
A alma não ficará vagando
“Porque sabemos
que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer,
temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos
céus.” (II Co 5:1).
A menção ao tabernáculo não foi sem propósito,
vez que o tabernáculo ou templo móvel foi uma casa transitória e temporária que
abrigou a glória de Deus (arca da aliança) enquanto o povo de Israel
peregrinava no deserto em direção à terra prometida, tal como nosso corpo é
morada temporária do Espírito Santo de Deus antes de ser glorificado e
revestido de sua natureza celestial para entrar na eternidade (I Co 15:44,48 e
53).
Interessante observar que o verbo sabemos
(greg. “oida”) significa saber a
respeito de tudo, a respeito de qualquer fato, conhecer ou ter discernimento
sobre este mundo material e sobre as coisas invisíveis do presente e do futuro
que pertencem ao mundo espiritual (Strong). Somente os cristãos têm acesso a
este saber e discernimento, pois é privilégio do homem espiritual – “Mas o que é espiritual discerne bem tudo,
e ele de ninguém é discernido.” (I Co 2:15).
O termo “temos de Deus um edifício”, foi melhor traduzido como “temos da parte de Deus um edifício”
(ARA), claramente indica que essa morada dos santos nos céus foi feita por Deus.
O termo edifício (greg. “oikodome”)
tem o sentido de construção, edificação ou o ato do construtor edificar um
prédio. Quando Jesus se referiu à destruição do templo em Jerusalém usou “oikodome” (Mateus 24:1). Ou seja, o edifício
preparado por Deus – “Na
casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou
preparar-vos lugar.” (João 14:3) é uma habitação coletiva que
abrigará as almas do salvos até a volta de Cristo, momento que ocorrerá o
arrebatamento (os arrebatados já subirão com o corpo e a alma juntos) e a
primeira ressurreição, sendo que nesta última as almas dos salvos assumiram
seus corpos físicos, mas ressuscitados como corpos celestiais (I Co 15:44).
Portanto,
quando um santo morre sua alma é levada por anjos (Lucas 16:22) até os lugares
celestiais (Efésios 1:3), diferentemente dos que morrem sem Cristo e vão para o
inferno (Salmos 9:17, Provérbios 15:24). É um princípio bíblico que fere mortalmente a
doutrina do purgatório, da Igreja Católica e também a doutrina da reencarnação
pregada pelos espíritas. A crença no purgatório prega existir um estado
intermediário entre a morte física e o julgamento divino no qual a alma de quem
morreu poderá ainda pagar seus pecados por meio de castigos e orações dos que
estão vivos, a fim de ser purificada de seus pecados, pois nos céus não entra impuro
(Apocalipse 21:27).
Isso é
antibíblico por dois principais motivos. O primeiro, que seria possível alguém salvar-se
por obra humana – a oração de outras pessoas -, o que é rejeitado pela palavra
da verdade porque a salvação é pela graça, não por obra humana (Efésios 2:8-9). Em
segundo lugar, quem admite esse pensamento não aceita que a morte de Jesus na
cruz foi suficiente para nos expiar de todos os pecados, “o qual pelos nossos pecados foi entregue” (Romanos 4:25, I João 2:1-2),
por ser o único sacrifício aceito por Deus como expiação de pecados, tudo feito
em cumprimento do plano de salvação eterna elaborado por Deus na eternidade. As
palavras purgatório e reencarnação não existem na Bíblia, são criações
religiosas, portanto, ideias concebidas por homens ou ensinamentos extrabíblicos.
No que pertine
à reencarnação diz-se que a alma do morto assumirá novo corpo e voltará a viver
outra vida para se aperfeiçoar espiritualmente. Isso é maligno porque
simplesmente diz: “não preciso de Jesus
para me salvar nem de sua morte na cruz, pois morrerei e voltarei reencarnando
quantas vezes for necessário para alcançar a perfeição espiritual”. O ato
de morrer, reencarnar, morrer, reencarnar e assim repetidamente até à perfeição
espiritual contraria a regra que diz que ao homem é dado morrer somente uma vez,
vindo depois o juízo: “Assim
também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá
segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.” (Hb
9:27).
Em
terceiro, somos instruídos que o inferno e os céus não se
comunicam. Há um abismo entre os que morreram com Cristo e os ímpios depois da
morte física (Lucas 16:26). Esse princípio afasta peremptoriamente a ideia de
purgatório ou de hospital das almas pregados respectivamente pelo catolicismo e
pelos espíritas. Jesus representa na parábola do rico e do mendigo Lázaro o que
é a realidade no inferno com a expressão “ali haverá choro e ranger de dentes” (Lucas 13:28) para dizer que é um lugar de muita tristeza
(choro) e de grandes dores (ranger de dentes).
Creiamos,
esta é a palavra da verdade, a qual pode incomodar e até ferir, contudo é o
único remédio disponível em todo universo para curar a alma de todo e qualquer
homem que queira a salvação eterna – têm alguns que não quer a salvação
prometida por Deus: “porque a fé não é de
todos” (II Ts 3:2).
Nenhuma
alma ficará vagando depois da morte, tanto a alma do ímpio quanto a do salvo já
tem seu lugar preparado. É preciso ter fé em Cristo para não cair no engano de
que existe uma segunda chance para a salvação depois da morte: É mentira do
diabo. Tudo que o evangelho do reino de Deus ensina é a mais pura e absoluta
verdade e continuará acontecendo como ele diz, vez que a palavra nunca falhará,
não dirá menos e nem dirá mais do que esteja conforme a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus para nossa salvação.