Mensagem Bíblica

A consciência limpa dá autoridade espiritual

A consciência limpa dá autoridade espiritual

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 7 Minutos

E por isso procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens.” (Atos 24:16).

Quando o apóstolo Paulo declara “procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens” ele apresentava sua defesa, como prisioneiro em Cesareia, diante do governador romano Félix, depois de sido preso para se livrar de uma trama dos judeus para o matar em Jerusalém. Ele afirma sua retidão como servo de Deus e também vida irrepreensível diante dos homens, pois o Espírito Santo o havia santificado e fechado todas as brechas espirituais. Era um homem íntegro e santo. Porém, isso não o livrou das falsas acusações dos judeus nem da vontade que os mesmos tinham de vê-lo morto simplesmente por pregar a doutrina de Cristo.

Como templo do Espírito Santo temos que ter uma consciência limpa e pura diante de Deus como fez o apóstolo, o que resulta de andarmos nos caminhos do Senhor e de lhe confessarmos nossos pecados praticamente todos os dias, sem omitir ou esconder nenhum deles. Não podemos orar com intrepidez, expulsar espíritos imundos, impor as mãos sobre enfermos se o coração acusar-nos, pois isso mina nossa confiança total em Deus. Sem a consciência limpa não há entrega plena, o que bloqueia o agir do poder e da justiça divina.

Ter uma consciência “sem ofensa” (greg. “aproskopos”) significa viver sem escândalo, sem mancha, sem culpa, o que nada tem para fazer tropeçar ou causar tropeço, aquele que não conduz outros ao pecado pelo modo de vida que leva, sem ofensa ou não perturbado por uma consciência de pecado (Atos 24:16, I Co 10:32 e Filipenses 1:10).

A nossa consciência precisa ser iluminada pela palavra de Deus para receber entendimento e discernimento acerca da justiça e da verdade. Paulo errou várias vezes antes da sua conversão – ele próprio confessou que perseguiu, castigou e matou cristãos pensando estar agradando a Deus (Atos 26:9-10) – porque tinha consciência endurecida pelo falso zelo da religiosidade judaica. Vejam o que ele disse sobre o erro de sua consciência: “Bem tinha eu imaginado que contra o nome de Jesus Nazareno devia eu praticar muitos atos;” (vs. 9). De fato, ele pecou na ignorância e por isso Deus o perdoou completamente.

O mesmo apóstolo Paulo diz que “o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida.” (I Tm 1:5). No termo “uma boa consciência”, o adjetivo “boa” refere-se à consciência dos que têm conduta obediente e ética diante da vontade e da palavra de Deus, cujo resultado é uma fé não fingida. Não significa alguém totalmente reto, que nunca pecou ou sem pecado, mas é alguém que se esforça para não errar a fim de não perder a comunhão com Deus. Pecar para esse tipo de pessoa é um acidente, não um desejo, em quem há confissão e abandono de pecados imediatamente (I João 1:9). Paulo também usou o termo “consciência pura” (II Tm 1:3) referindo-se aos crentes que foram criados e educados por seus pais para andarem conforme o ensinamento das Escrituras, pois é a palavra divina que purifica o coração das crianças e adolescentes dando-lhes integridade e retidão na vida adulta.

A consciência pura é algo precioso em qualquer pessoa, mas principalmente naqueles que professam Jesus Cristo como Senhor e Salvador. De outra parte, é triste e ao mesmo embaraçoso ver principalmente homens e mulheres frequentadores de igreja que se declaram intimidados e despreparados para lidar com opressão e possessão demoníacas, como se para isso não bastasse ser santo e ter vida íntegra, mas exigisse curso ou seminário com capacitação especial. As seitas cristãs são as denominações que mais renunciam a batalha espiritual contra hostes demoníacas por falta de revestimento espiritual, normalmente porque suas doutrinas heréticas são brechas por onde vazam a unção do Espírito Santo que as prepararia para vencer todo poder das trevas.

Quando há manifestação de demônios as pessoas normalmente ficam assustadas, até mesmo membros de igreja e batizados. Alguns simplesmente dizem abertamente não ter condições e nem forças espirituais para enfrentá-los, obviamente com medo de ser ofendidos, agredidos e até mesmo ferido por aquele que está endemoninhado, como sucedeu com os filhos de Cefas, os quais, vendo Paulo curar enfermos e expulsar espíritos malignos, também se auto titularam exorcistas invocando o nome de Jesus, mas o espírito maligno não vendo neles a santidade dos que sinceramente servem a Cristo os feriram, deixando-os nus e assim tiveram que fugir da casa onde se meteram a enfrentar um demônio (Atos 19:13-16).

Nessa hora de nada vale ser diplomado ou possuir cursos de Teologia porque os poderes das trevas obedecem apenas ao poder de Deus que opera em quem se mantém fiel e santo à vontade de Jesus Cristo. É a invocação do nome de Jesus com autoridade santa que os demônios obedecem porque homens santos não fogem, mas “são ousados como um leão” (Provérbios 28:1). O Leão de Judá tem discípulos intrépidos e destemidos.

O Senhor Jesus, depois de sua morte na cruz do calvário, entrou no santuário celestial e apresentou o próprio sangue como oferta pelo pecado, conforme exigia o plano de salvação concebido desde a eternidade. Foi nessa ocasião que Cristo pagou a dívida de todo pecado da humanidade, riscando a cédula da dívida que era contra nós (Colossenses 2:14).porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus;” (Hebreus 9:24). Nesse instante ele venceu a morte, o pecado e Satanás, bem como confirmou a ressurreição de todos os santos que morrerem na esperança da vida aos que creem em seu nome. E, nele fazemos proezas, porque nos delegou esse poder sobrenatural no mundo espiritual (Marcos 16:17-18).

Aqui está a grandeza espiritual do sacrifício no calvário, pois enquanto na velha aliança o sangue dos animais era oferecido pelo ofertante diante do altar de bronze do tabernáculo ou do templo em Jerusalém, o sangue de Cristo foi ofertado por ele próprio no santuário celestial para a expiação dos pecados de todos os homens. A única confissão religiosa que limpa o coração e a consciência da culpa do pecado imediatamente é o cristianismo, as demais comumente dizem que o sentimento de culpa do pecado será expiado após a morte, o que evidentemente não tem amparo bíblico porque a palavra diz que “aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9:27).

Que a graça do Senhor fortaleça cada coração a permanecer crescendo na fé e no temor a Deus, com pureza de coração e de consciência, tendo vida reta diante dos homens e de Deus, a fim de que sejamos de dignos de subir no seu santo monte e desfrutarmos da sua presença e glória. Amém.

*© Texto bíblico: ACF – SBTB