Mensagem Bíblica

Nem tudo que o filho pedir deve ser atendido

Nem tudo que o filho pedir deve ser atendido

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 5 Minutos

E disse: Um certo homem tinha dois filhos; E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.” (Lucas 15:11-12).

O pai do filho pródigo errou dando sua parte na herança quando lhe foi pedida, pois o costume era o pai dividir a herança ainda em vida, porém o momento em que ocorria a partilha ficava no controle do pai e normalmente era feito próximo de sua morte. O filho pediu a herança porque o que queria fazer e viver não seria tolerado pelo pai, devido às regras e mandamentos que regiam a família. Toda casa precisa ter autoridade, do contrário as mazelas do mundo entram porta adentro. Nenhum pai deve impedir um filho adulto de fazer ou ir aonde quer, contudo se sair de casa perde o apoio incondicional que sempre recebeu em casa. As bênçãos da casa do pai não o acompanham.

O desejo que tirou o filho pródigo da presença do pai, hoje está dentro do coração de muitos jovens, contudo sem condições financeiras para se aventurarem, não saem de casa porque em nenhum outro lugar encontrarão tudo disponível como em sua família. Mas, isso serve para lembrá-los que não há liberdade sem independência econômica pessoal, pois a liberdade tem custo e exige responsabilidade.

A figura do pai nesta parábola de Jesus representa Deus, mas ele jamais forçou alguém a ficar na sua presença para ser salvo – Jesus chorou às portas de Jerusalém, mas não forçou ninguém a se converter de seus maus caminhos (Lucas 19:41) – e mesmo não sendo usual um filho pedir sua parte na herança, o pai atendeu o filho mais novo, devido seu amor pelo filho. Na velha aliança Deus nunca obrigou a Israel a adorá-lo, mesmo quando o abandonaram para adorar deuses falsos: “Mas o meu povo não quis ouvir a minha voz, e Israel não me quis. Portanto eu os entreguei aos desejos dos seus corações, e andaram nos seus próprios conselhos.” (Salmos 81:11-12).

Por detrás da questão do pedido da herança há uma questão interessante para todos os pais. Por que o filho mais novo quis sair de casa? A resposta desta pergunta está diretamente ligada com o engano do seu coração – Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? (Jeremias 17:9). O destino da sua viagem e o que fez o filho mais novo indicam que o mesmo queria fazer algo que não podia feito próximo ou na casa do pai, por isso foi para “uma terra distante”. Seu coração estava cheio de desejos carnais e mundanos que apenas podiam ser experimentados longe dos limites e das regras da casa do pai. Ele dissipou todos os bens vivendo dissolutamente, que quer dizer de modo devasso e depravado porque não tinha maturidade espiritual, olvidando que o homem que ama a sabedoria alegra seu pai e “o companheiro de prostitutas desperdiça os bens” (Provérbios 29:3).

A igreja é o melhor lugar do mundo para se preservar uma alma, contudo muitas almas têm deixado a casa do Senhor atraídas pelos desejos carnais, pelas iscas e ciladas do diabo. Rapidamente muitos percebem o engano que lhes empurrou para a miséria espiritual – e geralmente também a miséria material os segue como uma maldição -, mas feridos e diminuídos na dignidade humana não encontram forças para voltar e afundam-se mais e mais no pecado. Só alguns acham o caminho e retornam para novamente vestirem-se com a melhor roupa (o Espírito Santo), receber um anel no dedo (aliança com Deus), sandálias nos pés (preparação no evangelho) e a casa toda (a igreja) celebra sua volta numa alegre festa (Lucas 15:22).

As perdas e misérias desfigurou esse filho, como se fosse outra pessoa aos olhos de quem o conhecera antes, tudo pelo simples ato de dar vazão aos pecados carnais e mundanos da velha natureza, porquanto não só perdeu bens, mas também a dignidade de ser filho do Pai. Enquanto esteve no mundo vivia humilhado e com a vida. O pecado nunca acrescenta ou exalta, apenas diminui e humilha os que lhe são cativos. O principal efeito do pecado é cegar o entendimento dos pecadores, impedindo-lhes de enxergar as coisas como elas realmente são, especialmente as coisas espirituais. A maioria deles não conseguem ver a cegueira em suas vidas (II Co 4:4) e precisam ser libertados e curados pelo Senhor Jesus, por ser aquele que dá vista aos cegos e liberta os encarcerados (Lucas 4:19).

Sem libertação os pecadores não enxergam a dignidade de ser filhos de Deus e vivem oprimidos quando poderiam estar vivendo na abundância e na alegria da casa do Pai (Isaías 1:19).

O filho pródigo foi embora de casa e voltou quando quis. Por que o Pai não foi buscar o filho no mundo? A volta para casa do Senhor deve ser espontânea, voluntária e de coração, pois exige confissão (“pequei contra o céu e perante ti”) e nova aliança (“um anel no dedo”) e compromisso perante a igreja (festa/batismo), pois, o que agrada a Deus é um coração contrito e quebrantado por meio da fé em Cristo.

Filho ou Filha, voltem que o Pai está te aguardando de braços abertos!

*© Texto bíblico: ACF – SBTB