
“Vossos pais, onde estão?”
“E não sejais como vossos pais, aos
quais clamavam os primeiros profetas, dizendo: Assim diz o Senhor dos
Exércitos: Convertei-vos agora dos vossos maus caminhos e das vossas más
obras; mas não ouviram, nem me escutaram, diz o Senhor. Vossos pais,
onde estão? E os profetas, viverão eles para sempre?” (Zacarias 1:4-5).
Como diz o ditado
popular “ninguém fica para semente”.
Mas, num trocadilho ocasional, só a boa semente fica para sempre, pois a mesma
é eterna (I Pd 1:25). Aqui vemos o profeta Zacarias
exortando o povo de Judá, que voltou do exílio babilônico a se converter ao
Senhor, porém os israelitas estavam cuidando de seus interesses materiais sem
se importarem com as coisas espirituais. O puxão de orelha foi forte, mais ou
menos assim: “Eis seus folgados, seus
pais já morreram, vocês também morrerão e ainda não se arrependeram nem se
converterem a mim?”.
O Senhor não quer
que apenas ouvimos sua palavra, mas que depois de a ouvirmos tomemos firme
decisão de viver conforme o que ela nos aconselha, por ser a única verdade, a
qual nunca mudou e nunca mudará porque Deus não muda (Malaquias 3:6). Quem não aceitar
o chamado da palavra imediatamente corre sério risco de morrer sem a salvação
eterna porque desprezou a fé em Cristo. Esta é uma preocupação que pais e mães,
crentes ou incrédulos, precisam ter com seus filhos, se realmente os amam, pois
este é o tempo de lhes ensinar o caminho da vida eterna, exortando-os a buscarem
a fé salvadora proclamada pelo evangelho do reino de Deus.
A apóstolo Paulo
ao aconselhar
os pastores a manterem a igreja local em espírito de oração diz: “Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar,
levantando mãos santas, sem ira nem contenda.” (I Tm 2:8). Trata-se de exortação diretamente relacionada com a postura de
oração que os homens precisam ter no culto público, dentro da igreja, no
momento da celebração, na condição de chefes espirituais de suas famílias.
Pais e mães são mestres e exemplos de vida para os filhos. Se os pais não oram,
certamente terão filhos que não se importam em ajoelhar diante de Deus nem de
levantarem suas mãos aos céus, mesmo os pais sendo religiosos. Cristãos
verdadeiros são religiosos e espirituais, não só religiosos, e são guiados em
todo momento pelo Espírito Santo.
Mas, a expressão “em todo lugar” também indica que a vigilância espiritual por meio
da oração deve ser feita nos mais variados lugares, havendo tempo oportuno, pois
não requer lugar determinado, servindo para tanto o trabalho, carro, trem, estradas, lazer e
principalmente na igreja. Neste
aspecto, os ministros ou os pastores têm que reservar um tempo para o
levantamento desse clamor fervoroso, que se iniciando com os homens tem o
efeito de envolver todos os presentes na igreja. claramente indicando que a vigilância espiritual na
oração se faz, havendo tempo oportuno, em todo lugar, casa, trabalho, carro,
trem, estradas, lazer e principalmente na igreja. A expressão “levantando mãos santas” revela que os primeiros cristãos oravam erguendo as mãos para os altos
céus, tal como faziam os judeus (Salmos 28:2:31, 134:2, 141:2, 143:6). A prática de orar com as mãos levantadas continua
válida entre os cristãos, pois embora não mais oferecemos os sacrifícios da lei
mosaica, toda vez oramos oferecemos a Deus sacrifícios de louvor – “Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas,
sem ira nem contenda.” (I Tm 2:8).O verbo
levantar (greg. “epairo”) foi usado
no sentido comum de erguer ou elevar os olhos, a cabeça, a voz (Mateus 17:8, Lc
6:20, 21:28, João 17:1, Atos 14:11)*.
O sentido gestual das mãos levantadas simboliza que
na oração entregamos nossa vida e louvores a Deus – tal como se
ofereciam sacrifícios e ofertas diante do altar na velha aliança -, ocasião em que o coração não pode ter ira, raiva
nem contenda contra alguém, claramente indicando que Deus não recebe oração de
quem mesmo abalado pela ira ou raiva não perdoou seu ofensor, pois continua
guardando e carregando mágoa. No original grego a expressão “sem ira nem contendas” usou a palavra “orge” que significa raiva, ira, indignação, agitação na alma ou
qualquer emoção violenta (Marcos 3:5, Romanos 12:19:4-5, Efésios 4:31, I Tm 2:8, Hebreus 3:11, Tiago 1:19) e a palavra “dialogismos” que é o pensamento que uma pessoa delibera consigo
mesmo, pensamento interior, raciocínio, propósito, desígnio (Marcos 7:21, Lucas 2:35,
6:8, Romanos 1:21:1)*.
Ou seja, quando oramos não podemos guardar dentro de
nós pensamento de raiva, animosidade ou violência
contra ninguém. Se anteriormente fomos ofendidos por alguém isso deve ser
perdoado no momento da oração, pois um coração irado e rancoroso não tem espaço
para o mover do Espírito Santo (Efésios 4:31).
É uma lembrança do compromisso que todo cristão tem
de perdoar seus ofensores para que também seja perdoado por Deus –
perdoar não é conviver, nem esquecer, mas é não desejar nem fazer o mal contra
quem o ofendeu -, conforme ensinado na oração do Pai Nosso – “Porque, se perdoardes aos homens as suas
ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; Se, porém, não
perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as
vossas ofensas.” (Marcos 6:14), donde se vê que Deus
condiciona atender nosso pedido de oração se também perdoarmos nossos ofensores. Logo, este versículo traz o seguinte conselho: “Ore sempre sem guardar raiva de ninguém”.
Pai, conceda-nos um coração perdoador, livre de mágoas e
desejo de vingança, pois contigo está a direção de nossas vidas, até mesmo a
retribuição do mal que nos fizeste (Provérbios 20:22).
* Dicionário
Strong