Estudo Bíblico

Aliança com sangue: Eficácia imediata no mundo espiritual

Aliança com sangue: Eficácia imediata no mundo espiritual

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 5 Minutos

E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos. (Mateus 27:50-53).

No antigo testamento, a celebração, a eficácia e a vigência espiritual de uma aliança sagrada exigia que a mesma fosse selada com o sangue de um animal e a parte que a descumprisse era amaldiçoada (Gn 15:8-21 e Jeremias 34:18-20). Dessa maneira foi celebrada a aliança da lei mosaica com a nação de Israel – “Então tomou Moisés aquele sangue, e espargiu-o sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o Senhor tem feito convosco sobre todas estas palavras.(Êxodo 24:8).

Da mesma maneira, a eficácia da nova aliança (novo testamento) no reino espiritual foi imediata, entrou em vigor no momento que Jesus morreu no calvário, poisabriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados” (Mateus 27:52). Fundado neste princípio divino Paulo diz: “e sem derramamento de sangue não há remissão.” (Hebreus 9:22). A grandeza da aliança do novo testamento é o fato da mesma ter sido pactuada entre os homens e Deus (representado pelo evangelho de Cristo) e selada com o sangue do seu próprio Filho, sangue que purificou não só o santuário terrestre como também as coisas do próprio santuário celestial, removendo dele a mancha dos pecados dos homens que causava separação entre eles e Deus (Hebreus 9:23 e Isaías 59:2).

A Bíblia registra que o momento exato da vitória de Cristo sobre a morte foi quando ele rendeu seu espírito na cruz – E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.” (João 19:30 e Lucas 23:46) -, pois imediatamente a isso ocorreu a ressurreição de muitos que haviam morridos e estavam enterrados nos cemitérios situados ao lado de Jerusalém: E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados;” (Mateus 27:52). A vitória sobre a morte, representada por essa ressurreição, ocorreu simultaneamente com o rasgo do véu do templo de alto a baixo, símbolo da abertura da reconciliação e do acesso direto do homem ao trono de Deus por meio do sangue do Cordeiro de Deus (Colossenses 2:16 e Hebreus 10:19-20). Jesus é a ressurreição e a vida, vitória que foi proclamada diante dos céus, da terra e até aos que estão no inferno (I Pd 3:19).

O mesmo princípio espiritual dessa eficácia imedita do sangue regeu um fato ocorrido na velha aliança, antes de Israel entrar na terra prometida, quando alguns israelitas, juntamente com as filhas dos moabitas, prostituiram-se inclinando-se aos deuses pagãos e comendo dos seus sacrifícios – homens israelitas prostituíram-se com mulheres moabitas e adoraram Baal-Peor enquanto o povo estava acampado em terras moabitas antes de atravessarem o rio Jordão (Números 25:1-3) -, o que atraiu a ira do Senhor que lhe enviou uma praga mortal no acampamento de Israel, a qual somente cessou quando Finéias “tomou uma lança na sua mão” e foi até a tenda do homem israelita que estava com uma mulher moabita “e os atravessou a ambos, ao homem israelita e à mulher, pelo ventre; então a praga cessou de sobre os filhos de Israel. E os que morreram daquela praga foram vinte e quatro mil.” (Números 25:7-9 e Sl 106:30).

O sangue derramado pelo sacerdote Fineias foi imediatamente recebido como sacrifício expiatório do pecado cometido por todos os israelitas que se deixaram seduzir pelas mulheres moabitas e midianitas, fazendo cessar a praga no meio do povo. Em sua lei Deus proibiu sacrifício humano (Lv 18:21, 20:2-5), mas alertou o povo que se alguém sacrificasse o filho ao demônio Moloque também seria morto, pois, esse demônio, sabedor da eficácia imediata no mundo espiritual que o sangue humano, pedia o sacrifício de criança a seus adoradores.

Então edificou Salomão um alto a Quemós, a abominação dos moabitas, sobre o monte que está diante de Jerusalém, e a Moloque, a abominação dos filhos de Amom. E assim fez para com todas as suas mulheres estrangeiras, as quais queimavam incenso e sacrificavam a seus deuses.” (I Rs 11:7-8).

Essa abominação ocorreu em Judá. Salomão, o rei mais sábio que existiu sobre a face da terra, influenciado por suas mulheres estrangeiras edificou um altar a Moloque, abominação dos amonitas, principalmente pelo fato da mãe do seu primeiro filho, Roboão, ser a amonita Naamá (I Rs 11:7, 14:21). No auge da idolatria que começou no reinado de Salomão – isso mesmo, foi no reinado de Salomão, o filho de Davi que Deus havia abençoado com muita sabedoria (I Rs 3:10-14) que se abriu as portas de Judá para a idolatria quando o mesmo se casou muitas mulheres estrangeiras (I Rs 11:1,4) -, o povo de Judá sacrificava os filhos a Moloque no vale de Hinom (Salmos 106:37-38 e Jeremias 32:35), abominação praticada até mesmo pelos reis Acaz (II Rs 16:3) e Manassés (II Rs 21:6).

Por sua vez, Josias (640-609 a. C.) o rei reformador, destruiu esses altares onde os judeus sacrificavam seus filhos (II Rs 23:10). Observa-se que o sangue tem poderes espirituais porque nele flui a alma invisível e imortal de cada homem criado por Deus (Levítico 17:11), razão pela qual ninguém pode pagar o preço de uma vida e o homicida torna-se um devedor eterno, poiso homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha.” (Provérbios 28:17 e 1:16-19), o que somente cessará quando for perdoado em Cristo e livrar-se da maldição e da perseguição a que estava sujeito porque Cristo se fez maldição por todos nós (Gálatas 3:13).

Esta perseguição espiritual em direção à sepultura acontece especialmente com aquele que derramou inocente, mas uma perseguição semelhante ocorre com os demais pecadores: “O mal perseguirá os pecadores, mas os justos serão galardoados com o bem.” (Provérbios 13:21), os quais vivem em permanente estado de calamidade, desprotegidos contra o poder do mal.

É a busca de favores demoníacos especiais que ainda nos dias de hoje bruxos e feiticeiras, agindo às escondidas e na escuridão da noite, fazem sacrifícios de crianças, mesmo sendo um ato proibido por Deus e também um crime gravíssimo diante das leis dos homens.

 O mundo inteiro está debaixo desta aliança redentora da cruz do calvário – Cristo morreu em substituição a todos os seres humanos (Hebreus 2:9 e I João 2:2) –, porquanto seu sangue servepara tirar os pecados de muitos” (Hebreus 9:28, Mateus 20:28, Romanos 4:25), não de todos, pois muitos homens o rejeitará, mas quem a aceitar e cumprir receberá a salvação eterna e aquele que não a cumprir sujeita-se à maldição do pecado e da perdição eterna.

Com o sacrifício de si mesmo Cristo aniquilou o pecado – Cristo, na condição de Filho do homem, esvaziou completamente o pecado de toda sua força destrutiva e maligna -, derrotando-o de uma vez para sempre na carne  e em fiel obediência ao Pai, com o que purificou-se ou apagou-se completamente da consciência de todo remido as obras mortas ou a culpa do pecado depois que ele confessa e arrepende-se de seus pecados (Atos 3:19), o que era impossível aos serviços e sacrifícios oferecidos pelo sumo sacerdote e pelos sacerdotes levitas. Nenhuma outra religião oferece essa possibilidade ao homem, só a Igreja do Senhor: livrar-se da culpa do pecado instantaneamente à sua confissão de pecados, pois isso é uma obra sobrenatural do Espírito Santo.

*© Texto bíblico: ACF – SBTB