
Irmãos de igreja: “Suportai-vos uns aos outros”
“Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos
uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos
perdoou, assim fazei vós também.” (Colossenses 3:13)
Na língua grega o verbo suportar (greg. “anechomai”) significa manter-se firme,
ereto, sustentar e carregar (Mateus 17:17, I Co 4:12 e II Co 11:1). Os crentes
colossenses não conheceram pessoalmente Paulo – o apóstolo pastoreou a igreja
de Éfeso, cidade próxima de Colossos, na Ásia Menor, região oeste da atual
Turquia -, contudo ele tinha um amor muito grande por eles, sempre rogando a
Deus por sua fé e crescimento no conhecimento da verdade, bem como pelos
crentes de Laodiceia, cidade vizinha de Colossos (Colossenses 2:1:16).
A mesma exortação ao crescimento do amor fraternal no meio
da igreja o apóstolo repetiu aos crentes oriundos do judaísmo: “E
consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras”
(Hebreus 10:24). Na expressão “para nos
estimularmos ao amor e às boas obras”, o termo “para nos estimularmos” (greg. “paroxusmos”) tem o
sentido de incitação, encorajamento, irritação, estimulante, discórdia (Hebreus 10:24, Atos 15:39). Ou seja, o amor
fraternal entre irmãos de fé tem como um de seus objetivos fazer com que um
irmão encoraje o outro a andar, crescer e a permanecer na fé, o que se comprova
com o surgimento de boas obras internas e externas às igrejas fundadas com base
nesse relacionamento fraternal em nome e para a glória do Senhor Jesus.
O amado apóstolo fez o mesmo com a igreja dos efésios (Ef
4:1-3), pois a fraternidade é elemento essencial da verdadeira adoração e foi
isso que Jesus pregou a seus discípulos e os aconselhou a fazerem – “Já vos não chamarei servos, porque o servo
não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo
quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.” (Jo
15:15).
O amor mútuo entre irmãos é a
prova de que o amor de Deus habita em nós e que participamos da essência da sua
natureza que é o amor – “Deus é amor”
(I João 4:8). E, à medida que guardamos sua palavra “o amor de Deus está nele verdadeiramente
aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele.”
(I João 2:5). É dizer, o que aperfeiçoa o amor de Deus em nós é o ato de
guardarmos sua palavra, não apenas seus mandamentos, pois aquela é mais
abrangente do que os mandamentos, o que implica fazer tudo em conformidade com
sua vontade revelada em toda Escritura sagrada. Guardar sua palavra é
comunicar-se com Deus num relacionamento perfeito, ficando a vontade dos filhos
sujeita à perfeita vontade do Pai (Romanos 12:1), o que se constitui em prova
inconfundível do elevado nível do amor na relação entre Deus e seus filhos.
E, João diz mais ainda: Que a
existência real de amor fraternal entre irmãos de fé é prova de salvação
eterna: “Nós sabemos que
passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama a seu
irmão permanece na morte.” (I João 3:14).
Pedro diz que entre os
atributos de uma fé estruturada no conhecimento de Deus acha-se a piedade ou a vida
santa, por meio da qual se manifesta o amor fraternal e suas obras de caridade
(II Pd 1:5-7), revelando que o coração dos santos recebe preparação espiritual
para amar o próximo e ajudá-lo em suas necessidades. Uma fé forte e ativa está
diretamente associada à prática do amor fraternal, o segundo mandamento mais
importante da lei de Deus (Mateus 22:39). O amor ao próximo é o “novo mandamento” que Jesus deixou a seus
discípulos (João 13:34-35:12) com o objetivo de fortalecer a unidade da fé e
da igreja. RRR
Para se ter comunhão no corpo de Cristo é preciso andar na
luz porque a luz revela todas as coisas, principalmente o certo e o errado
conforme o conselho de Deus (I João 1:6-7). Andar na luz é andar com Deus – “Deus é luz” -, e purificar-se de todo
pecado. Logo, andar na luz é sinônimo de santificação pessoal. A comunhão santa
de uns com os outros pressupõe viver pela prática da verdade, que é a entrada
da luz no espírito e na alma – princípio da iluminação (Salmos 119:130).
Paulo diz aos crentes romanos, em relação aos irmãos
fracos ou enfermos na fé, que se abstivessem de lhes pôr tropeços, escândalos
ou julgá-los, contudo deveriam seguir “as coisas que servem para a paz e para a edificação
de uns para com os outros.” (Romanos 14:17). A edificação
da igreja fortalece a unidade da fé, arrefece o ânimo revoltado e proporciona
paz entre os irmãos pela compreensão e discernimento das coisas espirituais.
Novamente Paulo aconselha: “Antes,
exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje,
para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb
3:13). Aqui o apóstolo reafirma a responsabilidade
comunitária entre os grupos ou igrejas cristãs, porquanto o principal
objetivo de tal convivência é o fortalecimento da fé e
o crescimento pessoal no conhecimento de Cristo.
A boa doutrina ministrou que uma maneira eficiente do grupo ou
igreja evitar que um irmão se
aparta do Deus vivo por causa de um coração mau e infiel que lhe
cruze o caminho – precisamos ter cuidado, Jesus alertou que nas igrejas têm
joio misturado ao trigo - seria encorajá-lo
a permanecer congregado para ser ajudado, adotando a seguinte prática: “A melhor defesa é o ataque, e a melhor maneira de preservar
nossa própria alma é estar alerta à batalha espiritual dos outros. Um forte
sentimento de responsabilidade de grupo é a marca de uma igreja saudável.
Cristãos são como carvão: juntos alimentam o fogo um do outro e geram
grande calor; separados, logo esfriam e apagam. Mas
isto não se refere ao mero ‘encontro social’, para comer e se divertir. Deveria
haver um profundo tom de devoção e
preocupação mútua permeando
cada encontro de cristãos, mesmo os chamados ‘encontros sociais’. Quando os
cristãos se reúnem, eles podem fortalecer-se mutuamente. Eles deveriam
preocupar-se para que em cada momento de comunhão, quer à mesa, durante a
recreação ou em grupos caseiros, algo seja incluído que fomente o zelo
espiritual e o propósito santo.” (Comentário
bíblico Beacon – vol. 10 - pg. 40 – 1ª ed.
CPAD).
Que o poder do Espírito Santo permaneça em nosso meio,
fortalecendo cada homem e mulher de Deus a crescer na graça e no conhecimento
do Senhor Jesus Cristo, o que também significa crescer no amor fraternal.