
Arrependimento produz frutos
A nova criatura resultante do novo nascimento é uma nova existência em Cristo, passando a depender do Senhor em todas as coisas. Na transfiguração a luz saía de dentro do corpo de Jesus, resplandecia como o sol e suas vestes ficaram brancas como a luz. É algo diferente e sobrenatural.
Transformar-se espiritualmente é resplandecer a luz da glória de Cristo em nossa vida. É justamente nesse momento que cada um olha para o próprio íntimo e diz “que fiz eu?” (Jeremias 8:6), “a minha conduta é boa ou má?”, tudo em parâmetro com a verdade da palavra de Deus. Foi isso que João Batista exigiu dos fariseus e saduceus que iam ao rio Jordão presenciar os batismos que fazia: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento.” (Mateus 3:7-8).
Exemplo bíblico clássico disso é contado por Jesus na parábola dos dois filhos, a qual narra que o pai convida o primeiro filho para ir trabalhar na vinha, ele responde “sim, senhor; porém não foi”; e ao convidar ao segundo filho o mesmo responde “não quero”, mas depois, arrependido foi (Mateus 21:28-32). O segundo filho falou concisamente que não iria ajudar o pai, mas, ao reexaminar e pensar novamente naquilo que disse ao pai entendeu que agiu errado. Ele mudou de entendimento e de conduta para ir trabalhar na vinha. Aqui está o arrependimento de quem vivia sem Deus – os ímpios que estão fora da igreja. O outro filho, que aparentemente obedecia ao pai era um hipócrita: falava, se comprometia, mas não fazia a vontade do pai. Essas são as pessoas que entram pelas portas das igrejas, ouvem a palavra, falam e vestem-se como crentes, porém não fazem a vontade do Pai. O arrependimento insincero não deixa eles produzirem frutos porque não estão salvos.
A parábola de Jesus mostrou aos
principais sacerdotes e anciãos que eles precisariam mudar de entendimento
acerca das coisas espirituais se quisessem entrar no reino de Deus, pois até
aquele momento somente as pessoas que eles consideravam pecadoras, os
publicanos e meretrizes, estavam salvas porque tinham se arrependido e mudado
de vida com a pregação de João Batista, último profeta de Israel e primeiro
pregador do tempo da graça.
“E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus, que
vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a
fugir da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento;” (Mateus 3:7-8)
O início da caminhada cristã se dá no momento que o
pecador é convencido que precisa se arrepender de seus pecados para ser
vivificado espiritualmente – neste ponto prevalece a graça resistível da
doutrina do arminianismo, pois o homem pode resistir ao chamado de Deus à
salvação – “Porque Demas me desamparou, amando o
presente século, e foi para Tessalônica” (II Tm 4:10). Todo ser humano,
ímpio ou ateu, é racional acerca da existência do pecado e possui convicção que
o pecado é a desobediência à vontade de Deus. Ter convicção do pecado significa
que a mente humana foi convencida que viver sem fazer a vontade de Deus é estar
perdido eternamente. Atenção: nem todo convicto do pecado se arrepende,
preferindo alguns permanecerem mortos espiritualmente. Por conseguinte, o
arrependimento propriamente dito possui as seguintes fases:
1ª fase - mudança de mente: Aqui o convencimento
positivamente atingiu o coração do homem, toda sua pessoa é tomada pela vontade
de fazer a vontade de Deus. Todavia, o convencimento do Espírito Santo é um
estado espiritual temporário que precisa da edificação na fé para se tornar
permanente (Jd 3, 20), o que é totalmente compatível com as batalhas que todo
cristão terá que enfrentar contra as forças satânicas das trevas. A mente é
mudada pela palavra da verdade (Romanos 12:2), o que é visto exteriormente pela
mudança de comportamento, voltando-se principalmente à humildade e à paciência.
Não é arrependimento dizer que crê em Cristo e continuar vivendo como se vivia
antes, sem mudança substancial na vida – “somos transformados de glória em glória na
mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” (II Co 3:14-18). O
arrependimento diferencia-se do remorso porque neste a pessoa sente-se culpada,
entristece, contudo não muda de atitude, não se humilha, e, pior, volta a
cometer o pecado anteriormente cometido. Portanto, sem mudança ou fruto de
arrependimento não há efetivamente arrependimento e nem fé santa e verdadeira.
2ª fase -
tristeza: Enquanto estávamos na velha natureza, vivendo pelas
concupiscências da carne, éramos rebeldes, ingratos e indiferentes às coisas
espirituais. No momento que ocorre a confissão da fé em Cristo ocorre uma luta
no interior do homem, pois o abandono da vida passada coloca em lados opostos a
força da razão e o poder da fé, o que obviamente angustia o coração do
convertido, mas isso logo passa “porque a tristeza segundo Deus opera
arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende;” (II Co 7:10). De fato, é uma tristeza
passageira e o alívio vem de Deus, o Pai de todas as consolações.