
Aliança com sangue: Eficácia imediata no mundo espiritual
“E Jesus,
clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se
rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e
fenderam-se as pedras; E abriram-se os
sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram
ressuscitados; E, saindo dos sepulcros, depois da
ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.” (Mateus 27:50-53).
No antigo testamento, a celebração, a eficácia e a vigência espiritual de uma aliança sagrada exigia que a mesma fosse selada com o sangue de um animal e a parte que a
descumprisse era amaldiçoada
(Gn 15:8-21 e Jeremias 34:18-20). Dessa maneira
foi celebrada a
aliança da lei mosaica com a nação de Israel – “Então tomou Moisés aquele sangue, e
espargiu-o sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o Senhor tem
feito convosco sobre todas estas palavras.” (Êxodo 24:8).
Da mesma maneira, a eficácia da nova aliança (novo testamento) no reino
espiritual foi imediata, entrou em vigor no momento que Jesus
morreu no calvário, pois “abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos
que dormiam foram ressuscitados” (Mateus 27:52). Fundado neste princípio divino Paulo diz: “e sem derramamento de sangue não há remissão.” (Hebreus 9:22). A grandeza da
aliança do novo testamento é o fato da
mesma ter sido pactuada entre os homens e Deus (representado pelo evangelho de Cristo) e selada com o sangue
do seu próprio Filho, sangue que purificou não só o santuário terrestre como também as coisas do próprio santuário
celestial, removendo dele a mancha dos pecados dos homens que
causava separação entre eles e Deus (Hebreus 9:23 e Isaías 59:2).
A Bíblia registra que o momento exato da vitória de Cristo
sobre a morte foi quando ele rendeu seu espírito na cruz – “E, quando Jesus tomou o vinagre, disse:
Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.”
(João 19:30 e Lucas 23:46) -, pois imediatamente a isso ocorreu a ressurreição de
muitos que haviam morridos e estavam enterrados nos cemitérios situados ao lado
de Jerusalém: “E
abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram
ressuscitados;” (Mateus 27:52). A vitória sobre a morte, representada por essa ressurreição,
ocorreu simultaneamente com o rasgo do véu do templo de alto a baixo, símbolo
da abertura da reconciliação e do acesso direto do homem ao trono de Deus por
meio do sangue do Cordeiro de Deus (Colossenses 2:16 e Hebreus 10:19-20). Jesus é a
ressurreição e a vida, vitória que foi proclamada diante dos céus, da terra e
até aos que estão no inferno (I Pd 3:19).
O mesmo
princípio espiritual dessa eficácia imedita do sangue regeu um fato ocorrido na velha aliança, antes de Israel entrar na terra
prometida, quando alguns
israelitas, juntamente com as filhas dos
moabitas, prostituiram-se inclinando-se aos deuses pagãos e comendo dos
seus sacrifícios – homens israelitas prostituíram-se com mulheres
moabitas e adoraram Baal-Peor enquanto o povo estava acampado em terras
moabitas antes de atravessarem o rio Jordão (Números 25:1-3) -, o que atraiu a ira do
Senhor que lhe enviou uma praga mortal no acampamento de Israel, a qual somente cessou quando Finéias “tomou
uma lança na sua mão” e foi até a
tenda do homem israelita que estava com
uma mulher moabita “e os
atravessou a ambos, ao homem israelita e à mulher, pelo ventre; então a praga
cessou de sobre os filhos de Israel. E os que
morreram daquela praga foram vinte e quatro mil.” (Números 25:7-9 e Sl 106:30).
O sangue derramado pelo sacerdote Fineias foi imediatamente recebido como sacrifício expiatório do pecado cometido por todos os israelitas que se deixaram seduzir pelas mulheres moabitas e midianitas, fazendo cessar a praga no meio do povo. Em sua lei Deus proibiu sacrifício humano (Lv 18:21, 20:2-5), mas alertou o povo que se alguém sacrificasse o filho ao demônio Moloque também seria morto, pois, esse demônio, sabedor da eficácia imediata no mundo espiritual que o sangue humano, pedia o sacrifício de criança a seus adoradores.
