desejo de riqueza e são enganados
pelo demônio chamado “Mamom” (Mt
6:24). A Igreja, tal como os filhos de Israel, está proibida de recorrer a
adivinhadores, feiticeiros ou bruxos, vez que neles se manifesta o conhecimento
maligno de entidades demoníacas.
Em nossos dias a feitiçaria tem várias
faces, algumas aparentemente inofensivas, porém abrem as portas do mundo
inferior a espíritos maus que esperam sedentos a chegada de almas incautas.
Teólogos experientes reforçam esta advertência: “Tornou-se aparente, no moderno renascimento do ocultismo, que a
mágica e a feitiçaria, incluindo os
horóscopos, tábuas de Ouija e diversos jogos de cartas, não são sempre
superstições ou truques, mas têm uma realidade demoníaca por trás de si. Se
alguém tiver contato com estas forças, deverá combatê-las e renunciar a elas
superando-as por meio do poder de Deus em nome de Jesus Cristo, aplicando a
eficácia purificadora e protetora do sangue do Cordeiro de Deus (Apocalipse 12:11).”
(Dicionário Bíblico Wycliffe).
Atenção: Só podemos entrar em batalha no
mundo espiritual invocando o nome de Jesus Cristo, em Espírito e santidade. Só
nele há revestimento para sujeitar os espíritos maus. As trevas e Satanás
dominam a vontade dos que rejeitam a Cristo, pois sabem que eles têm ausência do
poder do Espírito Santo e assim o sofrimento e as tragédias tornam-se questão
de tempo para fazer parte das suas vidas. Foi assim com Judas quando Cristo o
honrou na ceia dando-lhe o bocado molhado, mas invés de retribuir com gratidão
saiu para trair o Senhor por algumas moedas, perfídia que o levou à morte (Jo
13:26-27).
A perda dos que se enveredam
no engano de espíritos malignos, como em toda espécie do espiritismo do erro (I
João 4:6) ou doutrinas de demônios (I Tm 4:1), não se resume em coisas espirituais,
indo além disso, porquanto uma vida sem bênçãos divinas também leva à ruína material
e financeira. Os feiticeiros e seus adeptos estão mortos espiritualmente, com
isso vão morrendo outras áreas das suas vidas. Por isso não é incomum ver
pessoas se aprofundando mais e mais em doutrinas demoníacas, fazendo oferendas
e trabalhos espirituais de alto custo, atendendo pedido fraudulento com a
promessa de curas, fim da crise financeira ou restauração de relacionamentos,
contudo normalmente a aflição piora cada vez mais, pois à ruína espiritual
soma-se também a perda de patrimônio material, da saúde física e mental. Muitos
são levados ao suicídio como aconteceu com Judas.
O ensino da palavra pelo
apóstolo Paulo em Éfeso fez com que “muitos
dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na
presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a
cinquenta mil peças de prata.” (Atos 19:19). As artes mágicas
é uma espécie de feitiçaria, onde seus praticantes, usando de palavras
repetidas (I Rs 18:26) influenciam forças demoníacas para agirem sobre homens e
situações conforme suas vontades. A pregação do evangelho do reino de Deus
entre os efésios fez eles renunciarem a invocação de espíritos maus para
viverem à luz da palavra da verdade. O mago (greg. “magos”) ou quem pratica a magia ou feitiçaria naturalmente se opõe
à vida dos que vivem ou desejam viver pela fé em Deus (Atos 13:6-8), pois sua
crença está nas “ciências ocultas” ou
nas “coisas profundas de Satanás”
como é dito aos crentes da igreja de Tiatira em relação ao ensinamento
ministrado pela profetisa Jezabel (Apocalipse 2:24 – ARA).
No fim
dos tempos os homens darão ouvidos a espíritos enganadores e serão instruídos
por doutrinas demoníacas (I Tm 4:1). No Apocalipse também é dito que nos
últimos tempos a Grande Babilônia, cidade escolhida como símbolo do poder
demoníaco na terra, enganará todas as nações com suas feitiçarias (Apocalipse 18:23) e
quem não se arrepender de haver recorrido à feitiçaria será morto por uma praga
(Apocalipse 9:21). Somente
quem pertence ao povo de Deus está livre do poder maligno da feitiçaria,
encantamento ou dos efeitos destrutivos resultados dos pactos demoníacos –“Pois contra Jacó não vale encantamento, nem
adivinhação contra Israel; neste tempo se dirá de Jacó e de Israel: Que coisas
Deus tem realizado!” (Números 23:23).
No
último livro da velha aliança vemos uma palavra profética do Senhor reforçando o
juízo de condenação aos feiticeiros – “E
chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os
feiticeiros” (Malaquias 3:5), o que apontava para a perda da vida eterna dos
feiticeiros neste tempo da graça, pois o Novo Testamento diz que os feiticeiros
(greg. “pharmakeus”) não entrarão na
nova Jerusalém, a cidade celestial, bem como que “a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda
morte.” (Apocalipse 21:8:15), onde estará o diabo e seus demônios.
A fé
que sustenta a vida cristã aperfeiçoa-se em experiências espirituais que dia
após dia nos fazem confiar mais no Deus vivo, pois sabemos que ele ouve e
atende nossas orações, com o que afastamos qualquer outra possibilidade que se
apresenta como auxílio ou alternativa para substituir nossa confiança em Deus e
na sua palavra – “Toda a Palavra de Deus
é pura; escudo é para os que confiam nele.” (Provérbios 30:5).
Ouçam
homens e mulheres que praticam a feitiçaria!! Não esperem mais, não se culpem
nem tenham medo, este é o momento de pedir socorro espiritual para si e para
suas famílias, a fim de se livrarem dessas maldições - “Ora, para aquele que está entre os vivos há esperança (porque melhor é
o cão vivo do que o leão morto).” (Eclesiastes 9:4).
Contra o poder destrutivo de uma maldição só existe um remédio: Jesus Cristo. Nenhum outro poder tem força para anular uma maldição a não ser o nome poderoso do Senhor, pois, ao morrer na cruz, ele se fez maldição por nós – “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;” (Gálatas 3:13).
Irmãos
e irmãs, oremos pela libertação das almas aprisionadas pela feitiçaria que
vivem sob engano e humilhação de demônios para que pelo poder do sangue de
Cristo Jesus sejam quebrados todos os laços e correntes que as prendem, bem
como que caem de seus olhos as escamas da cegueira espiritual e venham
prostrar-se diante do altar do Senhor, único lugar de refúgio seguro, onde
encontrarão paz para suas vidas e salvação para suas almas.
*© Texto bíblico: ACF – SBTB