
Profeta: A sentinela que avisa dos perigos espirituais - Parte II
As revelações divinas também foram dadas às
mulheres, chamadas profetisas. A Bíblia identifica como profetisas Miriã (Ex
15:20), Débora (Juízes 4:4), Hulda (II Rs 22:14-20), Noadia (Neemias 6:14) e a mulher de
Isaías (Isaías 8:3). Débora e Hulda são as únicas profetisas usadas para transmitir
revelações de Deus a líderes da nação de Israel, podendo se ver que essas
manifestações femininas se deram quando não havia profetas entre os homens
devido a degradação moral e ética entre os homens israelitas, sobretudo pelo
envolvimento deles com o pecado da idolatria.
Com Miriã ficou mais claro o papel secundário das
profetisas no meio do povo de Israel, pois quando ela quis usurpar a função de
Moisés – o modelo clássico de profeta de Deus – cometeu pecado e foi tomada de
lepra (Números 12:1-10). O profeta Ezequiel relata a existência de um grupo de
mulheres que profetizavam “de coração”, enganando o povo, o que atraiu a
repreensão e o juízo do Senhor: “Visto que entristecestes o coração do justo
com falsidade, não o havendo eu entristecido; e fortalecestes as mãos do ímpio,
para que não se desviasse do seu mau caminho, para conservá-lo em vida. Portanto não
vereis mais vaidade, nem mais fareis adivinhações; mas livrarei o meu povo da
vossa mão, e sabereis que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 13:22-23).
A função de profeta e de sacerdote tem atividades
semelhantes, porém desde a antiga aliança os profetas sempre tiveram
superioridade e predominância espiritual no que diziam diante dos homens, pois
suas palavras eram as próprias palavras de Deus. Os profetas repreendiam os
sacerdotes quando eles se desviam dos caminhos do Senhor – “O meu povo foi
destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o
conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote
diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também
eu me esquecerei de teus filhos.” (Oséias 4:6).
A função sacerdotal faz o caminho inverso do feito
pelo profeta – o profeta recebe a mensagem de Deus e a transmite aos homens -,
ao passo que o sacerdote ora a Deus fazendo a mediação entre o homem e Deus. Em
suma, o profeta recebe a mensagem dos céus e o sacerdote envia uma oração aos
céus, ambos exercendo a intermediação entre Deus e os homens.
É da natureza do amor de Deus que todos os homens
cheguem a salvação, princípio ensinado no velho e novo testamento. Ezequiel
repete duas vezes que Deus não tem prazer na morte do ímpio, mas que ele se
converta de seus maus caminhos e viva (Ezequiel 18:23:11) e o apóstolo Paulo
também o apregoa à Igreja dizendo que Deus “quer que todos os homens se
salvem, e venham ao conhecimento da verdade.” (I Tm 2:4 e I Ts
5:9-10). O
termo “venham ao conhecimento da verdade” (greg. “eis epignosis
erchomai”) no novo testamento refere-se ao conhecimento de coisas éticas e
da verdade espiritual.
Somente o conhecimento da verdade fará o homem
perceber o erro – no grego a palavra pecado (‘hamartia”) significa “errar
o alvo” - e desviar-se dele para não perder sua comunhão com Cristo e a
salvação eterna.
Pedro explica que o ministério dos profetas da
velha aliança, inspirado pelo Espírito Santo, revelou-lhes o sofrimento de
Cristo e a glória que lhes sucederia nas coisas espirituais trazidas pelo
evangelho. Os profetas antigos revelaram a salvação do tempo da graça – “Aos
quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam
estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito
Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos
desejam bem atentar.” (I Pd 1:12), bem se vendo que todos, profetas da
antiga e da nova aliança, sempre estiveram debaixo do mesmo Espírito.
O ministério de profeta (greg. “prophetes”)
permanece operando no novo testamento como um dom ministerial (Efésios 4:12), aquele
que é exercido por um profeta ungido pelo Espírito Santo – o profeta Ágabo (At
21:10) -, secundado pelo dom comum de profetizar (greg. “propheteuo”), o
que é visto nas quatro filhas do evangelista Filipe (Atos 21:9) e nos crentes que
forem batizados com o Espírito Santo (Atos 2:17-18, I Co 11:4-5), em divisão
semelhante ao que havia na velha aliança entre profetas e videntes, aqueles com
mais unção e estes com menos.
Irmãos, oremos ao Senhor para nos abençoe com esses
ou outros espirituais, a fim de sermos usados como instrumento da sua justiça.