
Expulsão de demônios por Filipe na Samaria
“E as multidões
unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam
os sinais que ele fazia; Pois que os espíritos imundos saíam de muitos
que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram
curados.” (Atos 8:6-7)
O nome Filipe vem do grego “philippos” (“philos”) + (“hippos”) = (“amigo”)
+ (“cavalo”), que significa “amigo de
cavalos”. Foi essa afinidade pelo nome que levou alguns gregos a procurarem
Filipe na tentativa de ter contato com Jesus Cristo em Jerusalém, na semana que
ele foi crucificado (João 12:21-23). Com
certeza, Filipe era um judeu helenístico, em virtude de falar a língua grega
por haver nascido ou vivido em território do império cultural daquela época, o
grego.
A primeira questão a
esclarecer é que existiam dois Filipe na época retratada por esse trecho do
livro de Atos. O primeiro, o apóstolo Filipe (João 1:43-46), e o segundo, o
evangelista Filipe. O texto em destaque refere-se ao Filipe Evangelista, aquele
que tinha sido diácono (Atos 6:5), pois o autor do livro (Lucas) não se furtou ao
trabalho de distinguir ao dizer que a partir do dia
da morte de Estêvão houve “uma grande perseguição contra a igreja que estava em
Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto
os apóstolos”, logo não era o Filipe
apóstolo que estava pregando, curando e expulsando demônios na Samaria, mas o
Filipe Evangelista.
A
palavra evangelista (greg. “evaggelistes”)
refere-se a alguém que proclama o evangelho, as boas novas da salvação, tendo
sido capacitado espiritualmente para falar da graça de Deus e da salvação
eterna com muita propriedade e singeleza, sempre e sempre pregando Jesus, o nosso
redentor. Ele começa falando de Jesus e termina falando de Jesus. Sempre Jesus.
Os dons espirituais que normalmente acompanham um evangelista ou missionário é
o dom de operar milagres e o dons de curar (I Co 12:28). Ou seja, a proclamação
do evangelho por um evangelista ou missionário vem acompanhado de milagres e
dons de curar, daí seu ministério ter a propensão de atrair multidões e prender
a atenção delas no poder sobrenatural do Espírito Santo, como ocorreu com
Filipe na Samaria.
Adentrando o exame das obras
de Filipe na Samaria pode se notar que após servir como diácono (greg. “diakonos”) em prol das pessoas
necessitadas que seguiam os apóstolos, Filipe foi ungido com o ministério de
evangelista ou missionário (Efésios 4:11), pois saiu pregando a Cristo com autoridade
para curar enfermos e expulsar demônios. Aparentemente sozinho, ele foi enviado
a semear a palavra de Deus aos moradores de uma região que adoravam ao Senhor,
mas também eram idólatras. O foco está na forma como ele expulsava os demônios
dos possessos. Ele não falava com os demônios, pelo contrário, eram os demônios
que saíam clamando em alta voz para não serem atormentados (Mateus 8:29), evidência
da presença do Espírito Santo – “Filhinhos,
sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o
que está no mundo.” (I João 4:4).
Filipe
expulsava demônios e curava doenças (Atos 8:7). O poder de expulsar demônios foi dado a todos os
homens santos com a chegada do reino de Deus neste mundo (Mateus 12:28). É dizer, expulsar
demônios não é um dom, mas um poder próprio de todo homem e mulher que se santificam
na vida cristã.
A última menção bíblica ao
evangelista Filipe é feita quando Paulo retorna de sua terceira viagem missionária
e passa em Cesareia – cidade portuária na terra de Israel, no Mar Mediterrâneo
- e o mesmo hospeda o apóstolo em sua casa, ocasião que se registra que Filipe
era pai de quatro filhas que profetizavam (Atos 21:8-9).
A unção da autoridade espiritual vem sobre os que obedecem
a Deus de todo coração, que sujeitam toda sua vida aos mandamentos do
evangelho, pois do contrário os demônios não obedecerão quando se invocar o
nome de Jesus para lhes expulsar, situação que os homens se igualam aos
demônios por causa da vida desobediente, ou seja, homens desobedientes são
semelhantes aos demônios no mundo espiritual. Pior ainda: o homem perde o
privilégio de sujeitar os demônios pelo do poder do sangue de Jesus Cristo – “Mas, não vos alegreis porque se vos
sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos
nos céus.” (Lucas 10:20).
Somos
instruídos que a palavra de Deus é vida para os que a acham e saúde para o
corpo (Provérbios 4:22). Por conseguinte, é impossível negar o poder de cura de doenças
e enfermidades por meio da fé, mesmo porque foram tantos os milagres feitos por
Jesus que não há como se pensar em cristianismo sem a existência de curas e
milagres do corpo físico. Depois da morte de Jesus, os apóstolos realizaram
muitas curas físicas com Pedro e João (Atos 3:6-7), Filipe, diácono (Atos 8:5-7),
Paulo (Atos 19:11-12) e todos os cristãos foram comissionados com o poder de
curar enfermos (Marcos 16:15-18).
Em verdade, o que vemos é um interesse direto de Deus não só com a alma e o espírito dos salvos, mas também com a saúde do corpo físico, atendendo a plenitude da dimensão humana configurada pelo espírito, alma e corpo (I Ts 5:23), fazendo isso mediante servos capacitados espiritualmente com dons para curá-los de todo mal, mesmo de enfermidades incuráveis pela Medicina, como é o caso dos que são ungidos com dom ministerial de evangelista ou missionário.
*© Texto bíblico: ACF – SBTB