
Judá indo ao Egito demonstra como é o papel de Cristo diante de Deus
“Então disse Judá a Israel, seu pai: Envia
o jovem comigo, e levantar-nos-emos, e iremos, para que vivamos e não morramos,
nem nós, nem tu, nem os nossos filhos. Eu serei fiador por ele, da minha mão
o requererás; se eu não o trouxer, e não o puser perante a tua face, serei
réu de crime para contigo para sempre.”
Quando Jacó (hebr. "Aquele que segura pelo calcanhar") recusou enviar Benjamim (hebr. “Filho da mão direita”) com seus irmãos para comprar trigo no Egito, conforme premeditadamente havia planejado José (hebr. "Deus multiplica"), governador do Egito (Gênesis 42:33-34), filho que Jacó pensava estar morto, Judá (hebr. "Louvor") comprometeu-se com seu pai que retornaria à Canaã com Benjamim porque “eu serei fiador por ele, da minha mão o requererás; se eu não o trouxer, e não o puser perante a tua face, serei réu de crime para contigo para sempre.” (Gênesis 43:9 e 44:32).
Aqui Judá prefigurou o papel de Cristo, a quem fomos
entregues por Deus para sermos guiados em segurança neste mundo – “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas
por aqueles que me deste, porque são teus.” (João 17:9), ao passo que Jacó é uma figura de Deus,
o pai de muitos filhos ou muitas nações. A proteção dos filhos de Deus nesta
terra é exercida diretamente por Cristo ou por intermédio do Espírito Santo (II Co 1:22, 5:5,
Efésios 1:14), mesma função que Judá fez na garantia de levar e trazer
de volta Benjamim a seu pai, vez que a ele, Cristo, cabe a função de Bom Pastor
de todos os homens que seus pecados foram perdoados por Deus, guiando e protegendo
os santos ou “os filhos da mão direita”
que estão peregrinando pelo mundo (Egito), levando à presença de Deus todos os
que, mediante a fé no evangelho (Romanos 8:14 e Gálatas 3:26), foram feitos filhos de
Deus.
Judá exerceu com perfeição esse papel de garante de Benjamim
quando os guardas egípcios encontraram o copo de prata do governador do Egito
(José) na bagagem de Benjamim (Gênesis 44:12), chegando a propor ficar retido no
Egito para que Benjamim foi liberado – “Agora,
pois, fique teu servo em lugar deste moço por escravo de meu senhor, e que suba
o moço com os seus irmãos.” (Gênesis 44:33), exatamente como Jesus Cristo
fez por todos nós entregando-se para morrer em nosso lugar. Judá não queria decepcionar
nem causar tristeza em Jacó, mesmo cuidado que tem Cristo em nos apresentar
salvos diante do Pai.
O Espírito Santo é quem ajuda os filhos de Deus em suas
fraquezas intercedendo por nós com gemidos inexprimíveis (Romanos 8:26). No grego
original dos manuscritos bíblicos o verbo ajudar (greg. “sunantilambanomai”) expressa a ação de trabalhar junto com, lutar
para obter algo juntamente com, ajudar a obter, trabalhar lado a lado com
alguém, ajudar, vir em socorro de, ajudar a suportar*. Em Lucas esse verbo
grego foi usado quando Marta pediu a Jesus que ordenasse Maria ajudá-la a
servir os visitantes (Lucas 10:40) e em Romanos para ensinar que somos ajudados
nas orações pelo Espírito Santo (Romanos 8:26). Isso evidencia que o Espírito de
Deus ajuda o crente, lado a lado com ele, a levar seus pedidos aos céus com
tudo aquilo que não foi dito por quem faz uma oração, contudo por ser do
conhecimento do Espírito ele faz chegar perante Deus o que realmente o
suplicante necessita, ainda que não tenha falado.
Foi exatamente isso que fez Judá ao argumentar com José
para liberar Benjamim, mantendo-o preso em lugar do irmão (Gênesis 44:16-34). Por
causa de sua juventude Benjamim nem saberia expor ou justificar-se diante
daquela autoridade à sua frente como fez Judá com grande e destacável brilhantismo. Por essa demorada súplica de Judá diante de
José, literatura expoente nos registros bíblicos, compreende-se melhor a
intercessão que Cristo, por meio do Espírito Santo, faz pelos santos quando “intercede por nós com gemidos inexprimíveis”.
Ele implorou o perdão e a misericórdia para seu irmão assim como faz Cristo
pelos santos assentado à direita do Pai.
Na mudança da sua família de Canaã para o Egito, Jacó designou Judá, entre todos os filhos, para ir à
frente da caravana familiar a fim de saber com José acerca do caminho da terra
de Gósen (Gênesis 46:28), que era a mesma terra de Ramessés (Gênesis 47:11). Tudo isso faz
parte da função de Cristo neste mundo, pois ele guiará a Igreja em direção aos
céus – “Levantai,
ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei
da Glória. Quem é este Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos, ele é o Rei da
Glória.” (Salmos 24:9-10).
Creiam
irmãos, somente chegaremos aos céus porque somos cuidados por Cristo em nossa
caminhada.
* Dicionário
Strong