
O púlpito pode salvar o pregador e seus ouvintes
“Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para
que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo
e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te
salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” (I Tm
4:15-16).
O
apóstolo Paulo declara com palavras firmes que o alimento da igreja vem do
púlpito. E não só isso: Que a salvação tanto do pregador como dos que o ouvem
nos bancos também vem do púlpito, vinculando a salvação dos ouvintes à salvação
dos pregadores que falam a mensagem.
Não se deve
jogar ao chão o chamado ministerial passando a tratá-lo como se fosse um
negócio secular ou empresarial, conduta repreendida pelo apóstolo Paulo – “Ninguém que milita se embaraça com
negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.” (II
Tm 2:4) -, usando a igreja como se fosse atividade negocial como fazem
os ímpios em busca das riquezas mundanas, tampouco recorrer a metodologia ou
visão humana de marketing na “pesca”
de membros, o que geralmente se faz quando não se tem confiança no poder do
evangelho de por si só curar, libertar, transformar e prosperar vidas – “Sola Scriptura” como pregavam os
reformadores.
Todo aquele
que se propor a pregar a palavra de Deus deve mostrar que antes de querer
ensinar a outrem ele próprio já aprendeu a lição que se propõe a ensinar. O
direito de pregar tem vínculo direto e indissociável com o dever de vivenciar a
mensagem pregada, porque a verdadeira experiência espiritual não se resume a
conceitos teóricos, mas pela prática de um estilo de vida dedicado ao louvor,
oração e proclamação do evangelho.
O pregador
(greg. “kerysso”) tem para com Deus o
dever moral de ensinar tanto pelo exemplo como pela sã doutrina e se assim não
faz causa sérios danos a sua salvação e à fé salvadora dos convertidos, os
quais por falta de alimento espiritual não terão crescimento e nem
discernimento espiritual, e abandonados à própria sorte, passam a viver como
crentes nominais, meramente religiosos, sem conhecerem os fundamentos básicos
da fé bíblica e incapacitados de proclamarem a mensagem das boas novas do
evangelho para outras almas.
Em
conformidade com o novo testamento, os pregadores ou ministros da palavra de
Deus são escolhidos e capacitados espiritualmente pelo Senhor. A Igreja
Primitiva foi edificada por cinco dons ministeriais: apóstolos, profetas,
evangelistas, pastores e mestres (Efésios 4:11). Com exceção do dom apostólico que
vigorou somente naqueles doze homens, e mais em Paulo, o qual é distinto,
especial e único porque esses foram escolhidos pessoalmente por Jesus (Mt
10:1-4), os demais
dons ministeriais continuam vigorando nas igrejas do Senhor. Cabe pontuar não
ser bíblico o instituto da sucessão apostólica pregado pelos católicos
romanos dizendo que o Papa seria sucessor do apóstolo Pedro em Roma, pois se nenhum
outro apóstolo teve sucessor, por qual motivo somente Pedro teria?
O púlpito
não deve ser usado como local de honra ou de glória própria (greg. “kauchaomai”)
de nenhum pregador, mas aquele que nele subir deve lembrar-se da condição de
filho de Deus e que a glória pertence só ao Pai e ele não a divide com ninguém
(Isaías 42:8), consciente ainda que ali é lugar onde homens de vida santa e de
oração são colocados para lutarem contra as trevas deste mundo segundo o
propósito divino para salvação das almas. O púlpito é local de batalhas, não é
para fracos nem pecadores, muito menos para piadas e vaidades pessoais.
O que toda igreja precisa é de
homens e mulheres santos e tementes a Deus, com o corpo de Cristo organizado
conforme o modelo bíblico – dirigida por dois cargos: diáconos (e diaconisas) e
presbíteros (ou bispos, anciãos ou pastores). Feito isso, é só permanecer em
adoração, oração e louvor que os dons espirituais serão concedidos para o
fortalecimento da fé e da unidade do corpo de Cristo. O homem piedoso precisa apenas se santificar mais e
mais, pois a escolha e a concessão de dons espirituais vêm de Cristo e do Espírito Santo,
pois quem diz se o vaso está pronto para receber e guardar o azeite, que não
possui rachadura nem impureza, não é o vaso, é o oleiro (Cristo) que o examina
por dentro e por fora.
Ser
ministro do evangelho é elevar-se à posição de representante de Deus nesta
terra, como servo fiel e prudente que tem a missão de alimentar seus conservos,
exatamente como Jesus ensinou na parábola do servo bom e do servo mau (Mt
24:45-51), portando-se em sinceridade de coração e simplicidade de vida. Jesus
disse que o homem ungido pelo Espírito Santo é reconhecido pelo testemunho de
vida e pelo que sai da sua boca – “O
homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau
tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a
sua boca.” (Lucas 6:45). E, em seguida, Jesus conclui esse pensamento dizendo
que tal homem não só ouve suas palavras, mas também as cumpre em sua vida (Lc
6:47-49).
É pela
oração que os homens recebem força espiritual para fazerem as obras de Deus,
sabendo-se que orar é tornar-se dependente da graça divina, é viver à espera de
um agir sobrenatural que apenas encontra confiança nos corações consagrados e
tementes a Deus. Lembra-se que apenas estudar muito a Bíblia sem orações produz
orgulho no coração do homem (greg. “anthropos”),
palavra grega que se aplica ao ser humano, homens e mulheres.
E não é só isso. O apóstolo Paulo ensinou
que fazer orações é entrar numa batalha ou luta (greg. “agon”) espiritual contra os principados e potestades (Colossenses 2:1 e Ef
6:12), inimigos invisíveis aos olhos carnais, mas que a todo momento agem para
causar aflições e embaraços na vida dos homens. Ele disse isto quando a igreja
de Colossos estava sendo atacada pelos ensinos gnósticos que visavam
enfraquecer a obediência ao evangelho de Cristo. Como só o poder de Deus pode
anular suas atividades malignas, essas hostes do mal fazem de tudo para impedir
nossa perseverança na comunhão com Cristo e com Deus, por meio da oração.
O que
vimos de entender é que a responsabilidade do pregador pela salvação de seus
ouvintes ergue-se como condição para sua própria salvação eterna, pois, se fizer
com dedicação e esmero – “Se é
ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;” (Rm
12:7) -, aprovou-se na obra que Cristo o incumbiu de realizar em seu nome (Hb
13:17), ao tempo que contribuiu decisivamente para a salvação individual
daqueles que ensinou e exortou com os conselhos da palavra de Deus.