
Tentações procedem de Satanás
“Não
veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que
não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará
também o escape, para que a possais suportar.” (I Co 10:13).
O teste da lealdade e da fé dos cristãos é sustentada
pelo poder de Deus, jamais podendo ser vista como um esforço meramente humano.
Diante de uma tentação o homem não pode dizer: “Eu venci!”, pois para vencê-la só pelo poder sobrenatural da graça
de Deus. A glória será sempre de Deus! Imagine alguém num barco navegando
dentro de um lago cheio de jacaré. Parar ali ou cair no lago seria fatal. Mas,
ele pode sair dali com um remo usando suas forças físicas ou ligar o motor para
chegar à margem em segurança. Na prova ou tentação o homem convertido (não o
ímpio) não enfrenta as adversidades sozinho, porquanto é sempre auxiliado a
suportá-la pelo poder da graça de Deus. O homem cristão depende da graça
divina. A graça é a força do motor que empurra o barco entre os jacarés na
travessia daquele lago perigoso.
É o que diz a palavra: “O Senhor é a minha força e
o meu escudo; nele confiou o meu coração, e fui socorrido;” (Salmos 28:7, Filipenses 4:13 - ARA). Importa lembrar que nas provações Deus
sujeita nossa fé ao fogo para o crescimento e aperfeiçoamento espiritual,
igualmente como se depura o ouro e a prata, porém nas tentações ele permite que
sejamos confrontados pelas armadilhas e ciladas de demônios igualmente com o
mesmo objetivo, havendo ao final uma aprovação ou reprovação. Ou seja, os
demônios são usados como “testadores” da fé que temos dentro do coração, porém
tudo sob a autorização e a direção de Deus.
No antigo testamento
Satanás (hebr. “Satan”) era chamado
de Adversário, alguém que se opõe, adversário sobre-humano, mas no novo
testamento, escrito na língua grega também é chamado de Diabo (greg. “diabolos”), que significa caluniador,
acusador, maldizente, que acusa com falsidade, príncipe dos espíritos maus,
porém, sendo Satanás ou Diabo continua fazendo a mesma coisa: Acusar o homem de
pecado diante de Deus.* É um opositor incansável do propósito divino de
salvação da alma dos homens pela fé em Cristo.
Ora coloca os homens
contra Deus e ora só tenta porque Deus faz cessar sua astúcia dando livramento
ao alvo de suas tentações, porém sempre age usando da calúnia, incitamento ao
pecado, apostasia, engano, difamação e de falsas acusações. Ele acusou Jó na
presença de Deus (Jó 1:6-11:1-5) e fez o mesmo com o sumo sacerdote Josué
(Zacarias 3:1-5). Satanás ou Diabo, o Príncipe dos espíritos malignos, é apenas uma
pessoa, porém seus demônios (greg. “daimon”)
ou espíritos malignos são muitos e a função destes consiste em afligir as
pessoas com enfermidades físicas ou mentais. As opressões ou possessões
demoníacas apenas cessam com a expulsão dos demônios por meio de oração em nome
do Senhor Jesus (Marcos 16:17-18).
A presença da obra maligna de Satanás neste mundo foi bem descrita por Jesus em seu evangelho, no qual vemos que imediatamente ao batismo nas águas ele foi levado pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado por Satanás, num claro lembrete que os cristãos também sofreriam tentação na fé para se afastarem de Deus – é claro, depois da conversão (I Pd 4:12). Não existe cristianismo sem tentações satânicas ou demoníacas, às quais procedem diretamente da vontade dos próprios espíritos maus ou podem estar sob a autorização e o controle de Deus e de Cristo.
Fixando a atenção no ensino do texto-base (I Co 10:13)
tem-se que no termo “dará também o escape”
a palavra escape (greg. “ekbasis”)
significa o caminho de escape da tentação, saída, livramento. Aqui o apóstolo
Paulo encoraja os discípulos a enfrentarem as tentações porque são adversidades
comuns a todos os cristãos, porém ninguém será desamparado em suas lutas e
batalhas porque Deus providencia o livramento no tempo certo.
A fórmula bíblica para resistir às tentações foi dada
por Tiago – “Sujeitai-vos,
pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” (Tg
4:7). Numa linguagem livre pode ser dito: “Obedeça
a Deus que o inimigo não tem como resistir e fugirá!”. Isso se resume em
ouvir ou ler a palavra e orar pedindo ajuda a Deus, práticas essenciais ao
revestimento do crente pelo escudo da fé, “com
o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.” (Efésios 6:16). O escape que todo cristão recebe para suportar as tentações
procedem da graça de Deus, precisamente por meio da multiforme graça de Deus
existente no meio da igreja do Senhor (I Pd 4:10).
Quando se diz que Deus “não vos deixará tentar acima do que podeis”
suportar, o Espírito revela que o Diabo tem um limite estabelecido por Deus, em
conformidade com a capacidade pessoal de cada crente, além do qual não poderá
fazer mais nada para induzir alguém ao pecado. A tentação termina quando o
Espírito Santo vem em auxílio da fé de quem sofre a tentação e faz desaparecer
os demônios que controlavam as situações tentadoras juntamente com as
adversidades e perigos malignos.
Então, como reagir ou enfrentar tentações?
O texto deixa claro que ninguém é retirado da tentação simplesmente por causa
do sofrimento ou porque está difícil resistir a situação tentadora. Há um
propósito divino que norteia toda tentação do justo. Muitas vezes alguém
precisa ser tentado – tentação vem do diabo – e até provado – provação vem de
Deus -, para se saber se tem condições ou não de designado para uma missão,
ministério ou obra divina. Em segundo lugar, há um limite da tentação que está
sob controle de Deus, além do qual a tentação não mais pode minar as forças do
justo, momento que ocorre o livramento, encerrando-se as dificuldades que o
afligiam.
O homem espiritual não se deixará ser
levado pela ansiedade nem pela insensatez quando estiver sob tentação, pois o
Espírito Santo dirigirá seus passos conforme vão surgindo os obstáculos
demoníacos. Nada ocorre sem prévio aviso, normalmente por sonho ou visão os
laços e ciladas são revelados. Isso faz parte do cuidado de Deus com o justo
quando ele estiver enfrentando forças demoníacas, porque “sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos
para o dia do juízo, para serem castigados;” (II Pd 2:9).
Irmãos, oremos a Deus
pedindo forças e visão espiritual contra as armadilhas e ciladas do diabo, a
fim de que possamos resisti-lo firmes pela fé no poder do sangue de Cristo.
Amém.
*
Dicionário Strong