Estudo Bíblico

Profeta: A sentinela que avisa dos perigos espirituais - Parte II

Profeta: A sentinela que avisa dos perigos espirituais - Parte II

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 3 Minutos

As revelações divinas também foram dadas às mulheres, chamadas profetisas. A Bíblia identifica como profetisas Miriã (Ex 15:20), Débora (Juízes 4:4), Hulda (II Rs 22:14-20), Noadia (Neemias 6:14) e a mulher de Isaías (Isaías 8:3). Débora e Hulda são as únicas profetisas usadas para transmitir revelações de Deus a líderes da nação de Israel, podendo se ver que essas manifestações femininas se deram quando não havia profetas entre os homens devido a degradação moral e ética entre os homens israelitas, sobretudo pelo envolvimento deles com o pecado da idolatria.

Com Miriã ficou mais claro o papel secundário das profetisas no meio do povo de Israel, pois quando ela quis usurpar a função de Moisés – o modelo clássico de profeta de Deus – cometeu pecado e foi tomada de lepra (Números 12:1-10). O profeta Ezequiel relata a existência de um grupo de mulheres que profetizavam “de coração”, enganando o povo, o que atraiu a repreensão e o juízo do Senhor: “Visto que entristecestes o coração do justo com falsidade, não o havendo eu entristecido; e fortalecestes as mãos do ímpio, para que não se desviasse do seu mau caminho, para conservá-lo em vida. Portanto não vereis mais vaidade, nem mais fareis adivinhações; mas livrarei o meu povo da vossa mão, e sabereis que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 13:22-23).

A função de profeta e de sacerdote tem atividades semelhantes, porém desde a antiga aliança os profetas sempre tiveram superioridade e predominância espiritual no que diziam diante dos homens, pois suas palavras eram as próprias palavras de Deus. Os profetas repreendiam os sacerdotes quando eles se desviam dos caminhos do Senhor – “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.” (Oséias 4:6).

A função sacerdotal faz o caminho inverso do feito pelo profeta – o profeta recebe a mensagem de Deus e a transmite aos homens -, ao passo que o sacerdote ora a Deus fazendo a mediação entre o homem e Deus. Em suma, o profeta recebe a mensagem dos céus e o sacerdote envia uma oração aos céus, ambos exercendo a intermediação entre Deus e os homens.

Todo profeta tem a obrigação de pregar a mensagem do evangelho da salvação, anunciando que Cristo morreu para pagar a dívida espiritual do pecado que a humanidade tinha com Deus (Colossenses 2:14), bastando professar fé em nome de Cristo para receber a salvação eterna (vs. 3-6).

É da natureza do amor de Deus que todos os homens cheguem a salvação, princípio ensinado no velho e novo testamento. Ezequiel repete duas vezes que Deus não tem prazer na morte do ímpio, mas que ele se converta de seus maus caminhos e viva (Ezequiel 18:23:11) e o apóstolo Paulo também o apregoa à Igreja dizendo que Deus “quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.” (I Tm 2:4 e I Ts 5:9-10). O termo “venham ao conhecimento da verdade” (greg. “eis epignosis erchomai”) no novo testamento refere-se ao conhecimento de coisas éticas e da verdade espiritual.

Somente o conhecimento da verdade fará o homem perceber o erro – no grego a palavra pecado (‘hamartia”) significa “errar o alvo” - e desviar-se dele para não perder sua comunhão com Cristo e a salvação eterna.

Pedro explica que o ministério dos profetas da velha aliança, inspirado pelo Espírito Santo, revelou-lhes o sofrimento de Cristo e a glória que lhes sucederia nas coisas espirituais trazidas pelo evangelho. Os profetas antigos revelaram a salvação do tempo da graça – “Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar.” (I Pd 1:12), bem se vendo que todos, profetas da antiga e da nova aliança, sempre estiveram debaixo do mesmo Espírito.

O ministério de profeta (greg. “prophetes”) permanece operando no novo testamento como um dom ministerial (Efésios 4:12), aquele que é exercido por um profeta ungido pelo Espírito Santo – o profeta Ágabo (At 21:10) -, secundado pelo dom comum de profetizar (greg. “propheteuo”), o que é visto nas quatro filhas do evangelista Filipe (Atos 21:9) e nos crentes que forem batizados com o Espírito Santo (Atos 2:17-18, I Co 11:4-5), em divisão semelhante ao que havia na velha aliança entre profetas e videntes, aqueles com mais unção e estes com menos. A própria Bíblia explica que até Samuel o profeta era chamado de vidente ou "homem de Deus", pois ainda não havia se manifestado nenhum profeta escritor – aquele que recebia e registrava por escrito a palavra de Deus - e Samuel foi o primeiro deles (I Sm 9:6-9), excluído o patriarca Moisés.

Irmãos, oremos ao Senhor para nos abençoe com esses ou outros espirituais, a fim de sermos usados como instrumento da sua justiça.

*© Texto bíblico: ACF – SBTB