Se não te falaram, eu te digo: Tu és mordomo
O cristão não deve
ficar preso às paixões e interesses desta vida temporária, sob pena de
negligenciar a promessa da vida eterna, a vida verdadeira, pela qual teremos
nos céus uma possessão melhor e permanente (Hebreus 10:34). Logo, somos servos administrando as coisas que pertencem a
Deus. Interessante observar que a mordomia cristã não inclui somente bens
materiais, mas toda a família e ainda os dons espirituais (I Pd 4:10), sobre os
quais haveremos de prestar conta ao Senhor, conforme ensinou Jesus nas parábolas
que contou a seus discípulos, realçando os deveres da mordomia (Lucas 12:42-48). No capítulo 4 da
Primeira Carta aos coríntios, levada a essa igreja por Timóteo (I Co 4:17, 16:10), o apóstolo Paulo ocupa-se em instruir os cristãos quanto a maneira
correta dos servos escolhidos exercerem a mordomia cristã na igreja local,
enfatizando que a fidelidade da prática bíblica é a principal qualidade dos que
se dedicam à obra do Senhor (I Co 4:2). Que Cristo revista-nos do necessário
espírito voluntário para executarmos as obras que glorificam o nome de Deus,
bem como que sejamos instruídos pela palavra e pelo Espírito Santo para toda
boa obra.
“E disse o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a
quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração? Bem-aventurado
aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Em
verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá.” (Lucas 12:42-44).
Os cristãos serão premiados com recompensas no
reinado milenar de Cristo pelas obras que fizeram neste mundo em prol da glória
de Deus. Isso está revelado na parábola dos talentos (Mateus 25:14-30) e na
parábola das minas (Lucas 19:12-27). Nessas duas parábolas a questão de fundo
envolve a mordomia cristã, a qual é o encargo que os cristãos têm de
administrar pessoas, bens materiais ou espirituais recebidos da parte de Deus,
avultando a bondade e a benignidade do Senhor com aqueles que fazem suas obras,
“porque
Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que
para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis.” (Hebreus 6:10).
O primeiro grande compromisso dos mordomos
cristãos é na família, com os entes queridos e amigos – local do primeiro
testemunho fiel da vida de todo convertido (Lucas 8:38-39) -, e a partir daí todos
os demais compromissos decorrentes da fé em Cristo, como os cuidados com os
irmãos da igreja igual aquele que o senhor confiou o sustento dos demais
conservos ao servo bom (Mateus 24:45-51), e a assistência aos necessitados,
suprindo-os com bens materiais ou espirituais. Os dons ministeriais ou
espirituais também fazem parte da mordomia cristã (I Pd 4:10), pois devem ser
exercidos fielmente e com zelo.
A regra principal da mordomia cristã é a
fidelidade, pois quer sejam bens materiais ou espirituais, o Senhor espera que
cada homem ou mulher desempenhe fielmente o compromisso assumido com a palavra
do reino de Deus, pois nas vezes que falou da mordomia cristã Jesus colocava em
destaque positivo a conduta do “servo fiel” (Mateus 24:45:21, 23, Lc
16:10, 19:17). O apóstolo chama os ministros da palavra de despenseiros,
dizendo que “requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel.” (I Co 4:2).
Portanto, fica claro que toda vez que recebemos
uma responsabilidade ou encargo com base na palavra de Deus estamos diante da
mordomia cristã, compromisso de fé que associa responsabilidade (vinda da parte
por Deus) com a fidelidade (da parte dos servos) na execução ou administração
de bênçãos materiais ou espirituais no meio da igreja do Senhor, conforme o
propósito daquilo que lhe foi confiado.
A fidelidade da mordomia será parte do
julgamento dos galardões (Provérbios 11:18, Colossenses 3:23-24, Apocalipse 22:12). Estar nos céus já
será um prêmio incomparável, agora imaginam estar lá recebendo dádivas ou
honras celestiais. É isso que irá acontecer com a Igreja, pois a fidelidade da
mordomia cristã será reconhecida e recompensada aos que forem salvos pela fé
obediente do evangelho de Jesus Cristo. Galardão é exclusivo do servo fiel “porque o homem maligno não terá galardão, e a lâmpada dos
ímpios se apagará.” (Provérbios 24:20). Louvado seja o nome do Senhor para
sempre!