
Confusão religiosa no culto e na adoração a Deus
“Adorai
ao Senhor na beleza da santidade;
tremei diante dele toda a terra.“ (Salmos 96:9).
Está ficando cada mais
difícil escolher igreja ou pregadores onde se ouvir o ensinamento autêntico da
palavra de Deus, principalmente na internet
onde doutrinas heréticas são disseminadas como verdade bíblica, com as seitas
oferecendo salvação específica e única para atrair adeptos que lhes ajudarão a
espalhar o engano religioso. Mas, isso é profético – “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias
sobrevirão tempos trabalhosos.” (II Tm 3:1).
Há um número expressivo de
igrejas que não se amoldam ao modelo bíblico de constituição, evangelismo,
ensino, adoração e louvor porque assimilaram métodos de atrair pessoas usados
pelo mundo, limitando tempo do culto para oferecer espaço no púlpito a ações
sociais, palestras, teatro, danças, ajuda psicoterapêutica e entretenimento,
competindo com aquilo que os fiéis têm disponível fora da igreja. Os prodígios,
sinais e milagres deram lugar aos aconselhamentos psicológicos, treinamento de
autoajuda, técnicas de neurociência, psicologia comportamental, etc.
Seus líderes estão
profundamente enganados, pois a igreja que encanta o mundo é a igreja santa,
que tem vida de oração e busca incessante pelo poder do evangelho de Cristo (Rm
1:16), não aquelas que aceitam hábitos e costumes mundanos. Se não houver
santidade, também não haverá o mover sobrenatural do Espírito Santo, pois, como
diz seu próprio nome, ele é Santo – “Fala a
toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Santos sereis,
porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.” (Lv
19:2).
O
aconselhamento pastoral é bíblico e função da igreja, mas a própria Bíblia diz
e ensina como deve ser o aconselhamento pastoral ou espiritual – “Porventura não te escrevi excelentes coisas,
acerca de todo conselho e conhecimento, Para fazer-te saber a certeza das
palavras da verdade, e assim possas responder palavras de verdade aos que te
consultarem?” (Provérbios 22:20-21). Quem não conhece a palavra de Deus com certeza
e confiança, precisa meditar nela e depois aconselhar quem precisa de ajuda,
pois ela cura o espírito, a alma e o corpo.
Os pregadores modernos
precisam reler com atenção o livro de Levítico para relembrarem que Deus não
aceita qualquer adoração ou serviço a pretexto de aproximar-se de seu
santuário, pois ali se registra como foi regulado cuidadosamente a maneira como
deve ser feita essa aproximação do homem em relação ao seu altar, especialmente
com reverência, temor e santidade, prescrevendo, a lei mosaica, em alguns casos,
até a morte do transgressor se fossem descumpridos os mandamentos de sua
adoração.
O livro de Levítico reservou
dez capítulos para tratar minuciosamente da santidade na comunhão dos homens
com Deus (Lv 17 a 27), chamados pelos estudiosos bíblicos de “Código de Santidade”. Neles o povo de
Israel aprendeu o modo aceitável de prestar culto e adoração a Deus, coisa que
os israelitas não sabiam porque viveram quatro séculos como escravos no Egito
(mundo) até serem libertados. É a mesma condição dos que se convertem a Cristo
e libertam-se da escravidão do pecado, da velha natureza e de seus pecados, os
quais, esses convertidos, precisam de contínuo ensinamento até conformarem suas
vidas com o padrão do evangelho do reino de Deus. Vida cristã não se aprende
num passe de mágica – ou quando disse “Eu
aceito Jesus” na resposta ao apelo feito na igreja -, mas é adquirida pelo
conhecimento bíblico e experiências espirituais com o Pai, o Filho e o Espírito
Santo.
Ainda sobre o livro de
Levítico, tem-se que suas instruções e mandamentos afastam todo pensamento
simplista que bastaria fazer qualquer adoração para ser aceito diante de Deus, pois
em seus capítulos se vê o zelo em instruir detalhamente o que e como deve ser a
maneira aceitável de cultuar e adorá-lo. A santidade divina sujeitava a todos –
e ainda sujeita porque Deus não mudou -, punindo qualquer um, até mesmo
sacerdotes e reis acaso descumprissem regras de santidade no templo.
Os sete primeiros capítulos do livro de Levítico aludem
aos sacrifícios em geral para toda congregação de Israel, mas os capítulos de
oito a dez cuidam especificamente da consagração e exercício da função
sacerdotal. A morte dos irmãos Nadabe e Abiú, sacerdotes levitas (Levítico 10:1-2),
mostrou o perigo de quem após ser consagrado para servir a Deus descumpre o
dever de santidade diante do seu altar onde jurou servir a Deus com santidade e
temor. É ensino que fala diretamente aos que pregam e ministram na presença do
Senhor, e ainda reflexamente relembra ao povo em geral a necessidade de ser
santo porque servimos a um Deus, que não tolera pecado nem iniquidade.
Os sacerdotes Nadabe e Abiú
foram mortos por causa de fogo estranho (Levítico 10:1-2 e 16:12); os duzentos e
cinquenta homens de posição do conselho da congregação de Israel do grupo de
Coré foram mortos porque se rebelaram contra a liderança de Moisés e Arão,
homens escolhidos e ungidos por Deus (Números 16:17-18); e o rei Uzias ficou
leproso porque queimou incenso diante do altar do Senhor, função que pertencia
a um sacerdote levita (II Cr 26:16-21). Podemos perceber que nesses exemplos
todos que foram castigados desrespeitaram a santidade de Deus na adoração e
serviço do santuário. Que nossas lideranças não percam esses ensinamentos nos
serviços, adoração e louvor que a igreja presta ao Senhor.
Sabemos que a santidade de
Deus não mudou, o novo testamento mudou somente a aliança dispensando a figura
do mediador na pessoa do sacerdote levita porque o véu que fazia separação
entre Deus e os homens foi rasgado (Mateus 27:51) e abriu-se um novo e vivo caminho
pelo sacrifício perfeito de Cristo, e agora em seu nome todos têm aceso pela fé
ao trono de Deus, pois, Cristo tornou-se nosso intercessor junto ao trono
celestial do Pai (Hebreus 7:25).
De tudo isso deve ficar claro
para nós cristãos que o novo testamento não revogou princípios divinos da
adoração e de culto revelados ao povo de Israel como santidade, reverência,
verdade ou obediência, mas somente aqueles mandamentos que foram estabelecidos
entre Deus e os israelitas no monte Sinai, como o sistema sacrificial de
animais, os dízimos da terra, o sábado, ofertas das primícias ou festas religiosas, como nos ensinou o Senhor Jesus (Mt
5:17).
Para não se desviar ou se perder num mundo tão
confuso como a atual geração, precisamos ficar na luz do evangelho da salvação
“porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as
igrejas dos santos.” (I Co 14:33). Glória a Deus e graça por
nosso Senhor Jesus Cristo.