
Experiência pessoal: É necessária para se conhecer Deus
“Com o ouvir dos meus ouvidos
ouvi, mas agora te veem os meus olhos.” (Jó 42:5).
Ninguém gosta de enfrentar um deserto real ou
espiritual, porém somos instruídos que assim como Israel encontrou-se com Deus
no deserto do Sinai e com ele fez aliança para ser o povo escolhido dentre todas
as nações da terra, exatamente da mesma forma somos levados ao deserto para
conhecer e se reconciliar com Deus. Relacionamento é vida de convivência, de
contato.
O primeiro contato de Deus com o povo de Israel, não
com os patriarcas, evidencia bem isso. Após Israel ser libertado da escravidão
do Egito teve que percorrer três desertos – Sur, Sim e Sinai - até chegar ao
monte Sinai, onde Deus se manifestou em glória diante de todo o povo. Assim,
deserto tem relação direta com a vontade de conhecer Deus. Se eles tivessem
ficado na terra do Egito “sentados junto às panelas de carne” (Êxodo 16:3) comendo até se fartarem não teriam conhecido o
Senhor Deus, mas, ainda que murmurando enfrentaram a aflição e o sofrimento do
deserto confiando no poder que tinham visto destruir o Egito, faraó e seu
exército.
Normalmente
o rito de passagem da incredulidade para se conhecer Deus não é o conforto do
mundo nem o sofá da sala, mas os desertos desta vida com seus momentos difíceis
e de sofrimentos porque nos levam a conhecer o poder de Deus. Se o batismo nas águas é visto
como um ritual religioso de iniciação ou ordenança da fé cristã, a peregrinação
pelos desertos espirituais é um verdadeiro “batismo
de fogo” aos que se dedicam intensamente a conhecer Deus, de onde se sai
provado e capacitado a superar adversidades, perigos concretos e espirituais
incomuns.
À semelhança de Israel que passou por vários
desertos depois que foi libertado da escravidão do Egito antes de ouvir a voz
de Deus no monte Sinai (Êxodo 13:18:22, 16:1 e 19:1), Jesus também foi levado
pelo Espírito ao deserto para ouvir a voz de Deus acerca do seu ministério
terreno (Mateus 4.1).
O livro de Êxodo
deixa claro que passar por desertos não traz apenas momentos difíceis, de fome,
sede ou sofrimento, porque essa caminhada faz parte do treinamento que antecede
o encontro pessoal de cada cristão com Deus para ouvir sua voz e conhecer, por
experiência própria, que servimos um Deus vivo, santo e poderoso. Por isso que
muitos crentes são tirados da zona de conforto e levados aos desertos porque
Deus quer lhes falar (Oséias 2:14), pois, diferentemente do deserto dos incrédulos
que é um lugar selvagem, com escorpiões, serpentes, lobos, tempestades, sombras
da morte e abandono, os cristãos perseverantes e que ouvem a voz do Espírito
quando atravessam desertos acham a graça e o descanso espiritual da alma (Jr
31:2).
Deus não mentiu nem quis enganar faraó quando mandou Moisés dizer-lhe “deixa ir o meu povo, para que me sirva no deserto” (Êxodo 7:16), pois a verdadeira cristandade será construída com vales e desertos para a forja e experiência do crescimento espiritual.
As chagas e o
sofrimento em Jó serviram para ele aproximar, ter maior intimidade e comunhão
com Deus. Muitas vezes as provações e experiências com Deus são aflitivas,
porém depois da aprovação divina desfrutará da posição de um cristão perfeito e
íntegro (Tiago 1:3-4). O barro
antes de se tornar um vaso precioso é pisado, amassado e moldado pela vontade
do oleiro até que seja removida toda sujeira e impureza que lhe causam rachaduras
e que o impede de ser usado na casa do Senhor. Mas, se o vaso está imperfeito é
quebrado em cacos – através das provações - e refeito novamente pelas mãos do
oleiro, livre das imperfeições que tinha ou das impregnações imundas, como uma
nova criatura (Jeremias 18:4).
A fé eficaz é prática, essencialmente experimental,
pois é vivida a partir das experiências das orações, da meditação
na palavra e da comunhão do convertido
na presença de Deus. Toda verdade bíblica precisa se tornar uma
verdade pessoal na vida do crente, servindo para instrumento de
transformação de sua vida depois de ouvi-la. Paulo lamentava que os judeus tinham ouvido a
palavra de Deus, mas não se deixaram transformar por ela porque não a receberam
com fé (Hebreus 4:2).
Portanto, vida cristã é um viver em conformidade
com o que diz a palavra do evangelho, com base nas experiências
espirituais que cada coração mantém com o Deus vivo, nosso Pai – “Provai,
e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele confia.” (Sl
34:8).