
Paulo foi acusado de ser um homem fraco e de palavra desprezível
“Porque
as suas cartas, dizem, são graves e fortes, mas a presença do corpo é fraca,
e a palavra desprezível. Pense o tal isto, que, quais somos na palavra
por cartas, estando ausentes, tais seremos também por obra,
estando presentes.” (II Co
10:10-11).
O mundo sempre vai ridicularizar os crentes e a mensagem da cruz, mas
principalmente aqueles que ministram ensino e pregação para a edificação
espiritual da igreja. Mas, isso não é suficiente para abater o verdadeiro
discípulo porque não mais ele vive e sim Cristo vive nele. A bem da verdade, o
desprezo do mundo tem como alvo a mensagem da salvação disponível no evangelho
de Cristo, visando impedir que os perdidos vejam a luz da glória de Cristo e
sejam salvos, o que fatalmente atinge os que estão no serviço de sua
dispensação. O mundo rejeitou Cristo e igualmente irá rejeitar seus discípulos –
“Dei-lhes a tua palavra, e o
mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.” (João 17:14).
O apóstolo Paulo sofreu muitos ataques (II Co 11:23-26), mas os
desferidos pelos coríntios diziam que ele tinha aparência de um homem fraco,
sem voz imponente e de palavra desprezível. É claro que o homem escolhido por
Jesus para evangelizar as nações gentias não tinha essas características
alardeadas por seus adversários. Todo pregador das boas novas torna-se alvo de
críticas, deboches e até acusações, contudo o alvo principal é a mensagem
proclamada que chegam aos ouvidos de pecadores impenitentes que se recusam
abandonar pecados ou de religiosos acomodados como aqueles sacerdotes
repreendidos pelo profeta Ezequiel – “Filho
do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos
pastores: Assim diz o Senhor Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam
a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas? Comeis a gordura, e
vos vestis da lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas.” (Ez
34:2-3).
Principalmente em virtude desses ataques pessoais sofridos no campo
missionário, percebe-se o quão necessário e
importante era possuir um chamado de Cristo para pregar a palavra, o que
tornava os ouvintes receptivos com a mensagem proclamada, justamente o que
vemos Paulo fazendo em toda a segunda carta aos coríntios e nos dois capítulos
primeiros da carta aos gálatas (Gálatas 1:1-12 e 2:7-8), onde defendia sua
autoridade apostólica atacada pelos adversários dessas duas igrejas. Em Corinto
os opositores eram homens judeus, falsos apóstolos (II Co 11:13-14,22),
alegando que Paulo não tinha unção apostólica.
Primeiro a atacaram a voz e a aparência física
do apóstolo, depois, não surtindo efeito as injúrias, passaram a dizer que lhe
faltava autoridade espiritual para pregar em nome de Cristo. Eles sempre
procuram uma brecha para implodir o ministério do bom servo de Cristo. A
experiência demonstra que comumente os perseguidores de crentes são outros
“crentes” ou religiosos, com base em interesses pessoais ocultos acobertados
por suposto interesse da fé ou da igreja.
Somente Paulo e os doze apóstolos que conviveram com Jesus tinham poder
e autoridade para doutrinar a Igreja do Senhor, revelando a vontade de Deus por
meio de cartas e ensinos após a morte de Jesus no calvário. Conviver com Jesus
e doutrinar a Igreja por meio de cartas e ensinos são duas das principais
características que identificam o verdadeiro apóstolo de Jesus Cristo. O
apóstolo Pedro reforça a doutrina apostólica do novo testamento comparando o
trabalho apostólico com o ensino da palavra por meio dos profetas na velha aliança
(II Pd 3:2).
Precisamos olhar com serenidade as palavras de homens maldizentes,
fofoqueiros ou raivosos, pois normalmente distorcem, enganam ou simplesmente
mentem quando argumentam. Os coríntios que se revoltaram contra a autoridade
apostólica de Paulo diziam que em suas cartas ele era duro e forte em suas
palavras, porém quando estava presente na igreja era um homem fraco
corporalmente (greg. “asthenes”) e de
palavra (greg. “logos”) desprezível.
Logo, se Paulo falava continuamente às multidões não é verdade que sua
presença corporal (greg. “somatikos”) era fraca e
sua palavra desprezível. Logicamente, o apóstolo rejeitou essas inverdades da
parcela rebelde da igreja dos coríntios (II Co 10:11). Tudo serve para mostrar
que maldizentes (greg. “diabolos”)
não se importam com a verdade, mas em ferir ou difamar honra alheia. Aliás, ao
serem confrontados com a palavra da verdade e ante a falta de razão que
justifique sua vida errada e pecaminosa, a primeira atitude dos incrédulos é
ridicularizar e zombar dos mensageiros da verdade na tentativa de humilhá-los.
O evangelho mostra isso na conduta dos fariseus, os quais chegaram a dizer que
Jesus expulsava demônios em nome Belzebu, o maioral dos demônios (Mateus 12:24 e Lc
11:15), o que era um verdadeiro deboche espiritual.
Quem tem a missão de pregar fielmente a palavra de Deus não deve se
preocupar com a aparência pessoal, reconhecimento ou com a glória própria (greg. “kauchaomai”), pois tudo que faz é para que Deus seja
glorificado por aqueles que recebem a mensagem da salvação, de modo que ao
olharem para o homem santo reconheçam a presença de Deus agindo naquele servo.
Nota-se não ser fácil a vida de pregador – “pelo
contrário, em tudo fomos atribulados: lutas por fora, temores por dentro.” (II
Co 7:5) -, mas apesar das adversidades vindas de homens e de demônios, jamais o
servo de Deus será vencido ou desamparado espiritualmente (II Co 4:9), além de
que o ato de ministrar a palavra de Deus é a função mais nobre que um ser
humano pode exercer neste mundo.
Sabemos que o galardão dos que ministram as boas novas da salvação está
reservado nos céus, juntamente com a coroa da justiça – “Desde agora, a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia;” (II
Tm 4:8).