
Duas fontes do mal: O diabo e o homem
“Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na
terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração;” (Gn
6:5 - ARA).
A queda de Adão fez seus descendentes
nasceram em pecado, símbolo da maldade espiritual, de modo que o conhecimento
do bem e do mal transformou o homem em fonte do mal (Gênesis 3:22 e 8:21),
juntamente com o diabo. O texto bíblico em destaque usou o adjetivo maldade (hebr.
“ra”) o qual é sinônimo de ruim,
maligno, mau eticamente, mau caráter, mal, miséria, aflição, calamidade, aquilo
que causa dor e infelicidade.*
Por isso é totalmente sem sentido culpar o
diabo de todo mal feito pelos homens ou que acontecem no mundo. Conhecer a
verdade implica em saber que o mal habita dentro de nós – “Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está
comigo.” (Romanos 7:21) -, vindo daí o conceito bíblico que o pecado é um ato
moral, dependente da escolha entre o certo e o errado.
Sabemos que
o diabo é maligno e o pai da mentira (João 8:44), mas nem todo mal tem origem no
diabo porque depois que o homem comeu da árvore do conhecimento do bem e do mal
tornou-se também fonte de pensamentos e de atos maus por causa do pecado. Não
podemos aceitar a ideia apregoada que o diabo é o causador de toda maldade
existente no mundo.
Ele causa bastante mal, mas o pecado que habita dentro dos homens também é
fonte do mal “porque é mau o desígnio íntimo do homem
desde a sua mocidade; - ARA” (Gênesis 8:21 e 3:22).
Jesus repercutiu esse
entendimento no evangelho do reino de Deus ao dizer que o coração do homem está
cheio de maldade, verdadeiramente jorrando mal como uma fonte jorra água – “Porque do coração procedem os maus
pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e
blasfêmias.” (Mateus 15:19). Aqui o Senhor Jesus usa terminologia do velho
testamento, segundo a qual no coração concentra-se a vontade (desejo), o sentimento
(emoção) e o intelecto (pensamento).
Parece inverossímil e até cômico, mas há
uma disputa na prática do mal. Têm situações que o diabo vê o homem praticando
um mal monstruoso e diz: “Esse mal eu não
conhecia, mas agora o homem me ensinou essa nova prática. Vou fazer assim também!”. Logos, são
duas fontes autônomas de mal, com ambas atentando contra a vontade de Deus.
A Bíblia recusa o pensamento daqueles que
depois de pecarem coloca a culpa em Deus dizendo “de Deus sou tentado” (Tiago 1:13), pois, cada pessoa tem absoluta
liberdade ao escolher o certo ou o errado para obedecer ou desobedecer a Deus,
sendo indiscutível que todo pecado é gerado pela própria vontade do pecador.
Deus não imputa pecado ao que não o gerou, injustiça incompatível com a função
de Justo Juiz.
A oração do Pai Nosso confirma que o mal
ou a tentação oriunda dele não procede de Deus, pois a Ele pedimos “não nos conduzas à tentação; mas livra-nos
do mal” (Mateus 6:13). Deus é luz e por isso lhe pedimos livramento das trevas
do mal, de modo que naturalmente sua glória resplandecente é incompatível com
qualquer porção de trevas. Se no Universo os buracos negros “engolem” tudo que se aproxima deles,
inclusive a luz, no mundo espiritual toda partícula ou ação das trevas são
aniquiladas pela luz da glória de Deus – “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a
luz da vida.” (João 8:12).
Neste ponto, precisamos entender que nem sempre o pedido “livra-nos do mal” resume-se simplesmente em evitar nosso confronto com as provações, adversidades e inimigos desta vida, mas em nos dar força para vencer todas as pelejas que podemos enfrentar – Deus sustenta seus filhos nas batalhas que eles enfrentam (Salmos 89:43). Então, sempre devemos pedir força para as lutas que enfrentaremos, sabendo que Deus pode nos dar o livramento ou a vitória que nos alegrará a alma, permitindo-nos glorificar o seu nome e entoar um cântico novo em louvor da sua majestade.
