
Prata com sujeira não tem valor
“Tira da prata as escórias, e sairá vaso para o fundidor;” (Provérbios 25:4)
Quando se extrai os minérios de rochas eles vêm com
pedaços de pedra e terra incrustradas, daí que primeiramente são lavados com água.
Isso também acontece com ouro e a prata. A prata (hebr. “keceph”) era um metal precioso, não tanto quanto o ouro, porém
tinha posição elevada a ponto de ser usada como moeda. Era claro indício de
riqueza possuir prata ou ouro. Antes do século VII a. C. não havia moeda na
Palestina, de modo que os metais preciosos como o ouro e a prata eram pesados
para ser dado como pagamento em negociações comerciais (Gênesis 23:16, Jó 28:15, Jr
32:10 e Mateus 26:15).
Na linguagem bíblica a prata simboliza 1) o preço da
redenção ou resgate da alma do homem, como foi estabelecido quando Deus ordenou
o arrolamento dos israelitas (Êxodo 30:12-13 e 38:25), 2) o preço de escravos, conforme
foi na venda de José como escravo aos midianitas (Gênesis 37:28) e 3) na “venda” de Jesus quando Judas o traiu por
trinta moedas de prata (Mateus 26:14-15), preço pelo qual foram resgatadas todas as
almas da humanidade por sua morte na cruz. As trinta moedas de prata que os príncipes dos
sacerdotes deram a Judas pagaram o resgate de todas as almas pecadoras (Mt
20:28, Gl
1:4, 2:20, Efésios 1:7, Colossenses 1:14 e I Tm
2:6).
O
mundo manifestou sua rejeição a Jesus quando o avaliou pelo mesmo preço que
valia um escravo, certamente porque sua verdade incomoda todos que vivem no
pecado. O preço da redenção ou resgate da alma e o preço de um escravo estão
associados entre si, pois os homens nascem servos do pecado e são libertados
desse domínio maligno pelo sangue de Cristo (Romanos 6:20-23).
Quando somos tirados do mundo, tal como se faz com a
prata, somos lavados dos pecados da velha natureza, não com água, mas pela
lavagem e renovação do Espírito Santo que ocorre no momento da conversão a
Cristo (Tito 3:5,
I Co 6:11). Esta é a primeira limpeza que Cristo
faz em nós. Depois precisamos continuar a ser lavados para nossa edificação, o
que é feito pela palavra de Deus e do evangelho (Efésios 5:26).
A lavagem mais profunda, que vasculha o íntimo e a
essência do homem é pela palavra do evangelho. Foi isso que Jesus disse aos
seus discípulos na parábola da videira (João 15:3). Quem se alimenta da palavra
está, ao mesmo tempo, aprofundando a limpeza espiritual e crescendo em
santidade. É a palavra de Deus que santifica (João 17:17). É por meio do
conhecimento da palavra que o crente se instrui em todos seus caminhos e
estabelece sua vida conforme a vontade de Deus.
“As palavras do Senhor são palavras puras,
como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes.” (Sl
12:6).
Este é o método bíblico de tirar as escórias (sujeira) da
alma (prata) dos homens: limpeza da alma pela purificação da palavra pura do
Senhor. Contudo, se o cristão não tem a presença do Espírito Santo habitando
dentro dele jamais terá convicção do pecado nem crescimento, pois é a unção do
Espírito que opera a mudança e modifica os sentimentos carnais em espirituais.
Não tem como enfrentar as fraquezas da carne apenas com a vontade da mente,
porque o diabo não quer libertar sua alma do engano do pecado, de modo que para
sua alma (prata) ter valor diante de Deus (fundidor) precisa haver entrega e
dependência total do Senhor Jesus. A ilusão do pecado é desfeita principalmente pelo
ensino da palavra de Deus nas congregações ou igrejas cristãs (Hebreus 3:13).
Assim é porque
somente o poder da palavra divina pode desvendar a armadilha, disfarce ou
aparência de bom que tem o pecado – depois de enganada por Satanás, Eva viu que
o fruto proibido era bom para se comer, agradável aos olhos, desejável para dar
entendimento e por esse último interesse o comeu e deu ao marido (Gênesis 3:6) -,
alertando os homens de suas consequências malignas terrenas e espirituais.
A palavra
revelada pergunta e responde: “Quem do imundo
tirará o puro? Ninguém.” (Jó 14:4). Só Deus tem poder para mudar a
essência da natureza humana e renovar a velha mente, o coração e toda a vida do homem
pela ação do Espírito Santo. É exclusividade do poder espiritual renovar o
homem natural tornando-o filho do Deus Altíssimo: “O Espírito
de Deus me fez; e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida.” (Jó 33:4). Se o corpo físico foi criado a partir do amor
entre o pai e a mãe de carne ou biológico – biblicamente o homem é chamado de
criatura antes de se converter a Cristo (Marcos 16:15) -, o homem espiritual que se
torna filho de Deus origina-se do poder vivificador que liberta a alma humana
do pecado e da morte, criação essencialmente espiritual: “Envias o teu
Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra.” (Salmos 104:30 e Zacarias 12:1).xxxx
Antes de ser santificado o espírito do crente foi
vivificado pela palavra de Deus (Sl 119:25, 37, 40, 50, 88, 93, 107, 149, 154, 156, 159). Todos nascemos em pecado, num
cativeiro espiritual e a libertação ou redenção somente é feita pelo sangue de
Jesus – “E da parte de Jesus
Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o príncipe
dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos
pecados,” (Ap 1:5b), vez que só
por ele nossos pecados são perdoados por Deus (Efésios 1:7 e I João 2:1-2).
O apóstolo João enfatiza esse poder do sangue de Jesus
dizendo: “o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de
todo o pecado.” (I Jo
1:7). Não há outra maneira de obter perdão de pecado. No poder
do evangelho está a regeneração de toda humanidade pecadora, por meio da
palavra de libertação e de poder pregada por Cristo.
Certo é que, se purificarmos nossa alma seremos como vaso
precioso na casa do Senhor, pois o azeite da unção – o Espírito Santo - é
demais valioso para ser colocado em vaso imperfeito, com trinchas e rachaduras,
de maneira que vaso escolhido é o homem e a mulher que se santificam para serem
úteis em toda obra do Reino de Deus.