Estudo Bíblico

A conversão é o começo...

A conversão é o começo...

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 4 Minutos

Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor;” (Ef 1:3-4).

A conversão inicial não é uma obra completa de santidade, pelo contrário nós fomos chamados para ser santos, entramos num processo de santificação juntamente com todos os que aceitam o chamado do evangelho (I Co 1:2,30), somos limpos pela palavra por meio do Espírito Santo na obediência da verdade (João 15:3:17, Tito 3:5 e I Pd 1:22) porque sem santidade não veremos a glória de Deus na eternidade (Mateus 22:12-13 e Hebreus 12:14).

Quando se diz que fomos abençoados com todas as “bênçãos espirituais”, este termo no manuscrito grego original (greg. “eulogia pneumatikos”) quer dizer que aos crentes estão disponíveis no Espírito Santo todas as bênçãos concretas ou benefícios que eles necessitam, sejam dons, ensinos, instruções, livramentos, capacitações e quaisquer outros favores terrenos ou celestiais, da qual a maior de todas as bênçãos é a nossa salvação.

Os destinatários da promessa de bênçãos espirituais são os santos irrepreensíveis (greg. “amomos”), aqueles que se comportam com perfeição, sem defeito e sem mancha moral, pois são livres de imperfeições no caráter porque foram purificados pelo poder do sangue de Jesus e estão em santificação pelo poder do Espírito Santo.*

Desde o princípio os desígnios e desejos de Deus elegeram o homem para ser salvo por meio da santificação do Espírito e fé da verdade (II Ts 2:13). Conhecendo nossa estrutura e fraqueza (Salmos 103:14), sempre foi de Deus toda iniciativa de livrar o homem do poder do mal para que receba a vida eterna. O plano de salvação é um projeto pelo qual o amor de Deus transforma criaturas fracas em imagem e semelhança do Deus Altíssimo mediante a imitação de Cristo, pois ele “nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor”. Aqui está o plano divino de todos os homens e o projeto de salvação eterna das almas.

No termo “nos elegeu nele” está expressa a doutrina da eleição, pela qual Deus nos chama a ele por meio da fé em Cristo – é a fé cristocêntrica -, pois esta é a maneira que Deus elegeu para dar a salvação eterna a humanidade. A vontade soberana de Deus foi anunciada no evangelho do reino de Deus, uns vão aceitar e outros não. Logo, todo homem e mulher cristocêntricos têm uma vida santa e irrepreensível como resultado da aceitação e obediência da eleição divina. Os que rejeitam a eleição divina tem um resultado espiritual negativo, que é a vida ímpia e a perdição eterna.

O amor de Deus é a fonte da salvação eterna, pois além de entregar à morte o próprio Filho também enviou o Espírito Santo para garantir a santificação dos que aceitaram o chamado.  Fica claro que antes da fundação do mundo o amor de Deus escolheu o homem para ser santo e para viver na glória com ele por meio da fé em seu Filho. Portanto, só há bênçãos para os que estão “em Cristo” e vivem no propósito do chamado que é a santidade. A expressão “em amor” é o mesmo que “em Cristo”, porquanto o amor do Pai está no Filho (João 15:9-10) e de Cristo o recebemos através da fé no evangelho (João 14:21), vez que todo homem que cair em pecado pode ser redimido de todos seus pecados pelo sangue de Cristo (Efésios 1:7 e Cl 14).

A santidade não deve ser interrompida nem ser temporária devido ao grande risco do homem perder sua salvação se morrer exatamente na ocasião que estiver afastado de Deus por causa do pecado. É uma qualidade espiritual que precisa estar na vida dos crentes todos os dias, de forma permanente. Paulo diz ser necessário que estejamos firmes na fé e no amor continuamente “para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus santos.” (I Ts 3:13).  Ou seja, a santidade dos cristãos terá que ser preservada até a vinda do Senhor Jesus para ressuscitar os mortos e arrebatar os salvos que estiverem vivos. Eis a razão pela qual o profeta disse: “E porque isso te farei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus.” (Amós 4:12).

O apóstolo Paulo, o grande homem de Deus, não admitia que a santificação fosse uma obra terminada em sua vida, mas dizia “Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Fp 3:13-14). O termo “se esquecendo” (greg. “epilanthanomai”) das coisas que ficavam para trás e prosseguindo ou avançando para o alvo – ele usa a figura de um corredor disparado em direção à linha de chegada para receber o prêmio (greg. “brabeion”).

Ele tinha como objetivo um alvo: a salvação eterna, igualmente tem o corredor quando sai correndo em meio às multidões que o observam pelo trajeto da corrida, independentemente do que falam ou fazem quando ele passa por essas pessoas. Tudo que o apóstolo fazia tinha por objetivo as coisas espirituais para ver se de alguma maneira chegava a ressurreição dentre os mortos, admitindo ser um competidor capacitado espiritualmente, perfeito diante de Deus, contudo negando-se reconhecer que devesse parar de aperfeiçoar sua santificação pessoal, a qual entendia que deveria prosseguir até ao dia de Cristo.

Temos que imitá-lo porque assim é a vida cristã. Tudo vem confirmar que o apóstolo enxergava a regeneração (ato santificador) da conversão como o início da efetiva santificação individual (processo santificador), assertiva confirmada pelo fato dele orar a Deus a favor da fé dos crentes tessalonicenses, estando em outra cidade, depois de ter estabelecido essa igreja entre os gentios, pedindo que fossem santificados no espírito, alma e corpo e que se conservassem inteiramente irrepreensíveis até a vinda de Cristo (I Ts 5:23).

Ou seja, não bastava a conversão desses crentes, mas sim a manutenção deles no processo de santificação pela fé em Cristo – “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” (Efésios 4:11-12). Ele não faria uma oração inútil se cresse que depois do ato regenerador não mais era necessário preocupar-se com manutenção da santidade dos convertidos, o que ocorre pela edificação espiritual no corpo de Cristo, a igreja.

Espírito Santo de Deus, permaneça em nós fazendo sua obra de santificação, não permitindo que venhamos a paralisar ou perdê-la, o que te pedimos por amor a Deus Pai e ao Senhor Jesus Cristo, nosso Redentor. Amém!

* Dicionário Strong

**© Texto bíblico: ACF – SBTB