
A mudança do nome de Josué: Perspectiva da salvação
“Estes são os nomes dos homens que Moisés
enviou a espiar aquela terra; e a Oséias, filho de Num, Moisés chamou Josué.”
(Números 13:16)
Quem lê Números 13:16 entende que nesse tempo – quando se escolheu
os doze espias para vistoriarem a terra de Canaã – Moisés mudou o nome de
Josué, que antes era chamado pelo nome de batismo Oseias (heb. “Hoshea”), porém não foi assim que
aconteceu. A primeira vez que aparece o nome de Josué na Bíblia o povo de
Israel tinha sido libertado do Egito e caminhava em direção ao monte Sinai,
passando pelo deserto de Refidim, localidade próximo do destino final do êxodo
israelita.
Nesse local Amaleque, uma tribo nômade, atacou Israel e
Moisés ordenou que Josué escolhesse homens para irem à peleja contra os
inimigos. Travado o combate, Moisés, Arão e Hur posicionaram-se em cima do
monte para intercederem a favor dos israelitas “e
acontecia que, quando Moisés levantava a sua mão, Israel prevalecia; mas quando
ele abaixava a sua mão, Amaleque prevalecia.” (Êxodo 17:11). As mãos
de Moisés eram pesadas, de modo que ele assentou-se numa pedra, com Arão e Hur
sustentando suas mãos até o pôr-do-sol, e assim Josué venceu Amaleque a fio de
espada.
Nada
foi dito acerca do motivo dessa mudança de nome antes dele aparecer como primeiro
comandante do exército da história do povo de Israel, bem como este é um
daqueles assuntos que nada foi revelado, ficando guardado com Deus sua razão.
Contudo, ficou
claro que a escolha de Josué foi feita por Deus, porquanto por meio da
imposição Moisés transferiu-lhe a unção de poder e autoridade do Espírito Santo
da qual estava revestido para liderar o povo de Israel (Deuteronômio 34:9).
Mas, podemos indagar por que a mudança de nome ocorreu antes
da batalha com os amalequitas? Josué em hebraico significa “Yahweh salva” ou “Deus
salva ou é a salvação”. A resposta mais aceita relaciona a função de Josué
consistente em conduzir Israel à terra prometida com a do Messias em conduzir o
povo de Deus para os céus. O nome “Yeshua”
é o nome de Jesus em hebraico, o que liga a missão de Josué com a missão de
Jesus que é levar o povo de Deus ao lugar de descanso. No primeiro, o descanso
era terreno na terra de Canaã, ao passo que o segundo o descanso é espiritual
ou a vida eterna. A mudança do nome antes da batalha contra os amalequitas
também simboliza que todo aquele que se opor ao povo de Deus estará se opondo
ao “Yeshua” de Deus e será aniquilado
como foram os amalequitas, sendo riscada totalmente sua memória de debaixo dos
céus (Êxodo 17:14, I Sm 15:3), como sucederá espiritualmente com aqueles que
rejeitam a salvação pelo sangue de Jesus Cristo.
Qual é a missão de Jesus? O nome dele no hebraico é “Yehoshua” que significa “Javé é salvação”. Jesus é nome grego
equivalente a “Yehoshua” e também significa “Javé é salvação”. Ou seja, tanto no
velho testamento como no novo a missão que fez o Senhor encarnar e vir ao mundo
foi colocada em seu próprio nome: Ele veio para salvar os homens de seus
pecados. Isso foi revelado pelo anjo do Senhor a José antes do nascimento dele:
“E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o
seu povo dos seus pecados.” (Mateus 1:21).
Percebe-se que só o nome de Jesus é um forte chamado à salvação para todos os homens. O outro nome usado pelo Filho de Deus é Messias (hebr. “Masiah”) ou “o Ungido”, que no grego foi traduzido como Cristo (greg. “Christos”) ou “Ungido”. Logo, a palavra Cristo significa “Ungido” na língua grega, sendo o termo equivalente à palavra messias (“ungido”) no hebraico. Ou seja, Cristo ou Messias não é um nome, mas um título messiânico da promessa divina. Jesus é o nome do Cristo de Deus (Lucas 1:31 e 2:21).
E como fica
a mudança de nome no novo testamento? Não há ensinamento nem indício ser mais
necessário que o cristão deve mudar de nome na conversão ou em consequência
dela. No início do ministério de Jesus ele mudou, por acréscimo, o nome de
Simão Barjonas (Mateus 16:17, João 1:42), acrescentando-lhe Pedro (greg. “Petros”), significando que Simão Pedro
seria uma “pedra” menor, lasca de uma
pedra, representante da pedra maior (greg. “Petra”)
que é Cristo, a Rocha, sobre a qual está fundada a Igreja do Senhor (Mateus 16:18).
Isso que ocorreu com Pedro guarda semelhança com o que ocorreu com a mudança do
nome de batismo de Josué, ligando seu nome à função para a qual foi escolhido e
designado por Deus.
Epafrodito
era um gentio/estrangeiro cooperador de Paulo. O nome dele diz muito sobre sua
origem, pois significa “protegido por
Afrodite”, a deusa pagã do amor, grandemente cultuada no templo que situado
em Corinto, cidade próxima de Filipos, onde Epafrodito e sua família moravam.
Sem dúvida, seus os pais o consagraram a essa deusa, contudo converteu-se a
Cristo sem ser instruído a mudar o nome evidentemente ligado ao paganismo. Mas,
ele tornou-se um grande cristão sem mudar de nome. Paulo ao iniciar sua primeira viagem
missionária (ano 48 d. C.) deixou de ser chamado pelo nome judaico (Saulo)
preferindo sua forma romana Paulo, provavelmente por ser mais compatível com
sua condição de apóstolo dos gentios. Não foi uma imposição, mas uma opção, vez
que desde sua conversão, ocorrida quando tinha cerca de 28 (vinte e oito) anos
de idade, entre os 33 e 36 d. C., até a mudança efetiva ocorreram cerca de quatorze
anos. Interessante observar que a mudança ocorreu quando o mesmo se encontrou
com o procônsul Sérgio Paulo, autoridade romana (Atos 13:9-10).
Jesus
ensinou na carta a Pérgamo que todo aquele que não negar a fé e for vencedor receberá
um novo nome escrito numa pedra branca, o qual ninguém conhece senão aquele que
for salvo, indicativo que o novo nome somente será conhecido na eternidade e
não nesta vida (Apocalipse 2:17). Ou seja, a conversão não dá direito a novo nome, mas
apenas a efetiva salvação e o mesmo será conhecido somente nos céus. O que a
Bíblia ensina é que o encontro ou a conversão a Cristo provoca mudança
interior, no caráter e na mente dos homens, porquanto toda mudança é operada
sobrenaturalmente pelo Espírito Santo de acordo com o tamanho da fé guardada no
coração. Logo, mudança de nome só quando estivermos na glória, como integrante
da família espiritual formada pelos que foram remidos pelo sangue de Cristo.