Estudo Bíblico

Tempo da visitação: Como estaremos quando Deus vier?

Tempo da visitação: Como estaremos quando Deus vier?

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 4 Minutos

Dizendo: Ah! se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos. Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todos os lados; E te derrubarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação.” (Lucas 19:42-44).

Trata-se de expressão usada pela primeira vez no Pentateuco, pelo próprio Senhor Deus (Ex 32:34), depois pelos profetas Isaías (Isaías 10:3), Jeremias (Jeremias 10:15:23, 23:12, 51:18) e no novo testamento por Jesus (Lucas 19:44) e pelo apóstolo Pedro (I Pd 2:12), lembrando a todos nós da necessidade de se reconciliar com Deus urgentemente, pois além do juízo eterno há também juízos que sobrevêm sobre o pecador ainda nesta vida – “Se o justo é punido na terra, quanto mais o perverso e o pecador!” (Provérbios 11:31).

Era uma expressão do hebraico usada para dizer que Deus visitava (hebr. “paqad”) os homens a fim dos mesmos responderem por suas ações boas ou más, comprovando que as pessoas sempre souberam que Deus está no controle de tudo e que um dia haverá prestação de contas daquilo que fazemos (Gn21:1, 50:25, Êxodo 32:34, Números 14:18, Jó 5:24, Salmos 80:14 e Jr 10:15, 23:12, 11:23, 23:2, 27:22, 51:18, Oséias 9:9), de modo que normalmente a visitação não era só entendida como castigo por causa dos pecados cometidos, mas também para o anúncio de bênçãos como o Senhor fez com Sara – (Gênesis 21:1).

O profeta Jeremias, em profecias contra as nações inimigas de Judá, usou o termo semelhante “tempo do seu castigo” em referência só ao juízo de condenação determinado por Deus sobre a nação do Egito (Jeremias 46:21), Edom (Jeremias 48:44), Amom (Jeremias 49:8) e Babilônia (Jeremias 50:27). Entretanto, falando acerca dos pecados dos moradores de Judá, alerta-os que seriam visitados pelo Senhor porque “tanto gostaram de andar errantes, e não retiveram os seus pés, por isso o Senhor não se agrada deles” (Jeremias 14:10, Salmos 89:32).

A locução linguística “o tempo da tua visitação” é usada no novo testamento para expressar a vinda do poder divino entre os homens, seja também como bênção ou juízo (Lucas 19:44 e I Pd 2:12), pois a palavra visitação (greg. “episkope”) é sinônima de inspeção ou ato pelo qual Deus examina e sonda os caminhos de alguém para ver se está fazendo corretamente o que tem que fazer, os atos e o caráter dos homens antes de julgar favoravelmente ou não seus destinos (Dicionário Strong). A origem desta palavra é o verbo visitar (greg. “episkeptomai”), que expressa o ato de ajudar alguém pobre, doente ou aflito, ser visitado por Deus (Lucas 1:68, 7:16).

E, Jesus confirma que o termo “tempo da visitação” é um tempo profético, como foi para a cidade de Jerusalém: “Ah! se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos.” (Lucas 19:42).

Fica evidente que não estamos abandonados nem deixados a ver a brisa passar, mas Deus sempre visita seu povo para ver o que cada morador está fazendo de certo ou errado nesta terra, ainda que alguém esteja sofrendo ou passando pelo cativeiro como ocorreu com a nação de Israel no Egito quando foi visitada por Deus (Êxodo 3:16:31).

No tempo da visitação de Judá e Jerusalém pelo juízo de Deus, cerca de quarenta anos após a morte de Jesus, quando ocorreu o cerco e a destruição de Jerusalém pelo exército romano (68 a 70 d. C.), a nação judaica permanecia afastada de Deus e o povo na miséria espiritual, vivendo a religiosidade dos fariseus e saduceus, pois havia rejeitado a mensagem do evangelho do Reino de Deus pregado por Jesus Cristo.

Deus não mais guiava nem protegia os israelitas, dada a rejeição do Filho de Deus como o Cristo prometido a seus pais pelo ministério dos profetas. Prova disso é que em lugar algum há registro de que quaisquer um dos apóstolos, líderes ou discípulos de Jesus foram mortos juntos com os judeus na destruição de Jerusalém, pois, nessa época a mensagem das boas novas e os mensageiros estavam propagando o evangelho fora da Judeia, pois os judeus haviam se tornado os principais perseguidores dos cristãos em todo Israel.

Isso aconteceu com Israel terreno. Não será diferente com o Israel espiritual, vez que os últimos dias serão tempos difíceis, de frieza espiritual, perseguições e aflições: “E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” (II Tm 3:12).

Os sinais da volta de Cristo estão confirmando cada mais as profecias bíblicas e novamente surgem as perseguições ao povo de Deus – a Igreja, ou o Israel espiritual -, algumas da maneira cruel e selvagem de séculos atrás, mas, em geral, as perseguições erguem-se contra os valores que sustentam a fé cristã. Vê-se aumentar assustadoramente a pauta contra os principais valores morais do cristianismo como casamento, família, vida, liberdade de culto e a perversão das funções biológicas de macho e fêmea criadas por Deus, mas que estão sendo distorcidas pelos defensores da identidade de gênero.

O tempo da visitação que esperamos acontecer com a segunda volta de Cristo será um momento de miséria moral e de grandes trevas. Isso foi o que indicou o Senhor Jesus a seus discípulos: “Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lc 18:8). Trevas também é o que não faltarão naquele dia. Na parábola das dez virgens o Senhor chegou para buscar sua noiva à meia-noite (Mateus 25:6), horário que simboliza a profunda escuridão do mundo quando Ele voltar.

No entanto, a alegria estará guardada no coração dos que pertencem à Igreja do Senhor. Paulo chama a volta e o aparecimento glorioso de Cristo nos céus de “bem-aventurada esperança” (Tito 2:13), pois, em verdade é o evento futuro mais esperado por todos os santos e por toda Igreja de Cristo.

Maranata! Ora vem Senhor Jesus (Apocalipse 22:20). Que Deus tenha misericórdia de nós e mantenha nossa fé até esse dia glorioso.

*© Texto bíblico: ACF – SBTB