“Então edificou Salomão um alto a Quemós, a
abominação dos moabitas, sobre o monte que está diante de Jerusalém, e a
Moloque, a abominação dos filhos de Amom. E assim fez para com todas as suas
mulheres estrangeiras, as quais queimavam incenso e sacrificavam a seus deuses.”
(I Rs 11:7-8).
Essa abominação ocorreu em Judá. Salomão, o rei mais sábio que existiu sobre a face da terra, influenciado por suas mulheres estrangeiras edificou um
altar a Moloque, abominação dos amonitas, principalmente pelo fato da mãe do seu primeiro filho, Roboão, ser a amonita
Naamá (I Rs 11:7, 14:21). No auge da idolatria que começou no reinado de Salomão –
isso mesmo, foi no reinado de Salomão, o filho de Davi que Deus havia abençoado com muita sabedoria (I Rs 3:10-14) que se abriu
as portas de Judá para a idolatria quando o mesmo se casou muitas mulheres estrangeiras (I Rs 11:1,4) -, o povo de Judá
sacrificava os filhos a Moloque no vale de Hinom (Salmos 106:37-38 e Jeremias 32:35),
abominação praticada até mesmo pelos reis Acaz (II Rs
16:3) e Manassés (II Rs 21:6).
Por sua vez,
Josias (640-609 a. C.) o rei reformador, destruiu esses altares onde os judeus sacrificavam seus filhos (II Rs 23:10). Observa-se
que o sangue tem poderes espirituais porque nele flui a alma invisível e imortal de cada homem criado por Deus (Levítico 17:11), razão pela qual ninguém pode pagar o preço de uma vida e o homicida torna-se um devedor eterno, pois “o
homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o
detenha.” (Provérbios 28:17 e 1:16-19), o que somente
cessará quando for perdoado em Cristo e livrar-se da maldição e da perseguição a que estava sujeito porque Cristo se fez
maldição por todos nós (Gálatas 3:13).
Esta perseguição espiritual em direção à
sepultura acontece especialmente com aquele que derramou inocente, mas uma
perseguição semelhante ocorre com os demais pecadores: “O mal perseguirá os pecadores, mas os justos serão galardoados com o
bem.” (Provérbios 13:21), os quais vivem em permanente estado de calamidade,
desprotegidos contra o poder do mal.
É a busca de
favores demoníacos especiais que ainda nos dias de hoje bruxos e feiticeiras, agindo às escondidas e na escuridão
da noite, fazem sacrifícios de crianças, mesmo sendo um ato proibido por Deus e também um crime gravíssimo diante das leis dos homens.
O mundo inteiro está
debaixo desta aliança redentora da cruz do calvário – Cristo
morreu em substituição a todos os seres humanos (Hebreus 2:9 e I João 2:2) –,
porquanto seu sangue serve “para tirar os pecados de muitos” (Hebreus 9:28, Mateus 20:28, Romanos 4:25), não de
todos, pois muitos homens o rejeitará, mas quem a aceitar
e cumprir receberá a salvação eterna e aquele que não a cumprir sujeita-se à maldição do pecado e da perdição eterna.
Com o
sacrifício de si mesmo Cristo aniquilou o pecado – Cristo, na condição de Filho do
homem, esvaziou
completamente o pecado de toda sua força
destrutiva e maligna -, derrotando-o de uma vez para sempre na carne e em fiel obediência ao
Pai, com o que purificou-se ou apagou-se completamente da consciência de todo remido as obras mortas ou a culpa do
pecado depois que ele confessa e
arrepende-se de seus pecados (Atos 3:19), o que era impossível aos serviços e sacrifícios oferecidos
pelo sumo sacerdote e pelos sacerdotes levitas. Nenhuma outra
religião oferece essa possibilidade ao homem, só a Igreja do Senhor: livrar-se
da culpa do pecado instantaneamente à sua confissão de pecados, pois isso é uma
obra sobrenatural do Espírito Santo.