Cisternas rotas
“Porque o meu
povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas
vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.”
(Jeremias 2:13).
Não há ninguém que rivaliza ou pode oferecer o que Deus
concede aos homens que lhe obedecem. Ele tem todo poder e autoridade, é o Criador
de tudo e de todos, além de que só ele pode dar a eternidade à alma humana.
Logo, é loucura afastar de Deus após tê-lo conhecido e participado dos
benefícios que tem seu povo. A primeira coisa que acontece com quem o abandona
é ser atacado pela calamidade (hebr. “ra”), que outra coisa não é se não o agir
das forças malignas, procedentes do mal natural ou moral, que acham portas
abertas para atormentarem e destruírem os que não têm Deus ao seu lado.
Os que resistem à palavra de Deus, os rebeldes e os
blasfemadores vivem sob permanente perigo de destruição porque estão expostos
às calamidades: “Ai deles, porque fugiram
de mim; destruição sobre eles, porque se rebelaram contra mim; eu os remi, mas
disseram mentiras contra mim.” (Oséias 7:13). O estado de calamidade (hebr.
“ra”) consiste em estar suscetível ao poder do mal por falta de proteção
divina. É uma condição de adversidade e desamparo espiritual que causa embaraço
em todas as áreas da vida, vez que as forças malignas encontram abertas as
portas de entrada para atormentarem e destruírem impiedosamente os que não têm proteção
divina.
As cisternas em região áridas e secas como a terra de
Israel eram escavadas em rochas para acumularem água das chuvas, a qual era de
fundamental importância para as pessoas, animais e plantações. Então, quando
chovia era grande a expectativa que as cisternas se encheriam e a casa estaria
abastecida de água por muitos dias. Mas, imagina a frustração das pessoas ao
abrirem as cisternas e não encontrarem água porque vazou devido a rachaduras em
suas paredes. Era um desespero, ficando suas vidas, a dos animais e das plantas
correndo o risco de perecerem por falta de água.
Quando o Senhor se autodenomina “manancial de águas vivas” ele relembra a todos nós que se quisermos
viver bem e frutificar precisamos estar com ele, pois só ele pode matar a sede
da nossa alma. Jesus repetiu essa afirmação quando visitava Jerusalém numa
festa dos Tabernáculos (ou festa das Cabanas ou da Colheita) dizendo: “Se alguém tem
sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água
viva correrão do seu ventre.”(João 7:37-38). Fica claro que Jesus é o
manancial ou a fonte de águas vivas, aquele que nos dá vida e faz nos prosperar
como uma árvore plantada junto ao ribeiro de água, condição que demonstra ser o
crente bem-aventurado (Salmos 1:3).
Judas mesmo andando com Jesus
tinha brecha espiritual: ele era um ladrão, pois furtava da bolsa o dinheiro
que ofertavam ao ministério de Jesus quando ele andou na terra de Israel (Jo
12:6). Esta foi a legalidade que Satanás encontrou para entrar na vida desse
apóstolo e fazê-lo trair Jesus (João 13:27). Se houver apenas uma brecha é o
suficiente para o inimigo entrar com sua destruição – Adão cometeu só um pecado
e foi lançado fora do jardim do Éden (Gênesis 3:6). Depois que fizeram uma
brecha no muro de Jerusalém o exército da Babilônia entrou, destruiu, queimou e
levou todos os moradores de Judá como escravos para o exílio (Jeremias 39:2-9). Precisamos
fechar toda brecha espiritual para não darmos chances ao mal, o que se faz
buscando cumprir cada vez mais a vontade de Deus, pois é desta maneira que se
aperfeiçoa a santificação pessoal por meio do Espírito Santo.
Por
fim, depois que o profeta Jeremias ensinou enfaticamente que deixar o Senhor é viver
uma vida miserável e sedenta como quem ajunta água numa cisterna rota ou
rachada, pois o Senhor é a fonte de águas vivas, ele também disse que a
consequência de viver sem Deus é ter uma vida frágil, de humilhação, sujeita
aos riscos de perecer abruptamente e de perder a vida eterna: “Ó Senhor, Esperança de Israel! Todos
aqueles que te deixam serão envergonhados; o nome dos que se apartam de mim
será escrito no chão; porque abandonam o Senhor, a fonte das águas vivas.” (Jr
17:13 – ARA).
Dizer
que o “nome dos que se apartam de mim
será escrito no chão” representa essa fragilidade da vida dos ímpios diante
das calamidades, simbologia de vida temporária ou vida breve, próprio de algo que se apaga com um simples vento como a
chama de uma lâmpada ou vela (Pv 13, 9, 24:20), diferentemente dos salvos cujos
nomes estão escritos no livro da vida e viverão eternamente (Malaquias 3:16 e Apocalipse 3:5,
20;12,15, 21:27, 22:19).