“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.” (Mateus 5:27-30).

Para consumar o adultério, conforme o ensino bíblico, não mais é necessário uma mulher ou um homem casado deitar-se com alguém que não seja o cônjuge, porquanto à consumação desse pecado basta a cobiça, o olhar lascivo ou o desejo íntimo no pensamento. Cobiçar (greg. “epithumeo”) é desejar algo licitamente, ansiar coisas proibidas ou sentir luxúria. (Mateus 5:28:22, Lucas 22:15, Atos 20:33, I Co 10:6, Gl 5:17, Efésios 4:22, Filipenses 1:23, I Tm 3:1, 6:11 e Apocalipse 9:6). Este não é um desejo comum, mas algo intenso na carne do homem. Foi o desejo de Jesus em comer a última páscoa com os apóstolos (Lc 22:15); é o desejo do filho pródigo de comer as bolotas que os porcos comiam (Lucas 15:16) e também o desejo intenso que os anjos têm de conhecer as revelações do evangelho de Cristo que são ministradas aos homens (I Pd 1:12).

Jesus considerou que a entrada da raiva, da cólera e do ódio no coração ou nos pensamentos do homem equivale a praticar aquilo que está movendo o ânimo em seu íntimo (Mateus 5:22). Não é necessário matar alguém para que o pecado do homicídio se consuma, basta ter a intenção de fazê-lo.

A Bíblia admite que também se peca por pensamento – “O pensamento do tolo é pecado, e abominável aos homens é o escarnecedor.” (Provérbios 24:9, Tg 1:14-15). Assim, o mero olhar cobiçoso atrai as trevas do pecado do adultério. Interessante observar que o verbo “escandalizar” usado por Jesus tem origem na palavra escândalo (greg. “skandolon”) que significa armadilha, laço, oportunidade para cair, cilada ou pedra de tropeço. Ou seja, o próprio olhar é o laço ou a armadilha que se deve evitar para não cair em adultério, pois gera a concupiscência.

E o uso das mãos? Certamente há situações que os olhos não podem cometer o adultério, os quais são substituídos pelas mãos como é o caso de quem se relaciona por carta ou por outro meio de comunicação à distância, circunstância que a cobiça não surge da atração visual do corpo físico, mas das palavras ditas. Na linguagem bíblica a frase idiomática “mão direita” (greg. dexios”) é aquela que faz o bem ou a “mão boa”. Por isso não devemos deixar que nossa mão esquerda (greg. “aristeros”), considerada a “mão fraca” ou “mão ruim”, saiba o que faz a mão direita, ou simplesmente não devemos deixar que os outros saibam o bem que estamos fazendo quando isso pode se tornar fonte de orgulho pessoal (Mt 5:30).

O conceito filosófico de amor platônico é um sentimento que se enquadra nesse tipo de adultério, pois naquele o amor é idealizado dentro de alguém sem que a pessoa desejada saiba, por vezes, que é objeto de desejo alheio, por ser uma paixão ou sentimento idealizado, inalcançável nem realizável, vivido somente no imaginário de quem o idealiza, por se mostrar um sentimento transcendente ao corpo físico.

A pornografia na vida do homem ou da mulher casada é adultério porque eles foram seduzidos e vão atrás de satisfazer o desejo sexual fora do matrimônio, mesmo de forma unilateral. Hoje muitos estão viciados na pornografia pela facilidade de acesso ininterrupto via internet, inclusive pessoas que congregam e frequentam a igreja do Senhor, e apenas serão libertadas deste comportamento libidinoso quando se quebrantarem e pedirem o auxílio de Deus, como fez o salmista quando seus pecados se tornaram fardos pesados e insuportáveis sobre seus lombos (Salmos 38:4).

As plataformas de conteúdo adulto – entenda-se consumo de pornografia – sempre estão as mais acessadas no país, juntamente com as apostas online, bem se vendo como aumentou grandemente a pornografia virtual, a qual sem dúvida estimula outras diversas práticas sexuais, lícitas e ilícitas, viciando multidões de pessoas nesse novo tipo de escravidão mental e espiritual.

Que Deus tenha misericórdia daqueles que, casados ou solteiros, entraram nesses sites e aparentemente saíram sem sequelas, daqueles que entraram e não mais conseguiram sair porque se viciaram e estão amarrados pelos laços do diabo, envolvidos em trevas sofrendo a angústia desta prática pecaminosa.

Todas estas almas e quaisquer outras que estão sofrendo de maneira insuportável precisam buscar Jesus para serem curadas, restaurarem o casamento, a família e viverem felizes, pois o Senhor mesmo as chamou – “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mt 11:28).

*© Texto bíblico: ACF – SBTB