
Casamento e felicidade foram projetados juntos
“Homem recém-casado não sairá à guerra, nem
se lhe imporá qualquer encargo; por um ano ficará livre em casa e promoverá
felicidade à mulher que tomou.” (Deuteronômio 24:5 - ARA).
Sem dúvida
alguma a lei divina reservou um lugar especial para o casamento, vez que desde
o início o matrimônio é tratado como um projeto de grande valor humano e
espiritual nesta união profunda entre o homem e a mulher, por ser fonte de
inúmeras realizações e recompensas, não só com o nascimento de filhos, mas, sobretudo,
no que tange à estabilidade espiritual, emocional e financeira de duas pessoas
que se unem em amor para atingir objetivos comuns e personalíssimos.
O casamento
debaixo da proteção do Senhor, - biblicamente chamado de “cordão de três
dobras” (Eclesiastes 4:12) -, torna real muitos sonhos do homem e da mulher, muitos
deles inalcançáveis sozinho, potencializando os momentos de felicidade do
casal.
Após a
criação do mundo, Deus entregou ao homem o cetro do domínio sobre toda a
criação (Gênesis 1:26) e ele reinava soberano, mas sozinho e aparentemente infeliz
porque Deus percebeu isso no seu coração:
“E disse o Senhor Deus: Não é bom que o
homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele.” (Gn
2:18). Ou seja, a infelicidade existencial do homem teve fim quando o Senhor
Deus decidiu dar-lhe uma companheira, completando assim sua felicidade neste
mundo.
Não se sabe
quanto tempo Adão e Eva viveram juntos no paraíso antes do pecado original,
contudo viviam num estado de felicidade plena que nada de mal lhes acontecia,
até o fatídico dia em que a Serpente pegou Eva sozinha e a enganou (Gênesis 3:4-6).
A lição mais forte dessa queda para um casamento ensina que o relacionamento
conjugal que jamais fracassará será aquele que o homem ou a mulher nunca
desejarão tirar Deus do meio deles, principalmente os conselhos da sua palavra,
nem se deixarão seduzir por nada que desagrade a Deus, mesmo que seja “agradável aos olhos” e “desejável ao coração”, pois sabemos que
Deus tem algo melhor – “As
coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu e não subiram ao coração do
homem, são as que Deus preparou para os que o amam.” (I
Co 2:9).
A responsabilidade do homem proporcionar alegria e felicidade para sua mulher é um princípio bíblico (Deuteronômio 24:5, Eclesiastes 6:3). A palavra hebraica para felicidade é “osher”. Lia, mulher de Jacó, sentindo-se feliz com o nascimento do segundo filho de sua serva Zilpa colocou-lhe o nome de Aser ou “Osher”, o qual significa afortunado, feliz ou felicidade (Gênesis 30:13 - ARA). Somente aqui felicidade é escrita com “osher”. Entanto, também se escreve felicidade com “esher” que significa bendito, abençoado, bem-aventurado ou verdadeiramente feliz (Dt 33:29, Jó 5:17, Salmos 146:5, I Rs 10:8). Logo, casal feliz é aquele que foi abençoado por Deus. A felicidade familiar e todas as demais bênçãos já foram dadas aos cristãos pelo Deus bendito, basta irmos a Cristo que nele está a alegria e a verdadeira felicidade (Efésios 1:3).
Sabemos que
no passado o descaso dos maridos com esse ônus espiritual de proporcionar
felicidade conjugal tornou-se fonte de muitas brigas, separações, divórcios e
divisões familiares, porém com a entrada da mulher no mercado de trabalho isso
atualmente está distribuído entre ambos, devendo os dois manterem o foco de
suas vidas na proteção da família, afastando-se das ilusões sentimentais,
desejos materiais e carnais que circunstancialmente surgem pelo caminho. É natural a todos os homens o
desejo buscar a felicidade, o que não é correto é colocar a felicidade pessoal
como objetivo maior a ponto de atropelar e até destruir a própria família.
A excessiva preocupação com os próprios interesses estimula o egoísmo e o individualismo que são elementos da gênese do pecado e ainda viola o mandamento de amor próximo. O trabalho prospera uma família, mas o cônjuge trabalhar demais pode destruí-la – “Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz, os quais Deus te deu debaixo do sol; porque esta é a tua porção nesta vida pelo trabalho com que te afadigaste debaixo do sol.” (Eclesiastes 9:9:21-24, 5:16-17 - ARA). O bem-estar cristão para não ser egoísta nem avarento condiciona-se os santos a olharem para o bem-estar da família, dos irmãos e do próximo. Na ordem de prioridade a família ocupa o segundo lugar entre os bens mais valiosos que um homem ou uma mulher devem preservar com todas suas forças, perdendo apenas para a submissão a Deus. Uma velhice feliz e amparada vai depender da observância desta regra moral que permeia o estilo de vida cristã.
Vejam o exemplo de Rute, a moabita. Era uma jovem viúva, trabalhadora e cheia de bondade com sua sogra, Noemi. “Certo dia, Noemi, sua sogra, lhe disse: "Minha filha, tenho que procurar um lar seguro, para sua felicidade.” (Rute 3:1- NVI). O amor de Rute ao Deus de Israel, a condição de mulher trabalhadora e honrada proporcionou-lhe casar-se com Boaz, judeu de posse na cidade Belém. Rute estendeu a bênção do seu casamento à sua descendência, pois teve como filho Obede, Obede foi pai de Jessé e Jessé foi pai do maior rei de Israel, o rei Davi. Ou seja, o casamento deu-lhe bênçãos materiais e espirituais, e seus olhos viram o filho de seu filho ou neto (Jessé) e o bisneto (Davi) sendo honrados pelo Deus que ela amava.
O cristianismo não é
incompatível com o estado de felicidade proporcionado pelo bem-estar da saúde
física, desfrute de bens materiais ou condição financeira favorável, desde que
não se descuide da vida espiritual e da salvação eterna, fazendo tudo sem abuso
e consciente de que a aparência deste mundo passa e o tempo se abrevia (I Co
7:29-31), mas principalmente preservando o respeito aos pais, à família e aos
irmãos, porque ao se cuidar do principal todas as demais coisas serão
automaticamente ajustadas na mesma sintonia de felicidade.
Por vontade de Deus o homem é
o chefe ou a cabeça da mulher e da família (Efésios 5:23), posição que lhe obriga a
tomar a dianteira no dever de proteger, planejar, coordenar e executar os
melhores cenários para sua família, proporcionado à esposa e aos filhos aquilo
que lhe é possível. Foi assim que o apóstolo Pedro instruiu os maridos na
convivência do lar – “Igualmente
vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como
vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que
não sejam impedidas as vossas orações.” (I Pd 3:7).
Somos instruídos que a atenção familiar tem grande repercussão espiritual na vida dos casados, podendo não haver resposta de orações se suas vidas dentro do lar não estiverem conforme a vontade de Deus, o que envolve isenção de pecado e até mesmo a ausência de desentendimentos irreconciliáveis. Oh, glória, nos ajude Pai a permanecermos na sua presença!
*© Texto bíblico: ACF – SBTB