Mensagem Bíblica

Paulo foi acusado de ser um homem fraco e de palavra desprezível

Paulo foi acusado de ser um homem fraco e de palavra desprezível

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 6 Minutos

Porque as suas cartas, dizem, são graves e fortes, mas a presença do corpo é fraca, e a palavra desprezível. Pense o tal isto, que, quais somos na palavra por cartas, estando ausentes, tais seremos também por obra, estando presentes.” (II Co 10:10-11).

O mundo sempre vai ridicularizar os crentes e a mensagem da cruz, mas principalmente aqueles que ministram ensino e pregação para a edificação espiritual da igreja. Mas, isso não é suficiente para abater o verdadeiro discípulo porque não mais ele vive e sim Cristo vive nele. A bem da verdade, o desprezo do mundo tem como alvo a mensagem da salvação disponível no evangelho de Cristo, visando impedir que os perdidos vejam a luz da glória de Cristo e sejam salvos, o que fatalmente atinge os que estão no serviço de sua dispensação. O mundo rejeitou Cristo e igualmente irá rejeitar seus discípulos – “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. (João 17:14).

O apóstolo Paulo sofreu muitos ataques (II Co 11:23-26), mas os desferidos pelos coríntios diziam que ele tinha aparência de um homem fraco, sem voz imponente e de palavra desprezível. É claro que o homem escolhido por Jesus para evangelizar as nações gentias não tinha essas características alardeadas por seus adversários. Todo pregador das boas novas torna-se alvo de críticas, deboches e até acusações, contudo o alvo principal é a mensagem proclamada que chegam aos ouvidos de pecadores impenitentes que se recusam abandonar pecados ou de religiosos acomodados como aqueles sacerdotes repreendidos pelo profeta Ezequiel – “Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas? Comeis a gordura, e vos vestis da lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas.” (Ez 34:2-3).

Principalmente em virtude desses ataques pessoais sofridos no campo missionário, percebe-se o quão necessário e importante era possuir um chamado de Cristo para pregar a palavra, o que tornava os ouvintes receptivos com a mensagem proclamada, justamente o que vemos Paulo fazendo em toda a segunda carta aos coríntios e nos dois capítulos primeiros da carta aos gálatas (Gálatas 1:1-12 e 2:7-8), onde defendia sua autoridade apostólica atacada pelos adversários dessas duas igrejas. Em Corinto os opositores eram homens judeus, falsos apóstolos (II Co 11:13-14,22), alegando que Paulo não tinha unção apostólica.

Primeiro a atacaram a voz e a aparência física do apóstolo, depois, não surtindo efeito as injúrias, passaram a dizer que lhe faltava autoridade espiritual para pregar em nome de Cristo. Eles sempre procuram uma brecha para implodir o ministério do bom servo de Cristo. A experiência demonstra que comumente os perseguidores de crentes são outros “crentes” ou religiosos, com base em interesses pessoais ocultos acobertados por suposto interesse da fé ou da igreja.

Somente Paulo e os doze apóstolos que conviveram com Jesus tinham poder e autoridade para doutrinar a Igreja do Senhor, revelando a vontade de Deus por meio de cartas e ensinos após a morte de Jesus no calvário. Conviver com Jesus e doutrinar a Igreja por meio de cartas e ensinos são duas das principais características que identificam o verdadeiro apóstolo de Jesus Cristo. O apóstolo Pedro reforça a doutrina apostólica do novo testamento comparando o trabalho apostólico com o ensino da palavra por meio dos profetas na velha aliança (II Pd 3:2).

Precisamos olhar com serenidade as palavras de homens maldizentes, fofoqueiros ou raivosos, pois normalmente distorcem, enganam ou simplesmente mentem quando argumentam. Os coríntios que se revoltaram contra a autoridade apostólica de Paulo diziam que em suas cartas ele era duro e forte em suas palavras, porém quando estava presente na igreja era um homem fraco corporalmente (greg. “asthenes”) e de palavra (greg. “logos”)  desprezível.

Logo, se Paulo falava continuamente às multidões não é verdade que sua presença corporal (greg. “somatikos”) era fraca e sua palavra desprezível. Logicamente, o apóstolo rejeitou essas inverdades da parcela rebelde da igreja dos coríntios (II Co 10:11). Tudo serve para mostrar que maldizentes (greg. “diabolos”) não se importam com a verdade, mas em ferir ou difamar honra alheia. Aliás, ao serem confrontados com a palavra da verdade e ante a falta de razão que justifique sua vida errada e pecaminosa, a primeira atitude dos incrédulos é ridicularizar e zombar dos mensageiros da verdade na tentativa de humilhá-los. O evangelho mostra isso na conduta dos fariseus, os quais chegaram a dizer que Jesus expulsava demônios em nome Belzebu, o maioral dos demônios (Mateus 12:24 e Lc 11:15), o que era um verdadeiro deboche espiritual.

Quem tem a missão de pregar fielmente a palavra de Deus não deve se preocupar com a aparência pessoal, reconhecimento ou com a glória própria (greg. “kauchaomai”),  pois tudo que faz é para que Deus seja glorificado por aqueles que recebem a mensagem da salvação, de modo que ao olharem para o homem santo reconheçam a presença de Deus agindo naquele servo.

Nota-se não ser fácil a vida de pregador – “pelo contrário, em tudo fomos atribulados: lutas por fora, temores por dentro.” (II Co 7:5) -, mas apesar das adversidades vindas de homens e de demônios, jamais o servo de Deus será vencido ou desamparado espiritualmente (II Co 4:9), além de que o ato de ministrar a palavra de Deus é a função mais nobre que um ser humano pode exercer neste mundo.

Sabemos que o galardão dos que ministram as boas novas da salvação está reservado nos céus, juntamente com a coroa da justiça – “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia;” (II Tm 4:8).

*© Texto bíblico: ACF – SBTB