Mensagem Bíblica

Os limites da liberdade cristã

Os limites da liberdade cristã

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 5 Minutos

Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.” (I Co 6:12).

A questão nunca foi estar encarcerado, preso por ferrolhos e correntes, pois os mesmos podem ser abertos ou quebrados e os prisioneiros ganharem a liberdade que sempre desfrutaram. Pelo contrário, o correto na vida espiritual é não se colocar em situação que provoca a perda da liberdade. Jesus alertou que libertar uma pessoa sem que ela assuma a responsabilidade de permanecer livre é muito perigoso para ela mesma, pois eventual segunda libertação será mais difícil (Lucas 11:24-26).

Hoje muitos crentes são libertados do pecado, batizados e incluídos no corpo de Cristo, porém não conseguem viver no estado da graça divina, na alegria do Espírito e da paz na alma, porquanto retornam à vida de pecados e de prisioneiro espiritual. Isso ocorre principalmente com aqueles que, depois de libertados do jugo do pecado, não buscam edificação nem crescimento, o que é favorecer às inclinações da carne contra a obra de santificação do Espírito Santo.

Vejam como a palavra diz isso: “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.” (Gl 5:1). Qualquer pessoa para estar firme na fé tem que estar buscando se fortalecer no Senhor (Efésios 6:10), pois ele é a nossa rocha e fortaleza, dele vem todo poder por meio da graça de Deus. Em seguida, no mesmo capítulo, é dito: Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.” (Gálatas 5:13).

A parte final do texto diz “servi-vos uns aos outros pelo amor”, porém quem não se edifica não conhece a Deus e, por óbvio desconhece o amor, porque Deus é amor (I João 4:8). Quem está no mundo ou vem do mundo para a igreja e não se fortalece na fé nem possui conhecimento de Deus não sabe do verdadeiro amor – o amor “ágape”, que é o amor de Deus. Ninguém nasce com ele, é ensinado na igreja pela palavra de Deus (João 14:21). Os sentimentos guardados no coração dos que não conhecem o amor de Deus foram moldados pelo amor que  conheceram no mundo (amor “eros” e  amor fraternal), o que é insuficiente para se estabelecer na vida cristã, para ter uma vida abençoada.

A liberdade cristã tem limites: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.” (I 6:12). Um homem ou uma mulher somente não se deixará dominar pelo que é ilícito ou por algo lícito (I Co 10:23), se entender pela nova vida em Cristo existir coisas proibidas e inconvenientes à condição de discípulo do Senhor, o que se absorve quando há temor no coração e o temor vem por meio da palavra de Deus, daí que sem meditação permanente na palavra de Deus a liberdade espiritual é perdida. E junto com a liberdade vão todos os benefícios da vida cristã, ainda que o encarcerado permaneça frequentando igrejas.

Paulo diz que se o homem interior estiver fortalecido pelo poder do Espírito está atendida a condição “para que Cristo habite pela fé nos vossos corações” (Efésios 3:17). Ou seja, é necessário estar sob o domínio do Espírito para se ter liberdade saudável e livre dos desejos da carne. Como dito, Cristo é o Espírito e o mesmo está onde há almas que foram libertadas da escravidão das trevas, ainda que seja apenas uma em meio a tantas outras almas encarceradas ele estará ali para honrar sua condição de redentor e filho de Deus.

Porém, não é fácil viver livre das paixões e concupiscências da carne, chegando mesmo parecer ser mais vantajoso viver na escravidão do que em liberdade. O povo de Israel foi libertado da escravidão para ser levado à terra que manava leite e mel, contudo ainda no deserto ele quis várias vezes retornar ao Egito para viver como escravo novamente (Êxodo 16:3 e Números 11:4-5 e 14:3). Às vezes parece que viver como escravo é mais fácil do que pegar as rédeas da vida e viver em liberdade, não porque ser livre seja ruim, mas por causa do ônus que ela traz consigo. Na esfera espiritual este dilema é mais grave, vez que não havendo campo neutro no mundo espiritual a liberdade de escolha insere o homem na condição de servo do pecado ou de servo de Deus (Rm 6:20-22).

Mas, devemos nos exultar em Cristo, pois o evangelho diz: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (João 8:36). Oh, glória!

*© Texto bíblico: ACF – SBTB