
Deus não fala nem ouve quem for idólatra, a menos que se converta
“Porque
qualquer homem da casa de Israel, e dos estrangeiros que peregrinam em
Israel, que se alienar de mim, e levantar os seus ídolos no seu coração,
e puser o tropeço da sua maldade diante do seu rosto, e vier ao profeta,
para me consultar por meio dele, eu, o Senhor, lhe responderei por mim
mesmo. E porei o meu rosto
contra o tal homem, e o assolarei para que sirva de sinal e provérbio, e arrancá-lo-ei
do meio do meu povo; e sabereis que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 14:7-8)
O Senhor declarou por intermédio do profeta que se algum
israelita ou estrangeiro rejeitasse a fé para adorar falsos deuses, tal pessoa
não seria aceita na sua presença sem que efetivamente convertesse de coração.
Deus não ouve o idólatra se antes ele não arrancar do coração toda crença que o
levou a adorar um deus falso. Era preciso retirar o ídolo do coração e
converter-se ao Senhor – A mesma fala divina veio do Espírito Santo para a
Igreja aos crentes do novo testamento (Hebreus 6:4-6).
Sem atender essa exigência – conversão sincera a Deus – o idólatra
não poderá ser aconselhado nem consultar um profeta ou receber uma mensagem da
palavra. Acaso o profeta fosse enganado pelo idólatra que o consultou “levarão sobre
si o castigo da sua iniquidade; o castigo do profeta será como o castigo de
quem o consultar.” (Ezequiel 14:10). Ou seja, o próprio profeta deveria
velar em não atender quem era idólatra, do contrário sofreria também castigo.
Durante a peregrinação de quarenta anos pelo deserto o povo de Israel não
trabalhou, comia maná que descia do céu, bebia água da rocha, era guiado e cuidado
de dia por uma coluna de nuvem que os aliviava do sol escaldante e à noite por
uma coluna de fogo (Êxodo 13:21-22), contudo nem assim o Senhor era adorado por
todos, pois muitos entre aquela multidão – cerca de dois milhões de pessoas - ergueram
tabernáculo a Moloque e Renfã, entidades pagãs (Atos 7:43), desprezando o amor e
o cuidado divino. Assim é o coração do homem, essencialmente enganoso.
Algo semelhante do Senhor disse a Jeremias, impedindo-o a
orar pelos moradores de Judá por haverem rejeitado o Senhor Deus para se
entregar ao culto de falsos deuses: “Tu,
pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem me
supliques, porque eu não te ouvirei. Porventura não vês tu o que andam fazendo
nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém?” (Jeremias 7:16:14).
Por que Deus prescreveu isso? A santidade de Deus exige
adoração exclusiva, sem qualquer espécie de impureza ou contaminação. Moisés
adverte Israel que a prática da idolatria fere a exclusividade de adoração
exigida por Deus e o deixa irado “porque o Senhor teu Deus é um fogo que consome, um Deus
zeloso” (Dt
4:24 e 5:8). Noutras palavras, o maior zelo de Deus é com a exclusividade no
seu culto, serviço e adoração, pois um Deus santo não permite dividir sua
glória com ninguém, muitos menos com entidades demoníacas. A corrupção do coração do
homem pela idolatria é que atrai a ira de Deus (Deuteronômio 4:25, Salmos 7:11).
O perigo da idolatria sempre
rondou o povo de Deus, podendo ver sua importância no fato do mesmo ter sido o
segundo entre os dez mandamentos (Êxodo 20:4-5), perdendo posição apenas para o
mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas (vs. 2-3). O diabo não cessa de
iludir e enganar porque isso lhe é próprio e a idolatria ou adoração deuses
falsos é meio mais usado por ele para tirar a alma dos homens da comunhão com
Deus. Por isso que as Escrituras não cessam de advertir contra a idolatria. Ao
encerrar a entrega das leis cerimoniais, sacrificiais, civis e religiosas no
monte Sinai, Deus faz um resumo de tudo que falou ao povo de Israel no capítulo
26 de Levítico e em seu primeiro versículo proíbe que se faça ídolos, imagem de
escultura e estátua (Levítico 26:1).
Mas, já dentro da terra prometida (Canaã), Israel rejeitou a palavra de Deus para servir a baalins, Astarote e outros deuses pagãos das nações vizinhas. Oprimido e angustiado pelos inimigos o povo clamou ao Senhor, porém não foi ouvido e ainda foram repreendidos: “Contudo vós me deixastes a mim, e servistes a outros deuses; pelo que não vos livrarei mais. Ide, e clamai aos deuses que escolhestes; que eles vos livrem no tempo do vosso aperto.” (Jz 10:13-14). Não vendo solução para a tragédia que vivenciavam os israelitas se arrependeram tirando do meio de si os ídolos pagãos que adoravam, conversão que fez Deus ter misericórdia deles - “E tiraram os deuses alheios do meio de si e serviram ao Senhor; então, já não pôde ele reter a sua compaixão por causa da desgraça de Israel.” (Jz 10:16 – ARA).
Pregando aos crentes
coríntios Paulo relembra-lhes que na peregrinação pelo deserto alguns
israelitas tornaram-se idólatras, fornicaram e abandonaram a adoração ao
Senhor, aconselhando-os: “Portanto,
meus amados, fugi da idolatria.” (I Co 10:14). O apóstolo João também aborda
a idolatria sua primeira epístola (I Jo), a mais substanciosa teologicamente
entre as três epístolas que escreveu, alertando a Igreja sobre o perigo da
idolatria, dizendo: “Filhinhos,
guardai-vos dos ídolos. Amém.” (I João 5:21).
Deus exorta a
cada de nós que o amamos, andemos nos seus caminhos e cumpramos seus
mandamentos para que sejamos abençoados nesta terra. Mas adverte que certamente
perecemos antes do tempo se desviarmos nosso coração, não lhe dermos ouvidos e
o deixarmos por outros deuses – “Porém
se o teu coração se desviar, e não quiseres dar ouvidos, e fores seduzido para
te inclinares a outros deuses, e os servires, Então eu vos declaro hoje que,
certamente, perecereis; não prolongareis os dias na terra a que vais, passando
o Jordão, para que, entrando nela, a possuas;” (Deuteronômio 30:17-18).
Os cristãos
precisam vigiar para não serem enganados pela idolatria moderna, sabendo que
hoje as imagens horríveis de alguns deuses pagãos – bodes, cabritos, bezerros,
etc – foram substituídas por imagens sedutoras, como consumo egoísta, luxo,
sensualidade, pornografia, excesso de entretenimento, avareza, parafernália
tecnológica, carreira profissional, fama e tudo mais que entra dentro do
coração para ocupar o espaço reservado a Deus.
Que o Senhor
tenha misericórdia de nós e ensina-nos a guardar seus estatutos e mandamentos
dentro do coração.