Estudo Bíblico

Cisternas rotas

  • Éder de Souza
  • Tempo de Leitura 3 Minutos

Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” (Jeremias 2:13).

Não há ninguém que rivaliza ou pode oferecer o que Deus concede aos homens que lhe obedecem. Ele tem todo poder e autoridade, é o Criador de tudo e de todos, além de que só ele pode dar a eternidade à alma humana. Logo, é loucura afastar de Deus após tê-lo conhecido e participado dos benefícios que tem seu povo. A primeira coisa que acontece com quem o abandona é ser atacado pela calamidade (hebr. “ra”), que outra coisa não é se não o agir das forças malignas, procedentes do mal natural ou moral, que acham portas abertas para atormentarem e destruírem os que não têm Deus ao seu lado.

Os que resistem à palavra de Deus, os rebeldes e os blasfemadores vivem sob permanente perigo de destruição porque estão expostos às calamidades: “Ai deles, porque fugiram de mim; destruição sobre eles, porque se rebelaram contra mim; eu os remi, mas disseram mentiras contra mim.” (Oséias 7:13). O estado de calamidade (hebr. “ra”) consiste em estar suscetível ao poder do mal por falta de proteção divina. É uma condição de adversidade e desamparo espiritual que causa embaraço em todas as áreas da vida, vez que as forças malignas encontram abertas as portas de entrada para atormentarem e destruírem impiedosamente os que não têm proteção divina.

As cisternas em região áridas e secas como a terra de Israel eram escavadas em rochas para acumularem água das chuvas, a qual era de fundamental importância para as pessoas, animais e plantações. Então, quando chovia era grande a expectativa que as cisternas se encheriam e a casa estaria abastecida de água por muitos dias. Mas, imagina a frustração das pessoas ao abrirem as cisternas e não encontrarem água porque vazou devido a rachaduras em suas paredes. Era um desespero, ficando suas vidas, a dos animais e das plantas correndo o risco de perecerem por falta de água.

Irmãos, há muitas vidas que quando se verem diante da aflição, da miséria ou da enfermidade ficarão sob o mesmo risco de morte dos que cavaram cisternas rotas ou rachadas por não terem retido a palavra de Deus em seus corações. O coração é a cisterna onde o homem deve guardar a preciosa palavra de Deus para dali retirar conselho, força, direção e proteção contra toda adversidade. O pecado é a rachadura ou brecha que impede a palavra de Deus de ser guardada no coração, condição imprescindível para que sejamos santificados, consolados e abençoados pelas fontes divinas. Quem deixa o manancial de água viva para cavar cisternas rotas – que é viver o mundanismo - são as pessoas que não guardaram a palavra da verdade com temor e obediência. Apenas ouviram sem o compromisso de cumpri-la fielmente, estando com as almas secas porque não receberam da água do Espírito em suas vidas.

Quando o Senhor se autodenomina “manancial de águas vivas” ele relembra a todos nós que se quisermos viver bem e frutificar precisamos estar com ele, pois só ele pode matar a sede da nossa alma. Jesus repetiu essa afirmação quando visitava Jerusalém numa festa dos Tabernáculos (ou festa das Cabanas ou da Colheita) dizendo: “Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.”(João 7:37-38). Fica claro que Jesus é o manancial ou a fonte de águas vivas, aquele que nos dá vida e faz nos prosperar como uma árvore plantada junto ao ribeiro de água, condição que demonstra ser o crente bem-aventurado (Salmos 1:3).

Judas mesmo andando com Jesus tinha brecha espiritual: ele era um ladrão, pois furtava da bolsa o dinheiro que ofertavam ao ministério de Jesus quando ele andou na terra de Israel (Jo 12:6). Esta foi a legalidade que Satanás encontrou para entrar na vida desse apóstolo e fazê-lo trair Jesus (João 13:27). Se houver apenas uma brecha é o suficiente para o inimigo entrar com sua destruição – Adão cometeu só um pecado e foi lançado fora do jardim do Éden (Gênesis 3:6). Depois que fizeram uma brecha no muro de Jerusalém o exército da Babilônia entrou, destruiu, queimou e levou todos os moradores de Judá como escravos para o exílio (Jeremias 39:2-9). Precisamos fechar toda brecha espiritual para não darmos chances ao mal, o que se faz buscando cumprir cada vez mais a vontade de Deus, pois é desta maneira que se aperfeiçoa a santificação pessoal por meio do Espírito Santo.

Por fim, depois que o profeta Jeremias ensinou enfaticamente que deixar o Senhor é viver uma vida miserável e sedenta como quem ajunta água numa cisterna rota ou rachada, pois o Senhor é a fonte de águas vivas, ele também disse que a consequência de viver sem Deus é ter uma vida frágil, de humilhação, sujeita aos riscos de perecer abruptamente e de perder a vida eterna: “Ó Senhor, Esperança de Israel! Todos aqueles que te deixam serão envergonhados; o nome dos que se apartam de mim será escrito no chão; porque abandonam o Senhor, a fonte das águas vivas.” (Jr 17:13 – ARA).

Dizer que o “nome dos que se apartam de mim será escrito no chão” representa essa fragilidade da vida dos ímpios diante das calamidades, simbologia de vida temporária ou vida breve, próprio de algo que se apaga com um simples vento como a chama de uma lâmpada ou vela (Pv 13, 9, 24:20), diferentemente dos salvos cujos nomes estão escritos no livro da vida e viverão eternamente (Malaquias 3:16 e Apocalipse 3:5, 20;12,15, 21:27, 22:19).

Celebremos Igreja do Senhor! Cristo é o manancial de águas vivas para toda alma, nele há refrigério, descanso e quem não o conhece também não conhece a felicidade. A alegria do mundo é falsa e só os salvos têm a verdadeira alegria, a qual é um fruto do Espírito (Gálatas 5:22), pois sem fé ninguém conseguirá tirar água das fontes da salvação, onde está a verdadeira alegria (Sl 12, Isaías 12:3) nem experimentar o que é alegrar-se no espírito todos os dias deste peregrinação que estamos fazendo neste mundo.