
Deuteronômio: renovação da aliança de Deus com Israel - Parte I
“Estas são as palavras da aliança que
o SENHOR ordenou a Moisés que fizesse com os filhos de Israel, na terra de
Moabe, além da aliança que fizera com eles em Horebe.”
(Deuteronômio 29:1)
Depois
de haver derrotado Siom e Ogue, reis dos amorreus, em território moabita,
Israel imediatamente após peregrinar quarenta anos no deserto, acampa próximo
de Jericó, lugar onde ocorreria a travessia do rio Jordão e aí Deus falou
novamente com o povo por meio do profeta Moisés, poucos dias ante de sua morte.
Era o momento de ocorrer a mudança na liderança do povo, a qual devia
ser entregue a Josué, seu sucessor, bem como o Senhor ainda ordenou que fosse
feita a renovação da aliança do Sinai (Êxodo 24:1-8), para relembrar seus
mandamentos à nova geração de israelitas, com ênfase no fato de que a partir
dali Israel deveria obedecer ao novo líder. Então, novamente Moisés declarou a
promessa da aliança do Sinai, reafirmou a mediação sacerdotal e transferiu unção
espiritual de sabedoria a Josué com imposição de mão, capacitando-o a conduzir
o povo de Israel (Deuteronômio 34:9).
Importante mencionar
que Moisés não caiu no reprovável nepotismo religioso ao escolher Josué como seu
sucessor espiritual, pois tinha dois filhos adultos – Gerson (heb. “peregrino”) e Eliezer (hebr. “Deus é auxílio”) - quando orou com
imposição transferindo unção espiritual a Josué. O profeta não decidiu por
conta própria indicar um de seus filhos (I Cr 23:15) como líder em seu lugar,
pelo contrário orou a Deus pedindo que indicasse um pastor para guiar o povo: “O Senhor, Deus dos espíritos de toda a
carne, ponha um homem sobre esta congregação” (Números 27:16) e o Senhor
respondeu indicando Josué, não um de seus filhos - “Então disse o Senhor a Moisés: Toma a
Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e impõe a tua mão sobre ele.” (Números 27:18).
Entrementes, o profeta Samuel não teve o mesmo zelo quando envelheceu, pois incorreu em nepotismo religioso escolhendo seus filhos Joel (hebr. “Javé é Deus”) e Abia (hebr. “Javé é meu pai”) para sucedê-lo como juízes em Berseba, contudo tornaram-se juízes corruptos e foram reprovados pelo povo de Israel (I Sm 8:1-5). Joel e Abia eram homens carnais, mundanos, não tinham unção espiritual para presidir um ministério porque não foram preparados, escolhidos nem aprovados pelo Senhor. Sucessão espiritual é algo sério e jamais deve ser resolvida por laços familiares, pois o escolhido deve ser alguém que é servo obediente, conhecedor da palavra, temente a Cristo e capacitado espiritualmente pela unção do Espírito Santo.
Esta foi a circunstância temporal e espiritual do povo de Israel na qual foi escrito o livro de Deuteronômio, palavra que na língua hebraica significa “Segunda Lei” ou “Repetição da Lei”.
Embora Deus não tenha descido para falar diretamente com Moisés e com o povo como fizera no monte Sinai – o livro de Deuteronômio chama o monte Sinai (hebr. “espinhoso”) de monte Horebe (hebr. “deserto”) -, fica evidente que Deus usou o profeta para transmitir novos ensinamentos e mandamentos ao povo, não retirando nada do que havia dito há cerca de quarenta anos, mas lhe ordenou que fossem acrescentados novos mandamentos “além da aliança que fizera com eles em Horebe” (Dt 1:3b, 29:1). Não se fez nova aliança, mas foram acrescidos novos estatutos, mandamentos e juízos ao pacto anteriormente celebrado com Israel.
*© Texto bíblico: ACF – SBTB