
Como a igreja lida com caluniadores?
“Sem
afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores,
incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons” (II Tm 3:3).
A palavra ensina que nos últimos dias
teremos tempos trabalhosos, com o homem fortemente apegado ao egoísmo para
promoção pessoal, deixando o propósito da palavra de Deus em posição inferior à
sua vontade particular de fazer as coisas como bem entender. O caluniador (greg. “diabolos”) é alguém que acusa falsamente outrem com o mero intuito
de difamar ou arruinar a honra e o caráter alheio. A difamação (greg. “katalalos”) tradicional mira causar
descrédito e abalo moral na reputação pública do ofendido. Satanás era um
caluniador ou difamador dos homens diante de Deus (Jó 1:7 e Apocalipse 12:10). A
malignidade do difamador supera a do fofoqueiro, pois enquanto este conta fatos
negativos da vida alheia, que o melhor seria que não se tornasse divulgado por
uma boca abençoada, o que difama fala mal das pessoas inventando fatos irreais movido
pela maldade de ofender. Não se iludam, na igreja também há joio, como foi ensinado
por Jesus na parábola do joio e do trigo (Mateus 13:24-30).
A Bíblia também o chama de maldizente
(greg. “diabolos”), pois são pessoas
dadas a encontrar faltas no comportamento e conduta de outros e a espalhar suas
insinuações e críticas pela igreja (I Tm 3:11, II Tm 3:3, Tito 2:3). Logo, o acusador ou difamador são aqueles que fazem
acusações, comentários maliciosos em oposição aos princípios e
regras de convivência entre irmãos ou por
ser contra alguma verdade espiritual com a qual não
concorda nem pratica, motivado por interesses pessoais ou simplesmente por
perversidade – “Pois
não dormem, se não fizerem mal, e foge deles o sono se não fizerem alguém
tropeçar. Porque comem o pão da impiedade, e bebem o vinho da violência.” (Pv
4:16-17).
Todo
caluniador ou aquele que tem má língua age pelo espírito de Satanás e da mesma
maneira que Satanás não permaneceu no céu “o caluniador não se estabelecerá na terra;” (Sl
140:11 - ARA). Se quem calunia soubesse o que lhe espera como juízo
retrocederia no que faz, pois, Tiago ensina-nos que a língua injuriosa funciona
como um fogo que contamina todo o corpo do mal falador – exatamente como se
espalha uma doença infecciosa por todo o corpo a partir de uma ferida aberta (a
língua) - podendo-lhe causar enfermidades, e oportunamente queimá-lo com o
mesmo poder destrutivo do fogo do inferno (greg. “geenna”), pois a língua caluniadora é inflamada por demônios (Tg
3:6). “Geenna” é sinônimo de inferno,
mas “designava originalmente o Vale do
Hinom, ao sul de Jerusalém, onde o lixo e os animais mortos da cidade eram
jogados e queimados. É um símbolo apropriado para descrever o perverso e sua
destruição futura” (Dicionário Strong).
Nestes
tempos de internet e de redes sociais, mundo virtual que alguns ainda imaginam
fora do controle e do alcance da lei, precisamos ser prudentes e cautelosos nas
opiniões, pois a facilidade de falar poderá acarretar dificuldade para explicar
quando tudo estiver sendo tratado no mundo real, frente a frente, fora do mundo
virtual.
A
igreja não foi estabelecida para ser enganada por pessoas perversas ou mal intencionadas
influenciadas por Satanás, porquanto a palavra assegura que ninguém será punido
ou excluído do corpo de Cristo por fofoca ou calúnia: “Uma só testemunha contra alguém não se levantará por qualquer
iniquidade, ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que cometeu; pela
boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, se estabelecerá o
fato.” (Deuteronômio 19:15). Além de ser uma regra do antigo testamento, também se
arvora em princípio diretivo de regulação da convivência na casa de Deus.
Também
é certo que a igreja não deve fazer vista grossa para pecadores impenitentes
que convivem na congregação dos justos, contudo existe a maneira correta de se
manter a disciplina e a retidão moral dos membros do corpo de Cristo –“Aos que pecarem, repreende-os na presença de
todos, para que também os outros tenham temor.” (I Tm 5:20). A mesma segurança
e paz contra falsa acusação a favor dos presbíteros ou pastores foi expressamente
prevista no novo testamento, precaução providencial por ser a mentira o instrumento
preferido de Satanás – “Não aceites
acusação contra o presbítero, senão com duas ou três testemunhas.” (I Tm
5:19, João 8:17).
Então, o que fazer contra o caluniador? Nada. Ele próprio vai atrair o mal contra si (Provérbios 11:17:8, Colossenses 3:25). O Bom Rei diz que não ficará na sua casa o que usa de fraude, o mentiroso, o soberbo nem o caluniador – “Ao que às ocultas calunia o próximo, a esse destruirei;” (Salmos 101:5). Contudo, o homem e a mulher santos não podem aceitar ofensas sem procurar o irmão da igreja para conversar: “O justo odeia a palavra de mentira, mas o ímpio faz vergonha e se confunde.” (Pv 13:5). O justo odeia a mentira, não o mentiroso. Não guarde sentimento de vingança nem de desprezo, seja longânimo e paciente na oração e no amor, pois isso incomodará mais o caluniador do que uma ofensa como revide.
Esta
disciplina para resolução de questão na igreja foi confirmada e ensinada pelo
próprio Senhor Jesus: “Ora,
se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te
ouvir, ganhaste a teu irmão; Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou
dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja
confirmada.” (Mateus 18:15-16).
Todo
inocente tem um grito natural de indignação, que é a mais simples forma de
legítima defesa. E, ao ouvir uma fofoca, o homem sábio se cala porque antes de
opinar ou concordar avaliará a situação (Provérbios 17:28). O princípio espiritual ensinado
por Jesus nessas questões de confusões e intrigas é o perdão, pois só ele apaga
multidão de pecado e reflete a prática da verdade e da justiça no coração dos
irmãos em Cristo (Colossenses 3:13).
Espera
em Deus, a verdade brilhará gloriosa no meio do povo santo: “Não digas: Vingar-me-ei do mal; espera pelo
Senhor, e ele te livrará.” (Provérbios 20:22:11, 24:29, Romanos 12:21).