Estudo Bíblico

Atacam a Bíblia na ignorância: Ela foi inspirada pelo Espírito Santo

Atacam a Bíblia na ignorância: Ela foi inspirada pelo Espírito Santo

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 5 Minutos

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.“ (II Tm 3:16).

Normalmente quando um incrédulo ou rebelde quer justificar a não crença na Bíblia como não sendo a verdadeira palavra de Deus dizem: “Eu não confio na Bíblia porque ela foi escrita por homens, e por isso está cheia de erros e manipulações.” ou “As cartas do Novo Testamento não foram escritas por Paulo, quem escrevia era outra pessoa, o apóstolo só assinava o que outras pessoas escreviam” e mais outras inverdades. Tais pessoas desconhecem como se deu a inspiração divina e também como foi compilado o cânone bíblico do velho e do novo testamento.

Na verdade, criticam e falam do que não sabem. Julgam com a realidade do mundo atual fatos que ocorreram a dois e três mil anos atrás na formação das Escrituras, o que evidentemente, excluídos os juízos de má fé, terá desacertos até involuntários. Só o conhecimento sobre a formação e registro dos textos bíblicos derruba os principais argumentos dos opositores da palavra de Deus, sem falar no teor da verdade que só há nas palavras da Bíblia e em nenhum outro livro ou lugar.

Para se ter ideia os textos do novo testamento possuem entre três a mil quatro cópias feitas pela Igreja Primitiva, que se espalharam mundo à fora em diferentes mãos e lugares, contudo quando essas cópias são reunidas – lá no museu de Jerusalém, por exemplo -, não se constata qualquer alteração, acréscimo ou redução que compromete a mensagem inspirada. Os manuscritos do Mar Morto encontrados na caverna de Qumran em 1948, confirmaram a autenticidade de todas as Escrituras hebraicas registradas há cerca de três mil e quinhentos anos, pois, comparando os manuscritos dos pergaminhos com os textos bíblicos atuais não foi encontrada distorção ou divergência entre os textos comparados, confirmando a autenticidade das mensagens bíblicas ensinadas às gerações anteriores e atual. Tirou-se a “prova dos nove”, calando os críticos e adversários da palavra de Deus, visto que esses pergaminhos fizeram com que até a moderníssima Ciência validasse as Escrituras Sagradas.

O primeiro argumento contrário à integridade da Bíblia surge do desconhecimento de como funciona a inspiração divina e de como ocorreu a escolha de homens santos que dirigidos pela vontade de Deus escreveram os textos bíblicos – são chamados de hagiógrafos, pessoas que escrevem textos sagrados. O segundo argumento é uma falácia (Paulo não escrito suas cartas) porque há distorção do que está registrado em algumas cartas de Paulo, mostrando que de fato o apóstolo não redigiu o conteúdo de todas suas cartas, devido principalmente a idade avançada e suas condições físicas como evangelista peregrino afligido pelas perseguições dos judeus, porquanto as ditou a irmãos escritores que o acompanhavam. Ele recebia a inspiração do Espírito Santo e ditava a quem o auxiliava, porém o apóstolo assinava de próprio punho. Isso ocorreu com a carta ao Romanos, escrita por Tércio (Romanos 16:22); com a primeira carta aos coríntios (I Co 16:21); carta aos gálatas (Gálatas 6:11); com a carta aos colossenses (Colossenses 4:18); segunda carta aos tessalonicenses (II Ts 3:17); e carta a Filemon (Fl 1:19).

Na época dos fatos bíblicos, usar um escriba para escrever um texto era recurso literário comum, pois a educação formal era precária e disponível a poucos. Tércio era um escriba. Por exemplo, Lucas redigiu o evangelho que leva seu nome quando investigava a vida de Jesus a pedido de um tal Teófilo (Lucas 1:1-3). O livro do profeta Jeremias foi escrito com o auxílio do escriba Baruque – “E disse-lhes Baruque: Da sua boca ele me ditava todas estas palavras, e eu com tinta as escrevia no livro.” (Jeremias 36:18:13-15). É de menor importância focar em quem formalizou a mensagem divina recebida por Jeremias e Paulo, posto que o essencial é que a inspiração divina veio sobre Jeremias e Paulo, o que está claro em referidos textos bíblicos.

Verdade é que foi o Espírito de Deus quem inspirou todas as Escrituras (II Tm 3:16). A locução “divinamente inspirada no original grego é “theopneustos” que significa “soprada por Deus” ou “sopro de Deus”, a revelar-nos que tudo que lemos nas Escrituras veio da mente de Deus para o coração de homens santos que registraram para nosso conhecimento (II Pd 1:21), ou seja, são palavras poderosas para guiar a humanidade porque vieram diretamente de Deus.