Dentro da nossa alma está a vontade, o intelecto
e as emoções, centros operacionais da vida humana. Aqui mora o perigo porque o
pecado começa dentro da vontade de cada um de nós. É uma guerra contra a mente
e as emoções, pois os pensamentos e os sentimentos unem-se tentando influenciar
a escolha moral feita pela vontade. O jejum e a oração quebram o controle da
natureza carnal sobre esse sistema central substituindo o querer, o pensar e o
sentir da velha natureza pelos desejos, pensamentos e emoções controlados pelo
Espírito de Deus. Quando estamos cheios da unção do Espírito somos imparáveis
como a força do boi selvagem – “Porém tu
exaltarás o meu poder, como o do boi selvagem. Serei ungido com óleo fresco.”
(Salmos 92:10).
Sabemos que os filósofos e humanistas rejeitam a
origem do mal pela consciência moral do cristianismo que a situa no pecado.
Eles não entendem que no pecado há poder suficiente capaz de desencadear toda
sorte de dor, sofrimento, miséria e desgraças manifestadas no mundo exterior,
pois argumentam entendimento que isso tudo tem origem no mal natural. Noutras
palavras, para eles, as desgraças, tragédias e ações más dos homens deriva da
natureza das coisas e da vontade dos homens, jamais vendo nelas ação
sobrenatural do diabo ou mesmo de Deus. Estão errados porque padecem de
cegueira espiritual – “Nos quais o deus
deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.”
(II Co 4:4).
O cristianismo não nega o mal natural, contudo
não desconsidera a preponderância e a influência espiritual maligna do pecado e
do diabo na maior parte de todo mal praticado na humanidade. O evangelho de
Cristo não prega que todo mal procede do diabo, porquanto reconhece haver mal
natural que procede do coração do homem (Gênesis 8:21, Jeremias 17:9), pois a natureza
humana tornou-se má desde o momento que Adão comeu da árvore do conhecimento do
bem e do mal (Gênesis 2:16-17 e 3:6).
Há um equilíbrio baseado na verdade da palavra
de Deus. Por outro lado, o cristianismo não apenas situa a causa principal da
tragédia humana na prática do pecado como é o único sistema moral capaz de
frear e anular a ação destruidora no mundo material e espiritual, por meio da
fé em Cristo. Este é o propósito do plano de salvação eterna da alma humana
revelado no evangelho de Cristo. Ninguém consegue anular o poder do mal no
mundo espiritual se não for invocando o nome de Jesus Cristo, pois só neste
nome há autoridade e poder para ordenar ou cancelar uma obra espiritual maligna,
pois os demônios só se curvam e se sujeitam a ele – “E os espíritos imundos vendo-o, prostravam-se diante dele, e clamavam
dizendo: Tu és o filho de Deus.” (Marcos 3:11).
A palavra de
Deus propõe a vida e o bem, a morte e o mal, e assim andaremos pelas nossas
escolhas e decisões (Deuteronômio 30:15). Isso ficou claro antes da prática do primeiro
homicídio na planeta terra. Deus
advertiu Caim sobre esse poder de escolha que tem o homem antes dele matar seu
irmão Caim, advertindo que o desejo de pecar está sempre à porta, porém cabe ao
homem dominá-lo – “Se bem
fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à
porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.” (Gn
4:7).
Entrementes,
se o diabo e o homem impenitente são fontes do mal, também foram selados no mesmo destino,
pois a ambos está reservado o lago de fogo e enxofre – “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;” (Mateus 25:41,
Apocalipse 20:10).
A
palavra da verdade ensina que a luz (Cristo) resplandece nas trevas e as trevas
não prevaleceram contra ela (João 1:5), de modo que resta ao coração do homem
aceitar o chamado da palavra de Deus, arrepender-se de seus pecados confessando
Cristo como Senhor para se livrar do mal pelo poder do perdão de Deus, e a partir
daí manter-se temente e fiel a ele para não mais se afastar da sua luz – “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz
está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho,
nos purifica de todo pecado.” (I João 1:7).
Irmãos,
prestem atenção nesta mensagem e alegrem-se: “Aos justos nasce luz nas trevas;” (Salmos 112:4).
Pai, o
Senhor é luz e em ti não há trevas, conceda-nos permanecer diante da sua glória
e longe do mal, desde agora e por toda a eternidade!
* Dicionário
Strong