Mensagem Bíblica

Crente caloteiro? Fuja deste perigo espiritual

Crente caloteiro? Fuja deste perigo espiritual

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 5 Minutos

A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.” (Romanos 13:8)

O crente deve ser fiel com a palavra de Deus e também deve ser fiel nos contratos e negócios que participa como cidadão deste mundo – ele tem dupla cidadania, uma terrena e outra celestial -, fazendo o oposto do que fazem os ímpios, os quais são infiéis com Deus e em outros compromissos (Romanos 1:31).

Vivendo apenas com a moral humana, o homem insensato cumpre suas obrigações financeiras e negociais de acordo com a conveniência, sem se importar em agir sempre de maneira correta independentemente das circunstâncias, o que absolutamente não é modelo para nenhum cristão fiel a Deus.

A figura do caloteiro ou mau pagador jamais deve associar-se ao homem ou mulher temente a Deus, pois somos exortados a cumprir fielmente nossas obrigações contratuais, o que os ímpios não fazem porque são “infiéis nos contratos” (Romanos 1:31), se quisermos dar um bom testemunho perante aos homens e ao próprio Senhor.

O primeiro mandamento bíblico relativo a licitude dos negócios comerciais diz respeito ao contrato de compra e venda (o objeto era o número de colheitas no ano do jubileu), o negócio mais celebrado em todo o mundo, ocasião em que os israelitas foram advertidos pela lei divina a não enganarem quem comprava ou quem lhe vendia alguma coisa – “E quando venderdes alguma coisa ao vosso próximo, ou a comprardes da mão do vosso próximo, ninguém engane a seu irmão;(Lv 25:14).

Deus desaprova qualquer intenção de fazer dívida com o propósito de prejudicar o credor. Ele é o Deus de justiça, ou melhor, ele é a verdadeira Justiça. Sabe por que Deus mandou o profeta Eliseu multiplicar o azeite da viúva? Para pagar uma dívida contraída por seu falecido marido, homem temente a Deus e um dos filhos dos profetas (II Rs 4:7). Deus fez um milagre tendo por finalidade principal o pagamento de uma dívida que não foi paga por aquela família e a preocupação da viúva em honrar o compromisso com o credor fez Deus abençoá-la com muito mais do que lhe era necessário. Ou seja, ser fiel aos compromissos contratuais agrada a Deus.

Os crentes sinceros são instruídos no novo testamento a que “ninguém oprima ou engane a seu irmão em negócio algum, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas” (I Ts 4:6). Neste texto consta no original grego o termo “ninguém oprima ou engane a seu irmão em negócio algum” usou-se o verbo transgredir (greg. “huperbaino”) ou defraudar outro em negócio, ultrapassar os limites, errar e pecar, o qual é usado metaforicamente nesta passagem (I Ts 4:6) com o sentido de “oprimir” referindo-se aos que ultrapassam os limites que separam a castidade da licensiodade ou a santificação do que é pecaminoso. O verbo enganar (greg. “pleonekteo”) significa ganhar ou levar vantagem sobre outros por meio de engano, aproveitar-se de alguém por ganância ou cobiça, defraudar, ser superior, exceder, desejo de ter mais apropriando-se do que pertence a outros (II Co 2:11, 7:2, 12:17, I Ts 4:6).*

O problema não é ter dívida, mas sim se recusar a quitá-la ou devolver o bem não pago. A assunção inconsequente de dívidas com parcelas a perder de vista também colabora para o descontrole financeiro e deve ser evitada como parte da boa gestão financeira da renda pessoal. Recusar-se a endividar por mero consumismo reflete domínio sobre desejos materialistas que combatem contra a paz de espírito. Possuir dívida não depõe contra ninguém, tampouco atrasar sua quitação, todavia a palavra de Deus repugna o crente caloteiro por mero vontade de causar dano ao patrimônio alheio ou agir com injustiça em seus negócios.

Sabidamente as leis bíblicas foram fonte de muitos códigos de leis de governos seculares, procedência que lhes confere caráter complementar das leis divinas, podendo se ver a influência da ética judaico-cristã presente na maioria dos regramentos modernos, posicionadas como pilares estruturantes, especialmente em relação aos princípios do respeito à família, da paz e da dignidade dos homens.

Todo cristão fiel e justo sempre será um cidadão cumpridor de suas obrigações civis perante o governo, as autoridades e as leis as quais se submete (Romanos 13:1-7). A obediência é devida nas boas obras, não para as más obras, visto que por essas últimas quem abusar da sua autoridade responderá perante os homens e também perante Deus.

Em virtude desse princípio moral da vida cristã, torna-se imprescindível ao comportamento honesto dos cristãos sempre cumprirem os contratos assinados, salvo se discordar de seus termos e condições amparados em pressuposição de melhor direito ou em leis. O coração que ama a Deus de todo coração não se recusa cumprir todas as obrigações morais da vida cristã, pelo contrário o faz com alegria sabendo que isso agrada o Pai.

O salmista ensina que para estar na presença de Deus, como cidadão dos céus, é preciso ser íntegro com o próximo e com os negócios deste mundo, sob pena de se perder a salvação: “Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? Aquele que anda sinceramente, e pratica a justiça, e fala a verdade no seu coração.” (Sl 15:1-2).

* Dicionário Strong

**© Texto bíblico: ACF – SBTB