Mensagem Bíblica

Confusão religiosa no culto e na adoração a Deus

Confusão religiosa no culto e na adoração a Deus

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 7 Minutos

Adorai ao Senhor na beleza da santidade; tremei diante dele toda a terra.“ (Salmos 96:9).

Está ficando cada mais difícil escolher igreja ou pregadores onde se ouvir o ensinamento autêntico da palavra de Deus, principalmente na internet onde doutrinas heréticas são disseminadas como verdade bíblica, com as seitas oferecendo salvação específica e única para atrair adeptos que lhes ajudarão a espalhar o engano religioso. Mas, isso é profético – “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.” (II Tm 3:1).

Há um número expressivo de igrejas que não se amoldam ao modelo bíblico de constituição, evangelismo, ensino, adoração e louvor porque assimilaram métodos de atrair pessoas usados pelo mundo, limitando tempo do culto para oferecer espaço no púlpito a ações sociais, palestras, teatro, danças, ajuda psicoterapêutica e entretenimento, competindo com aquilo que os fiéis têm disponível fora da igreja. Os prodígios, sinais e milagres deram lugar aos aconselhamentos psicológicos, treinamento de autoajuda, técnicas de neurociência, psicologia comportamental, etc.

Seus líderes estão profundamente enganados, pois a igreja que encanta o mundo é a igreja santa, que tem vida de oração e busca incessante pelo poder do evangelho de Cristo (Rm 1:16), não aquelas que aceitam hábitos e costumes mundanos. Se não houver santidade, também não haverá o mover sobrenatural do Espírito Santo, pois, como diz seu próprio nome, ele é Santo – “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.” (Lv 19:2).

O aconselhamento pastoral é bíblico e função da igreja, mas a própria Bíblia diz e ensina como deve ser o aconselhamento pastoral ou espiritual – “Porventura não te escrevi excelentes coisas, acerca de todo conselho e conhecimento, Para fazer-te saber a certeza das palavras da verdade, e assim possas responder palavras de verdade aos que te consultarem?” (Provérbios 22:20-21). Quem não conhece a palavra de Deus com certeza e confiança, precisa meditar nela e depois aconselhar quem precisa de ajuda, pois ela cura o espírito, a alma e o corpo.

Os pregadores modernos precisam reler com atenção o livro de Levítico para relembrarem que Deus não aceita qualquer adoração ou serviço a pretexto de aproximar-se de seu santuário, pois ali se registra como foi regulado cuidadosamente a maneira como deve ser feita essa aproximação do homem em relação ao seu altar, especialmente com reverência, temor e santidade, prescrevendo, a lei mosaica, em alguns casos, até a morte do transgressor se fossem descumpridos os mandamentos de sua adoração.

O livro de Levítico reservou dez capítulos para tratar minuciosamente da santidade na comunhão dos homens com Deus (Lv 17 a 27), chamados pelos estudiosos bíblicos de “Código de Santidade”. Neles o povo de Israel aprendeu o modo aceitável de prestar culto e adoração a Deus, coisa que os israelitas não sabiam porque viveram quatro séculos como escravos no Egito (mundo) até serem libertados. É a mesma condição dos que se convertem a Cristo e libertam-se da escravidão do pecado, da velha natureza e de seus pecados, os quais, esses convertidos, precisam de contínuo ensinamento até conformarem suas vidas com o padrão do evangelho do reino de Deus. Vida cristã não se aprende num passe de mágica – ou quando disse “Eu aceito Jesus” na resposta ao apelo feito na igreja -, mas é adquirida pelo conhecimento bíblico e experiências espirituais com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Ainda sobre o livro de Levítico, tem-se que suas instruções e mandamentos afastam todo pensamento simplista que bastaria fazer qualquer adoração para ser aceito diante de Deus, pois em seus capítulos se vê o zelo em instruir detalhamente o que e como deve ser a maneira aceitável de cultuar e adorá-lo. A santidade divina sujeitava a todos – e ainda sujeita porque Deus não mudou -, punindo qualquer um, até mesmo sacerdotes e reis acaso descumprissem regras de santidade no templo.

Os sete primeiros capítulos do livro de Levítico aludem aos sacrifícios em geral para toda congregação de Israel, mas os capítulos de oito a dez cuidam especificamente da consagração e exercício da função sacerdotal. A morte dos irmãos Nadabe e Abiú, sacerdotes levitas (Levítico 10:1-2), mostrou o perigo de quem após ser consagrado para servir a Deus descumpre o dever de santidade diante do seu altar onde jurou servir a Deus com santidade e temor. É ensino que fala diretamente aos que pregam e ministram na presença do Senhor, e ainda reflexamente relembra ao povo em geral a necessidade de ser santo porque servimos a um Deus, que não tolera pecado nem iniquidade.

Os sacerdotes Nadabe e Abiú foram mortos por causa de fogo estranho (Levítico 10:1-2 e 16:12); os duzentos e cinquenta homens de posição do conselho da congregação de Israel do grupo de Coré foram mortos porque se rebelaram contra a liderança de Moisés e Arão, homens escolhidos e ungidos por Deus (Números 16:17-18); e o rei Uzias ficou leproso porque queimou incenso diante do altar do Senhor, função que pertencia a um sacerdote levita (II Cr 26:16-21). Podemos perceber que nesses exemplos todos que foram castigados desrespeitaram a santidade de Deus na adoração e serviço do santuário. Que nossas lideranças não percam esses ensinamentos nos serviços, adoração e louvor que a igreja presta ao Senhor.

Sabemos que a santidade de Deus não mudou, o novo testamento mudou somente a aliança dispensando a figura do mediador na pessoa do sacerdote levita porque o véu que fazia separação entre Deus e os homens foi rasgado (Mateus 27:51) e abriu-se um novo e vivo caminho pelo sacrifício perfeito de Cristo, e agora em seu nome todos têm aceso pela fé ao trono de Deus, pois, Cristo tornou-se nosso intercessor junto ao trono celestial do Pai (Hebreus 7:25).

De tudo isso deve ficar claro para nós cristãos que o novo testamento não revogou princípios divinos da adoração e de culto revelados ao povo de Israel como santidade, reverência, verdade ou obediência, mas somente aqueles mandamentos que foram estabelecidos entre Deus e os israelitas no monte Sinai, como o sistema sacrificial de animais, os dízimos da terra, o sábado, ofertas das primícias ou festas religiosas, como nos ensinou o Senhor Jesus (Mt 5:17).

Para não se desviar ou se perder num mundo tão confuso como a atual geração, precisamos ficar na luz do evangelho da salvação “porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.” (I Co 14:33). Glória a Deus e graça por nosso Senhor Jesus Cristo.

*© Texto bíblico: ACF – SBTB