Estudo Bíblico

Casamento e felicidade foram projetados juntos

Casamento e felicidade foram projetados juntos

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 3 Minutos

Homem recém-casado não sairá à guerra, nem se lhe imporá qualquer encargo; por um ano ficará livre em casa e promoverá felicidade à mulher que tomou.” (Deuteronômio 24:5 - ARA).

Sem dúvida alguma a lei divina reservou um lugar especial para o casamento, vez que desde o início o matrimônio é tratado como um projeto de grande valor humano e espiritual nesta união profunda entre o homem e a mulher, por ser fonte de inúmeras realizações e recompensas, não só com o nascimento de filhos, mas, sobretudo, no que tange à estabilidade espiritual, emocional e financeira de duas pessoas que se unem em amor para atingir objetivos comuns e personalíssimos.

O casamento debaixo da proteção do Senhor, - biblicamente chamado de “cordão de três dobras” (Eclesiastes 4:12) -, torna real muitos sonhos do homem e da mulher, muitos deles inalcançáveis sozinho, potencializando os momentos de felicidade do casal.

Após a criação do mundo, Deus entregou ao homem o cetro do domínio sobre toda a criação (Gênesis 1:26) e ele reinava soberano, mas sozinho e aparentemente infeliz porque Deus percebeu isso no seu coração:  E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele.” (Gn 2:18). Ou seja, a infelicidade existencial do homem teve fim quando o Senhor Deus decidiu dar-lhe uma companheira, completando assim sua felicidade neste mundo.

Não se sabe quanto tempo Adão e Eva viveram juntos no paraíso antes do pecado original, contudo viviam num estado de felicidade plena que nada de mal lhes acontecia, até o fatídico dia em que a Serpente pegou Eva sozinha e a enganou (Gênesis 3:4-6). A lição mais forte dessa queda para um casamento ensina que o relacionamento conjugal que jamais fracassará será aquele que o homem ou a mulher nunca desejarão tirar Deus do meio deles, principalmente os conselhos da sua palavra, nem se deixarão seduzir por nada que desagrade a Deus, mesmo que seja “agradável aos olhos” e “desejável ao coração”, pois sabemos que Deus tem algo melhor – “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.” (I Co 2:9).

A responsabilidade do homem proporcionar alegria e felicidade para sua mulher é um princípio bíblico (Deuteronômio 24:5, Eclesiastes 6:3). A palavra hebraica para felicidade é “osher”. Lia, mulher de Jacó, sentindo-se feliz com o nascimento do segundo filho de sua serva Zilpa colocou-lhe o nome de Aser ou “Osher”, o qual significa afortunado, feliz ou felicidade (Gênesis 30:13 - ARA). Somente aqui felicidade é escrita com “osher”. Entanto, também se escreve felicidade com “esher” que significa bendito, abençoado, bem-aventurado ou verdadeiramente feliz (Dt 33:29, Jó 5:17, Salmos 146:5, I Rs 10:8). Logo, casal feliz é aquele que foi abençoado por Deus. A felicidade familiar e todas as demais bênçãos já foram dadas aos cristãos pelo Deus bendito, basta irmos a Cristo que nele está a alegria e a verdadeira felicidade (Efésios 1:3).

Sabemos que no passado o descaso dos maridos com esse ônus espiritual de proporcionar felicidade conjugal tornou-se fonte de muitas brigas, separações, divórcios e divisões familiares, porém com a entrada da mulher no mercado de trabalho isso atualmente está distribuído entre ambos, devendo os dois manterem o foco de suas vidas na proteção da família, afastando-se das ilusões sentimentais, desejos materiais e carnais que circunstancialmente surgem pelo caminho. É natural a todos os homens o desejo buscar a felicidade, o que não é correto é colocar a felicidade pessoal como objetivo maior a ponto de atropelar e até destruir a própria família.

A excessiva preocupação com os próprios interesses estimula o egoísmo e o individualismo que são elementos da gênese do pecado e ainda viola o mandamento de amor próximo. O trabalho prospera uma família, mas o cônjuge trabalhar demais pode destruí-la – “Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz, os quais Deus te deu debaixo do sol; porque esta é a tua porção nesta vida pelo trabalho com que te afadigaste debaixo do sol.(Eclesiastes 9:9:21-24, 5:16-17 - ARA). O bem-estar cristão para não ser egoísta nem avarento condiciona-se os santos a olharem para o bem-estar da família, dos irmãos e do próximo. Na ordem de prioridade a família ocupa o segundo lugar entre os bens mais valiosos que um homem ou uma mulher devem preservar com todas suas forças, perdendo apenas para a submissão a Deus. Uma velhice feliz e amparada vai depender da observância desta regra moral que permeia o estilo de vida cristã.

Vejam o exemplo de Rute, a moabita. Era uma jovem viúva, trabalhadora e cheia de bondade com sua sogra, Noemi. “Certo dia, Noemi, sua sogra, lhe disse: "Minha filha, tenho que procurar um lar seguro, para sua felicidade.” (Rute 3:1- NVI). O amor de Rute ao Deus de Israel,  a condição de mulher trabalhadora e honrada proporcionou-lhe casar-se com Boaz, judeu de posse na cidade Belém. Rute estendeu a bênção do seu casamento à sua descendência, pois teve como filho Obede, Obede foi pai de Jessé e Jessé foi pai do maior rei de Israel, o rei Davi. Ou seja, o casamento deu-lhe bênçãos materiais e espirituais, e seus olhos viram o filho de seu filho ou neto (Jessé) e o bisneto (Davi) sendo honrados pelo Deus que ela amava.

O cristianismo não é incompatível com o estado de felicidade proporcionado pelo bem-estar da saúde física, desfrute de bens materiais ou condição financeira favorável, desde que não se descuide da vida espiritual e da salvação eterna, fazendo tudo sem abuso e consciente de que a aparência deste mundo passa e o tempo se abrevia (I Co 7:29-31), mas principalmente preservando o respeito aos pais, à família e aos irmãos, porque ao se cuidar do principal todas as demais coisas serão automaticamente ajustadas na mesma sintonia de felicidade.

Por vontade de Deus o homem é o chefe ou a cabeça da mulher e da família (Efésios 5:23), posição que lhe obriga a tomar a dianteira no dever de proteger, planejar, coordenar e executar os melhores cenários para sua família, proporcionado à esposa e aos filhos aquilo que lhe é possível. Foi assim que o apóstolo Pedro instruiu os maridos na convivência do lar – “Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações.” (I Pd 3:7).

Somos instruídos que a atenção familiar tem grande repercussão espiritual na vida dos casados, podendo não haver resposta de orações se suas vidas dentro do lar não estiverem conforme a vontade de Deus, o que envolve isenção de pecado e até mesmo a ausência de desentendimentos irreconciliáveis. Oh, glória, nos ajude Pai a permanecermos na sua presença!

*© Texto bíblico: ACF – SBTB