Mensagem Bíblica

Irmãos de igreja: “Suportai-vos uns aos outros”

Irmãos de igreja: “Suportai-vos uns aos outros”

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 7 Minutos

Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também.” (Colossenses 3:13)

Na língua grega o verbo suportar (greg. “anechomai”) significa manter-se firme, ereto, sustentar e carregar (Mateus 17:17, I Co 4:12 e II Co 11:1). Os crentes colossenses não conheceram pessoalmente Paulo – o apóstolo pastoreou a igreja de Éfeso, cidade próxima de Colossos, na Ásia Menor, região oeste da atual Turquia -, contudo ele tinha um amor muito grande por eles, sempre rogando a Deus por sua fé e crescimento no conhecimento da verdade, bem como pelos crentes de Laodiceia, cidade vizinha de Colossos (Colossenses 2:1:16).

A mesma exortação ao crescimento do amor fraternal no meio da igreja o apóstolo repetiu aos crentes oriundos do judaísmo: E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras (Hebreus 10:24). Na expressãopara nos estimularmos ao amor e às boas obras”, o termo “para nos estimularmos (greg. “paroxusmos”) tem o sentido de incitação, encorajamento, irritação, estimulante, discórdia (Hebreus 10:24, Atos 15:39). Ou seja, o amor fraternal entre irmãos de fé tem como um de seus objetivos fazer com que um irmão encoraje o outro a andar, crescer e a permanecer na fé, o que se comprova com o surgimento de boas obras internas e externas às igrejas fundadas com base nesse relacionamento fraternal em nome e para a glória do Senhor Jesus.

O amado apóstolo fez o mesmo com a igreja dos efésios (Ef 4:1-3), pois a fraternidade é elemento essencial da verdadeira adoração e foi isso que Jesus pregou a seus discípulos e os aconselhou a fazerem – “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.” (Jo 15:15).

O amor mútuo entre irmãos é a prova de que o amor de Deus habita em nós e que participamos da essência da sua natureza que é o amor – “Deus é amor” (I João 4:8). E, à medida que guardamos sua palavra o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele. (I João 2:5). É dizer, o que aperfeiçoa o amor de Deus em nós é o ato de guardarmos sua palavra, não apenas seus mandamentos, pois aquela é mais abrangente do que os mandamentos, o que implica fazer tudo em conformidade com sua vontade revelada em toda Escritura sagrada. Guardar sua palavra é comunicar-se com Deus num relacionamento perfeito, ficando a vontade dos filhos sujeita à perfeita vontade do Pai (Romanos 12:1), o que se constitui em prova inconfundível do elevado nível do amor na relação entre Deus e seus filhos.

E, João diz mais ainda: Que a existência real de amor fraternal entre irmãos de fé é prova de salvação eterna: “Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte.” (I João 3:14).

Pedro diz que entre os atributos de uma fé estruturada no conhecimento de Deus acha-se a piedade ou a vida santa, por meio da qual se manifesta o amor fraternal e suas obras de caridade (II Pd 1:5-7), revelando que o coração dos santos recebe preparação espiritual para amar o próximo e ajudá-lo em suas necessidades. Uma fé forte e ativa está diretamente associada à prática do amor fraternal, o segundo mandamento mais importante da lei de Deus (Mateus 22:39). O amor ao próximo é o “novo mandamento” que Jesus deixou a seus discípulos (João 13:34-35:12) com o objetivo de fortalecer a unidade da fé e da igreja. RRR

Para se ter comunhão no corpo de Cristo é preciso andar na luz porque a luz revela todas as coisas, principalmente o certo e o errado conforme o conselho de Deus (I João 1:6-7). Andar na luz é andar com Deus – “Deus é luz” -, e purificar-se de todo pecado. Logo, andar na luz é sinônimo de santificação pessoal. A comunhão santa de uns com os outros pressupõe viver pela prática da verdade, que é a entrada da luz no espírito e na alma – princípio da iluminação (Salmos 119:130).

Paulo diz aos crentes romanos, em relação aos irmãos fracos ou enfermos na fé, que se abstivessem de lhes pôr tropeços, escândalos ou julgá-los, contudo deveriam seguir “as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros.” (Romanos 14:17). A edificação da igreja fortalece a unidade da fé, arrefece o ânimo revoltado e proporciona paz entre os irmãos pela compreensão e discernimento das coisas espirituais.

Novamente Paulo aconselha: Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb 3:13). Aqui o apóstolo reafirma a responsabilidade comunitária entre os grupos ou igrejas cristãs, porquanto o principal objetivo de tal convivência é o fortalecimento da fé e o crescimento pessoal no conhecimento de Cristo.

A boa doutrina ministrou que uma maneira eficiente do grupo ou igreja evitar que um irmão se aparta do Deus vivo por causa de um coração mau e infiel que lhe cruze o caminho – precisamos ter cuidado, Jesus alertou que nas igrejas têm joio misturado ao trigo - seria encorajá-lo a permanecer congregado para ser ajudado, adotando a seguinte prática:A melhor defesa é o ataque, e a melhor maneira de preservar nossa própria alma é estar alerta à batalha espiritual dos outros. Um forte sentimento de responsabilidade de grupo é a marca de uma igreja saudável. Cristãos são como carvão: juntos alimentam o fogo um do outro e geram grande calor; separados, logo esfriam e apagam. Mas isto não se refere ao mero ‘encontro social’, para comer e se divertir. Deveria haver um profundo tom de devoção e preocupação mútua permeando cada encontro de cristãos, mesmo os chamados ‘encontros sociais’. Quando os cristãos se reúnem, eles podem fortalecer-se mutuamente. Eles deveriam preocupar-se para que em cada momento de comunhão, quer à mesa, durante a recreação ou em grupos caseiros, algo seja incluído que fomente o zelo espiritual e o propósito santo. (Comentário bíblico Beacon – vol. 10 - pg. 40 – 1ª ed. CPAD).

Que o poder do Espírito Santo permaneça em nosso meio, fortalecendo cada homem e mulher de Deus a crescer na graça e no conhecimento do Senhor Jesus Cristo, o que também significa crescer no amor fraternal.

*© Texto bíblico: ACF – SBTB