O apóstolo Pedro também enfrentou adversários das Escrituras e lhes abriu o entendimento acerca do erro grosseiro que cometiam falando de coisas que não entendiam, pois coisas espirituais são entendidas somente por homens espirituais: “Sabendo primeiramente isto: Que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” (II Pd 1:20-21). O apóstolo Paulo disse algo semelhante quando seus opositores e perseguidores em Gálatas atacaram a verdade do evangelho de Cristo: “Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.” (Gálatas 1:11-12).

A inspiração divina (greg. “pheromenoi”) é uma força que move, conduz e guia (greg. “phero”) alguém com absoluto controle, como igualmente pessoas são conduzidas num navio pelo mar, e como algo é impelido por uma rajada de vento ou como alguém é movido interiormente a fazer algo por causa de um estímulo mental, a qual é infalível em seu propósito por ser dirigida pelo poder do Espírito Santo (II Pd 1:21). Ninguém resiste ao mover do Espírito Santo nem à sua inspiração.

A frase para redarguir não foi bem traduzida porque no manuscrito grego a palavra não é um verbo, mas um substantivo, daí que mais acertada é a versão ARA que a traduziu como repreensão (greg. “elegmos”) que significa refutação, repreensão e reprovação. Igualmente a frase “para corrigir” também deve ser substituída pelo substantivo correção (greg. “epanorthosis”) que significa restauração a um estado correto, aperfeiçoamento de vida ou de caráter.* É justamente o poder da verdade que corrige e repreende corações ímpios ou rebeldes que levam homens a não ouvirem as palavras da sã doutrina, preferindo palavras que lhes causam comichões nos ouvidos como gostam de sentir os cachorrinhos quando lhes apalpam os pés das orelhas – “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo coceira nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;” (II Tm 4:3).

Precisa ser dito que a inspiração divina transmite a mensagem de Deus sem falha, sem erro ou pequena imprecisão porque todo processo é controlado e guiado pelo Espírito de Deus. O sopro inspiratório é infalível e irresistível. É impossível o Espírito Santo falhar porque ele é um Deus infalível como o Pai e o Filho.  A inspiração de uma música clássica ou de uma canção pode ser reproduzida parcialmente ou com erros, por se tratar de mensagem pessoal que depende da perfeita sintonia anímica de quem a recebe, o que jamais acontece com um texto bíblico.

Outrossim, as revelações divinas são inspiradas dentro do coração de homens santos escolhidos divinamente, como foram os profetas da velha aliança (Marcos 12:36, Atos 28:25, I Pd 1:12-13), em quem habitava o Espírito Santo, os quais as transmitiram ao povo de Deus para conhecimento e cumprimento. Não obstante, a inspiração divina escriturada veio sobre alguns homens escolhidos por Deus, mas a Bíblia, resultado do trabalho que esses homens fizeram sob controle do Espírito Santo, não é um livro humano, porquanto suas revelações, palavras de verdade e justiça têm como fonte a própria vontade de Deus. O que é divino não pode ser revelado por humano, por isso o caráter sagrado e incomparável das Escrituras. 

Como sabemos, as Escrituras escritas foram inspiradas e reveladas a homens santos pelo poder do Espírito Santo (II Tm 3:16 e II Pd 1:21), nada foi registrado nelas por vontade do pensamento humano, daí que sua perfeita interpretação também carece do auxílio do Espírito Santo, o que é feito por todo aquele que medita na palavra de Deus com temor e santidade no coração (II Pd 1:20).

Os profetas do velho testamento falavam inspirados pelo Espírito Santo. Esses servos ensinavam e pregavam ao povo de Israel sob a direção dos céus, homens instruindo espiritualmente outros homens e “divinamente, os advertia sobre a terra (Hebreus 12:25, 1:1 ARA), mas Jesus, o Deus Filho, desceu dos céus para advertir os homens com a mensagem do evangelho do reino de Deus, daí a superioridade da aliança do novo testamento – “Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos.” (João 3:31).

Oh, glória! Somos ensinados e instruídos pelas palavras que saíram da boca de Deus, as quais foram registradas na Bíblia para nosso bem (Romanos 15:4) e porque ele sempre cuidou de sua palavra para se cumprir – “E disse-me o Senhor: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la.” (Jeremias 1:12), porque são palavras imutáveis e eternas.

Louvado seja nosso Deus e Pai, a quem damos graça por nosso Senhor Jesus Cristo – “Mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada.” (I Pd 1:25). Amém.

* Dicionário Strong

**© Texto bíblico: ACF – SBTB