
O que significa “preciosa é à vista do senhor a morte dos seus santos?”
“Preciosa é à vista do Senhor a
morte dos seus santos. Ó Senhor, deveras sou teu servo; sou teu servo,
filho da tua serva; soltaste as minhas ataduras.” (Salmos 116:15-16).
Numa primeira leitura da expressão “preciosa é à vista do Senhor” a morte dos santos fica a impressão
que Deus se agrada quando os santos morrem. Para entendê-la corretamente precisamos
visitar o contexto, pelo qual vemos um homem à beira da morte recebendo
livramento porque Deus ouviu suas orações e assim encontrou repouso para sua
alma – “Porque tu livraste a
minha alma da morte, os meus olhos das lágrimas, e os meus pés da queda.” (Sl
116:8).
Nota-se
que o tema central fala do livramento que
Deus dá em enfermidades mortais e também de laços de morte para que os santos
completem sua missão neste mundo. Deus fez isso com o povo de Israel e continua
fazendo com os cristãos que se encontram enfermos e desesperançados, pois esse socorro
espiritual é um privilégio de todos que foram lavados e remidos pelo sangue
precioso de Cristo (I Pd 1:18-19).
Antes de tudo precisa ficar claro que Deus não se alegra
nem quer a morte prematura dos que o temem, pois aos que o amam ele livra do
laço do passarinheiro, da peste perniciosa, da peste que anda na escuridão, da
mortandade que assola ao meio-dia, do leão, da serpente e os abençoa com longos
dias nesta terra (Salmos 91:16). Na língua hebraica a palavra preciosa (hebr. “yaqar”) tem o sentido de valioso,
custoso, altamente valorizado, glorioso (Salmos 72:14). Referida palavra hebraica foi
traduzida na Septuaginta (LXX), a versão grega do velho testamento escrita em
hebraico, pela palavra “timios” que significa
de grande valor, precioso, mantido em honra, estimado, especialmente querido
(Atos 5:34, I Co 3:12, Tiago 5:7, Hebreus 13:4, I Pd 1:19, Apocalipse 17:4:12, 16).
O versículo dezesseis (Salmos 116:16) traz o reconhecimento desse
grande livramento de morte quando o salmista diz “soltaste as minhas ataduras”, o que permite ver o quanto o doente estava próximo
de descer a sepultura, pois o mesmo já se via como um morto, envolvido em ataduras
para o velório e o sepultamento como era o costume, tal como ocorreu com o
corpo de Lázaro – “E o
defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto
num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir.” (João 11:44).
Salomão,
lançando uma palavra profética cerca de mil anos antes do nascimento do Senhor
Jesus, nosso Rei, disse que ele compadecer-se-ia do pobre e do aflito, salvaria
a alma dos necessitados, livrando-os do engano e da violência “porque precioso será o seu sangue aos olhos
dele” (Salmos 72:14). É a redenção dos justos pelo sangue do Filho de Deus que
torna precioso o sangue dos justos “aos
olhos dele” (Salmos 72:14) e preciosa a morte dos seus santos “à vista do Senhor” (Salmos 116:15).
Em comentário de referido texto do Salmo 116, Spurgeon afirma que “os que são redimidos com o sangue precioso são tão importantes para
Deus, que até mesmo as suas mortes são preciosas para Ele. Os leitos de morte
dos santos são muito preciosos para a igreja, ela frequentemente aprende muito
com eles; eles são muito preciosos para todos os crentes, que se alegram em guardar
as últimas palavras dos que morrem; mas são, acima de tudo, preciosos para o
próprio Senhor, que considera as mortes triunfantes dos seus filhos piedosos
com sagrado deleite. Se nós andamos perante a face do Senhor na terra dos
viventes, não precisamos temer morrer diante dele, quando chegar a hora de
nossa partida.” (Os tesouros de Davi – vol. 3 – CPAD).
A
justiça do Rei Eterno está sobre a alma do justo, o qual florescerá
continuamente porque sobre ele descerá o Espírito Santo de Deus como a chuva
que desce para umedecer a terra e haverá abundância de paz enquanto houver sol
e lua.
Então,
podemos compreender que a morte do justo torna-se preciosa porque sua alma foi
comprada pela justiça de Deus, que é o sangue de Jesus Cristo, pois Cristo é a
nossa justiça (I Co 1:30) e ao mesmo tempo a justiça de Deus (II Co 5:21), pois
a morte de Jesus Cristo é o único sacrifício que Deus aceita para perdoar os
pecados dos homens – “perdoando-vos
uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” (Ef
4:32, Romanos 5:1).