Mensagem Bíblica

Obediência dos cristãos às autoridades constituídas

Obediência dos cristãos às autoridades constituídas

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 5 Minutos

Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.” (Romanos 13:1).

Sabidamente as leis bíblicas foram fonte de muitos códigos de leis de governos seculares, procedência que lhes confere caráter complementar das leis divinas, podendo se ver a influência da ética judaico-cristã presente na maioria dos regramentos modernos, posicionadas como pilares estruturantes, especialmente em relação aos princípios do respeito à família, da paz e da dignidade dos homens. A organização do Estado, o poder estatal, autoridades, tributos e julgamentos de magistrados são concepções divinas colocadas em práticas pelos primeiros reinos e nações, algumas delas essencialmente teocráticas como foi Israel. A paz social, a segurança dos direitos individuais e coletivos dependem da manutenção da ordem pública pelas autoridades constituídas. Quando o candidato do eleitor não vence a eleição ele fica chateado, mas se for cristão deve lembrar que é o Senhor que remove e estabelece reis e governos (Daniel 2:21) e também inclina o coração  deles conforme sua soberana vontade (Provérbios 21:1).

Todo cristão possui a obrigação de cumprir e obedecer às leis civis que regem a vida das pessoas, porquanto a própria organização dessas leis pelas nações foram estabelecidas e fundamentam-se na palavra de Deus (Romanos 13:1-7 e I Pd 2:13-14). Mas, quando houver um comando legal ordenando descumprir uma lei divina, há de prevalecer a vontade de Deus, o que se pode chamar de desobediência santa, pois o temor maior é sempre da palavra de Deus. Isso é um princípio desde a antiguidade: “Príncipes me perseguiram sem causa, mas o meu coração temeu a tua palavra.” (Sl 119:161).

Que o diga Hananias, Mizael e Azarias quando não se intimidaram diante da fornalha ardente (Daniel 3:12-18) e depois o rei Nabucodonosor reconheceu que bendito era o Deus desses três amigos do profeta Daniel, o qual os livrou de morrerem na fornalha depois que se recusaram obedecer o decreto real, preferindo entregarem seus corpos ao fogo ardente “para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu Deus.” (Dn 3:28). Pedro e os apóstolos recusaram-se a obedecer a ordem do sinédrio judaico para que não mais ensinassem o povo pelo nome de Jesus – “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.(Atos 5:29).

A palavra lembra que todas as autoridades e governos constituídos submetem-se ao poder divino, pois Deus ocupa o posto máximo da hierarquia do comando universal. O escalonamento hierárquico prioritariamente se presta para lembrar a detentores de poder que uma autoridade sempre tem outra que lhe é superior, principalmente para coibir injustiças: “Se vires em alguma província opressão do pobre, e violência do direito e da justiça, não te admires de tal procedimento; pois quem está altamente colocado tem superior que o vigia; e há mais altos do que eles.” (Eclesiastes 5:8).

A palavra do evangelho é pregada não para agradar a homens, mas para cumprir o propósito de Deus em proclamar ao mundo a salvação por meio da obra da cruz de Cristo, em busca da salvação das almas (I Ts 2:4). Porém, a palavra de Deus, desde a velha aliança, ensina aos justos e santos a orarem pelas autoridades constituídas visando manter a paz social entre os homens (Jeremias 29:7 e I Tm 2:1-2). Isso é apto a afastar as ações as hostes espirituais da maldade que comandam os espíritos da violência, do roubo, do vício ou prostituição, desgraçando coletivamente o convívio entre os homens.

No entanto, isso não se confunde em querer usar a palavra de Deus e do evangelho de Cristo para mudar governos, estruturas políticas e sociais do país, pois Jesus Cristo rejeitou fazer isso quando andou neste mundo. Certa feita os herodianos tentaram fazer Jesus se envolver no governo dos homens, porém sua resposta foi mostrar que há clara divisão entre o mundo espiritual e os governos seculares: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” (Mateus 22:21). Ele se recusou a interferir no governo que envolvia a nação de Israel, o povo escolhido de Deus.

Ora, Jesus ensinou aos judeus e a todos nós que ele não veio mudar o mundo, estabelecer ou remover reis e governos, mas transformar o coração do homem tirando o pecado de dentro do seu coração, pois só assim haverá verdadeira transformação e um mundo melhor para todos os homens. O conselho do Espírito de Deus aos cristãos é que o bom soldado de Cristo não se envolva com as coisas desta vida, a fim de agradar aquele que o alistou para a guerra espiritual que se trava todos os dias (II Tm 2:4).

*© Texto bíblico: ACF – SBTB